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Com fronteira fechada, prejuízos no comércio de Corumbá já chegam a quase R$ 5 milhões

Leonardo Cabral em 08 de Novembro de 2019

Anderson Gallo/ Diário Corumbaense

Nas lojas do centro comercial, a queda nas vendas chega a 40%

O impasse político na Bolívia está afetando não só a economia daquele país, mas também o comércio de Corumbá, que faz fronteira com as cidades de Arroyo Concepción, Puerto Quijarro e Puerto Suárez. O município pantaneiro ainda recebe bolivianos de cidades mais distantes, como Santa Cruz de La Sierra, pela rodovia Bioceânica.

Em tempos de crise econômica, são os estrangeiros que ajudam a movimentar as vendas dos lojistas corumbaenses, mas com a fronteira fechada há 17 dias, o prejuízo só aumenta.

Conforme a Associação Comercial e Industrial de Corumbá (ACIC), o comércio tem deixado de faturar R$ 300 mil por dia, principalmente nos setores de vestuário, calçados e alimentos. Essas quedas são sentidas diretamente nas lojas da região central da cidade. A empresária Elizabeth Bento da Silva, proprietária de uma loja de calçados, localizada na rua Treze de Junho afirmou ao Diário Corumbaense que as vendas no atacado e varejo caíram 40%.

“Só não caíram mais porque alguns bolivianos que vivem na fronteira podem cruzar a pé e vêm comprar. Mas além desse público, eu atendo também excursões que chegam de ônibus aqui em nossa cidade, que saem da Bolívia, e compram por atacado. Realmente sentimos muito a queda no movimento”, falou a empresária Elizabeth Bento.

O presidente da ACIC, Lourival Vieira Costa, informou que os prejuízos do lado brasileiro já chegam a quase R$ 5 milhões. “Fora o comércio, outro setor que também está parado é o das  transportadoras. São mais de 40 aqui em Corumbá. São motoristas, funcionários e os próprios caminhoneiros que ficam parados devido a essa situação do lado boliviano”, disse Lourival.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Vestuário, calçados e alimentos estão entre os principais produtos comprados pelos bolivianos

Já do outro lado da fronteira, a estimativa de prejuízos é de 60% na Província de German Busch, que integra as cidades fronteiriças, e de 80% para o país, de acordo com o presidente do Comitê Cívico de Puerto Quijarro, Marcelito Moreira, que ainda lembrou que na fronteira com Corumbá passam 35% do fluxo da economia boliviana.

Além disso, nesses 17 dias de mobilização contra suposta fraude na eleição presidencial realizada em 20 de outubro, seguindo determinação dos Comitês Cívicos o comércio local abre as portas até o meio-dia. Instituições financeiras, como agências bancárias abrem as portas três vezes na semana e empresas estatais do governo boliviano, desde o início desta semana, estão de portas fechadas, já que manifestantes impedem a entrada de servidores.

Na fronteira com Corumbá, a passagem é permitida em caso de emergência, como ambulâncias. Pedestres podem circular livremente. Empresas de viagens não estão vendendo passagens de ônibus. Pontos de bloqueios na estrada Bioceânica, impedem a saída e chegada de ônibus de viagens nas cidades fronteiriças. Os terminais rodoviários de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, onde o fluxo de passageiros é sempre intenso, estão fechados. Na quarta-feira, o setor de transporte pesado aderiu à mobilização na Bolívia, que também fechou a fronteira com Mato Grosso e Acre.

OEA faz auditoria

A Organização dos Estados Americanos está fazendo uma auditoria no processo da eleição presidencial, mas os líderes dos manifestantes querem a renúncia de Evo Morales e a convocação de novas eleições. Evo está no poder há treze anos e foi eleito para o quarto mandato. 

Comentários:

José Mendes: Assim como na década de 80 Corumbá depende dessa fronteira. Mas tem um monte de corumbaense que não entende isso...

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