Lívia Gaertner em 23 de Fevereiro de 2020
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Carro abre-alas veio retratando a Diablada
Já na comissão de frente, os integrantes fizeram coreografia lembrando passos da Diablada, ritmo folclórico da Bolívia, que com máscaras representam uma batalha entre as forças malignas e o Bem. No carro abre-alas, intitulado Caldeirão Cultural, a força dos costumes do país vizinho que, assim como o Brasil, sofreu a influência de vários povos, tendo como uma das suas manifestações mais vigorosas, o Carnaval de Oruro, considerado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco. Essa festa popular da Bolívia tem como seu grande expoente a “Diablada” que, mais uma vez, foi representada cenicamente na luta do Bem contra o Mal, onde o primeiro se sobressai com a fé na Virgen de Socavón.
O carnavalesco Manoelzinho trabalhou, por assim dizermos, com a “monocromia”, na primeira ala da escola que passou pela avenida em traje branco, quebrado apenas pela presença de elementos pratas. A proposta foi representar uma das maiores riquezas naturais da Bolívia, o Salar de Uyuni.
Ainda no primeiro setor do desfile, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Carlinhos Joia e Adriely, mostrou a união entre os povos na fronteira. Cores nacionais do Brasil e da Bolívia se misturaram nas indumentárias reforçando os laços de cooperação entre os países.
A gastronomia boliviana mereceu destaque com alegorias representando uma combinação bastante apreciada na região fronteiriça: a cerveja Pacenã e a saltenha, tipo de pastel assado com recheio suculento de frango ou carne.
A escola lançou mão de ala coreografada com uma das danças mais vigorosas do repertório típico: Tinkus. Bailarinos originariamente do país vizinho levantaram o público.
A escola também inovou ao trazer um muso, Paulo Boaventura, que desfilou ao lado da Musa Plus Size à frente da Bateria que teve como rainha Ariana Urquide, em trajes das dançarinas de Caporal (outro ritmo folclórico boliviano) nas cores amarelo, vermelho e verde. Os ritmistas comandados pelo mestre Gersinho, vieram trajados com indumentárias de outra dança muito expressiva da Bolívia: a Morenada.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Rainha de Bateria, Ariana Urquide, veio representando dançarina de Caporal, ritmo folclórico da Bolívia
A forte fé do povo boliviano nas várias representações de Maria surgiu em um carro alegórico com destaque para a Virgem de Cotoca, de grande devoção na região oriental da Bolívia. A religiosidade católica também serviu de inspiração para a confecção das alas das baianas que simbolizaram a Virgen de Urkupiña, santa a quem se rende grandes festas no mês de agosto em toda Bolívia e nas comunidades bolivianas espalhadas pelo mundo.
A presença preponderante da cultura indígena dentro da formação do povo boliviano também não ficou de fora do desfile e foi representada em duas alas. Os momentos históricos ganharam representatividade com o principal personagem da trajetória boliviana, o conquistador Simón Bolíviar, de que o país vizinho derivou seu nome.
Para fechar a passagem da Major Gama pela avenida, as infinitas riquezas naturais da Bolívia estiveram representadas no último carro da escola que conseguiu deixar para trás apresentações não tão exitosas de anos anteriores, como em 2019, quando amargou a décima colocação.
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