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Com monte de terra e entulhos, Bolívia segue com fronteira fechada pelo sexto dia

Leonardo Cabral em 28 de Outubro de 2019

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Manifestantes agora reforçaram bloqueio com terra na fronteira com Corumbá

A fronteira entre Corumbá e Bolívia permanece fechada e entrou nesta segunda-feira (28)  no sexto dia de protesto realizado por lideranças políticas da província German Busch, contrárias ao presidente Evo Morales, reeleito no dia 20 de outubro. Por suspeita de fraude na apuração dos votos, os manifestantes querem a realização de um segundo turno nas eleições presidenciais.

Antes, o tráfego de veículos era impedido por um caminhão atravessado na faixa que separa os dois países, mas nesta manhã, dois caminhões despejaram montes de terra e entulhos na pista. Havia até um guindaste erguendo a bandeira boliviana no local, para impedir a circulação de carros. Em todo o território boliviano são registradas manifestações contrárias a Morales, algumas com enfrentamento.

Além da fronteira fechada, no Terminal Rodoviário de Puerto Quijarro, as saídas e chegadas de ônibus estão suspensas desde quarta-feira, porque não há como seguir com vários trechos de estradas bloqueadas até Santa Cruz de la Sierra.

De acordo com o presidente do Comitê Cívico de Quijarro, Marcelito Moreira, o protesto continua até que haja uma resposta para a situação política pelo qual a Bolívia está passando e adiantou que somente em caso de emergência, o veículo pode passar pelo bloqueio. “Sobre os alimentos, conversamos com as associações de mercados municipais da nossa região para informar que eles podem ir até Corumbá para adquirir alguns produtos que estejam faltando, para que não haja um desabastecimento nesses comércios, como verduras, carnes, frangos e até mesmo água. Encaramos como lamentável toda essa situação, mas necessária, pois estamos defendendo a nossa democracia e vamos permanecer lutando”, disse Marcelito ao Diário Corumbaense.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Um guindaste (ao fundo) foi posicionado com bandeira boliviana no faixa fronteiriça

Ele ainda revelou que um encontro nacional deve acontecer hoje em La Paz com as lideranças políticas contrárias a Evo Morales, onde então, devem surgir novas determinações.

Do Rio de Janeiro, Glória Mendes, que estava acompanhada de um grupo de turistas, atravessou a fronteira a pé. Ela resolveu ir até as lojas bolivianas que ficam abertas até 12h, conforme determinaram as lideranças da greve nessa região. “É triste ver uma situação dessas na Bolívia. Sempre venho aqui fazer compras, mas apesar de tudo, entendo o povo e espero de fato, que eles possam conseguir o objetivo deles”, disse Glória.

Se o medo do outro lado da fronteira é a escassez de alimentos, já que os caminhões responsáveis pelo transporte desses produtos não podem cruzar a estrada Bioceânica, devido a pontos de bloqueios nas cidades que ficam às margens da via, do lado de Corumbá, também há uma preocupação direta no comércio da região central.

É que os bolivianos, nos últimos meses, são responsáveis pelas vendas nas lojas de Corumbá, principalmente nos setores de vestuários, eletrodomésticos e de gêneros alimentícios.

“Ainda em números não é possível mensurar, mas em supermercados e nas lojas é visível o decréscimo de bolivianos, que estavam sendo a principal clientela. Com a situação, os prejuízos são sentidos nos dois lados. A maior expectativa disso tudo é haja uma solução rápida”, falou Otávio Philbois, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Corumbá.

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