Leonardo Cabral em 22 de Outubro de 2019
Foto enviada ao Diário Corumbaense
Manifestantes já se estão na principal estrada que liga a Bolívia com o Brasil
O bloqueio acontece próximo a Roboré, distante cerca de 250 km da fronteira com Corumbá. Ainda de forma pacifica, os manifestantes colocaram pedaços de galhos, pneus, troncos e até terra, para impedir o tráfego de veículos na estrada.
“A partir desta tarde, a estrada bioceânica que une a Chiquitania a Santa Cruz, San Ignacio-San Matías, San Ignacio-Brasil será bloqueada", disse no final da manhã o presidente do Comitê Cívico, Cristian Méndez. Ele ainda disse que o Comando da Polícia na fronteira, garantiu que os policiais irão patrulhar as ruas naquela região para evitar confrontos e dar segurança à população.
Foto enviada ao Diário Corumbaense Com terra, manifestantes impedem o tráfego de veículos na Bioceânica
O alerta, conforme o jornal El Deber, é para a população estocar produtos alimentícios, já que também fecharão mercados e instituições públicas e privadas, por conta dos protestos em todo território nacional.
Aqui na fronteira de Corumbá com a Bolívia, o acesso para carros vai ser fechado à zero hora desta quarta-feira, 23 de outubro. Apenas pedestres poderão circular pela faixa de fronteira.
Dois sistemas de contagem
O clima nas ruas da Bolívia se deteriorou depois que o sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares, batizado de Trep, teve o serviço suspenso no domingo no momento em que a contagem individual de votos começou a dar resultados muito distintos das atas de mesa da eleição. O ministro das Comunicações boliviano, Manuel Canelas, afirmou que o órgão eleitoral errou ao não deixar claro que havia duas contagens simultâneas. “Uma vez que percebeu que a contagem dos votos estava dando outro resultado, resolveu interromper a das atas, para não causar confusão, e não explicou isso direito. Mas foi um erro, porque está dando espaço à oposição para dizer que houve uma fraude", reconheceu.
A incerteza provocou temores entre observadores e diplomatas sobre possíveis manipulações dos votos para evitar um segundo turno e provocou inquietação sobre o que poderia ocorrer no país. A Organização dos Estados Americanos (OEA), que enviou um grupo de observadores, manifestou "profunda preocupação e surpresa" com o que chamou de "mudança drástica e difícil de justificar na tendência dos resultados preliminares conhecidos após o fechamento das urnas". O chefe da missão da OEA, Manuel Gonzáles, afirmou que a alteração no resultado é inexplicável, modifica o destino das eleições e gera perda de confiança no processo eleitoral. “Pedimos à autoridade eleitoral para que defenda decididamente a vontade dos cidadãos bolivianos, com respeito à Constituição, de forma ágil e transparente.” Brasil, Argentina e Estados Unidos também expressaram preocupação com a interrupção da divulgação oficial de resultados.
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