Lívia Gaertner em 24 de Fevereiro de 2020
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Comissão de Frente retratou momento histórico da Guerra do Paraguai ocorrido em Forte Coimbra
Mesmo passando com atraso pelo portal de início das apresentações, já que o cronômetro oficial foi disparado às 21h48 - mas a escola só iniciou o desfile às 22h07 -, a Marquês de Sapucaí fez um desfile para reforçar o brio do corumbaense tal qual o samba dizia ser uma “cidade sem igual”.
De início, na comissão de frente a escola retratou um dos episódios mais marcantes da história de Corumbá: a Guerra do Paraguai com a intercessão de Nossa Senhora do Carmo numa trégua com as tropas paraguaias que permitiu a batida em retirada dos brasileiros e, posterior, vitória. Um tripé, fez as vezes cenicamente do Forte Coimbra, local onde ocorreu esse episódio e que foi reconhecido pelo IPHAN como Patrimônio Material Cultural Brasileiro.
O abre-alas ficou reservado para os indígenas, povos de diferentes etnias, que habitaram a região e de quem se deriva o nome da cidade, que em guarani, significa lugar distante. A influência do europeu, principalmente os portugueses, sem esquecer a contribuição dos negros foram simbolizadas em alas ao longo do desfile.
Da cosmopolita Corumbá de outrora, muitas referências de povos que ajudaram na miscigenação do corumbaense, entre eles, os povos do Oriente, como árabes, sírios e palestinos, que tiveram o segundo setor inteiro da escola dedicado a eles.
A Corumbá de poetas e escritores esteve dentro do desfile com o mais emblemático poema sobre a cidade. De autoria de Pedro de Medeiros, a cidade é comparada à “estrela mais luzente”, inspiração para uma das alas da escola com tecidos e adereços pratas, lembrando a cor do satélite natural da Terra.
A devoção em Nossa Senhora do Pantanal rodopiou nos passos cheios de vigor da porta-bandeira Ana Paula, que representou a própria santa. Já o mestre-sala, Fábio, fez as vezes do majestoso rio Paraguai com seu bailado.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Ana Paula e Fábio, representou a fé em Nª. Srª. do Pantanal e as águas do rio Paraguai
E por falar em Pantanal, a cultura do homem que vive na maior planície alagada foi um elemento bastante explorado durante a apresentação da Marquês da Sapucaí. Ganhando inclusive um carro com destaque para berrantes e demais elementos que foram precedidos pela ala do “cururu e siriri”, ritmos entoados pela viola de cocho, instrumento pantaneiro reconhecido como patrimônio imaterial do Brasil.
O Banho de São João e o sincretismo religioso visto anualmente no ritual de Louvação à Iemanjá foram manifestações culturais que tiveram espaço na apresentação mostrando o sincretismo presente na cidade.
A bateria do mestre Manezinho trouxe 70 pierrôs enamorados pela madrinha da bateria, a colombina Vanessa Contrerras. Os ritmistas fizeram o recuo na rua XV de Novembro e mostraram bastante entrosamento.
O último setor da escola dedicou seus carros e suas alas à maior festa popular da cidade e que move paixões entre os corumbaenses: o carnaval. O bloco Flor de Abacate, cujo samba original é considerado segundo hino de Corumbá, veio representado em uma ala. O Carnaval Cultural com o colorido bloco dos palhaços, bloco dos marinheiros foram também se fizeram presentes, assim como o Bloco Sandálias de Frei Mariano que, tradicionalmente, abre o calendário oficial de desfiles carnavalescos.
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