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Índice de infestação do Aedes aegypti está quatro vezes maior em Corumbá

Caline Galvão em 14 de Janeiro de 2016

O primeiro Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) realizado em 2016 pela Secretaria de Saúde de Corumbá, entre os dias 04 e 08 de janeiro, registrou 4,99% de infestação do mosquito. O número é quatro vezes maior que o anterior, levantado em novembro, quando registrou 1,2% de infestação. O início do período chuvoso e a falta de sensibilização da população são os responsáveis por esse crescimento percentual, de acordo com o Centro de Controle de Vetores.

O LIRAa é realizado a cada dois meses. Capitais e municípios com mais de 100 mil habitantes e que tenham fluxo intenso de turistas realizam o levantamento. As vantagens de se fazer o levantamento é que a iniciativa permite o direcionamento das ações de controle para áreas mais críticas, pois identifica os criadouros predominantes e a situação de infestação no município. Quando o resultado dá inferior a 1%, o município está em condições satisfatórias, mas de 1% a 3,9% está em situação de alerta. Quando o índice é superior a 4%, há risco de surto de dengue. É a situação que Corumbá vive hoje.

“O LIRAa é uma amostragem, você não visita 100% das casas, porém, nas casas que nós visitamos, encontramos foco do Aedes aegypti, principalmente em pneus e potes de sorvete e vasilhas para animais beberem água, o que caracteriza descuido do morador”, afirmou Grace Bastos, coordenadora do Controle de Vetores do município.

Arquivo/Diário Corumbaense

Reservatórios de água em nível do solo continuam sendo pontos de proliferação do mosquito

Por bairro o levantamento apontou o Beira Rio com maior incidência, 28,57%; Aeroporto com 16,92%; Centro América com 8,33%; Guató com 8,05%; Maria Leite com 7,38%, Cristo Redentor com 7,30%, Popular Velha com 6,30%; Dom Bosco com 5,48%, Nova Corumbá com 5,34%; Jardim dos Estados com 4,82%, Universitário com 3,45%, Centro II    (da Antônio Maria Coelho até a Albuquerque) com 3,38%; Popular Nova com 1,59%, e Centro I (da Edu Rocha até a Antônio Maria) com 1,08%. Os bairros Nossa Senhora de Fátima, Arthur Marinho, Industrial, Previsul, Generoso, Cervejaria e Guarani    não apresentaram focos do mosquito.

Grace Bastos explicou ao Diário Corumbaense que no bairro Beira Rio, onde foi encontrado o maior índice de focos do mosquito Aedes aegypti, os agentes de endemias encontraram muitos pneus e vasilhas dentro das casas que poderiam ser descartadas pelos moradores ou deveriam estar protegidos da chuva. Focos também foram encontrados em vasilhas de água para animais. No bairro Aeroporto, segundo lugar no índice de infestação, o maior problema foi nos reservatórios de água em nível de solo e acúmulo de lixo.

De acordo com o levantamento, a maior parte dos focos está no interior dos imóveis habitados, com 65,72%, sendo 32,86% nos depósitos de armazenamento de água localizados ao nível do solo, e outros 32,86% nos pequenos depósitos móveis (vasos e pratos de plantas, frascos com plantas, bebedouros de animais, entre outros). Foram encontrados focos também em lixo (recipientes plásticos, latas), sucatas e entulhos, com 15,71%; pneus e outros materiais rodantes com 11,43, e nos depósitos fixos (calha, laje, etc), com 5,71%.

Corumbá terminou o ano de 2015 com 812 notificações de dengue, sendo 26 casos confirmados da doença. Com relação à febre chikungunya, foram 20 notificações e seis 06 confirmações. O zika vírus apareceu como caso importado na fronteira entre Ladário e Corumbá. Já em 2016, de 03 a 10 de janeiro, há 26 notificações de dengue, mas nenhuma confirmação até agora. chikungunya e zika não foram registrados em Corumbá neste ano.

Amostragem reflete falta de cooperação dos moradores

Grace Bastos, coordenadora do Controle de Vetores do município, acredita que por causa do trabalho iniciado desde outubro de 2015, Corumbá ainda não vive epidemia de dengue. “Se nós não tivéssemos iniciado esse trabalho desde outubro com as ações estratégicas de entrar na casa do morador, retirar o resíduo, encostar o caminhão nos bairros e fazer todas essas ações, nós já estaríamos em epidemia”, afirmou.

Conforme a coordenadora, por causa do índice de infestação alto e se a população não colaborar, Corumbá pode viver surto de epidemia de dengue no início de 2016, e desta vez com chikungunya, já que o vírus circula na cidade. “Nós temos o mosquito vetor, estamos no período chuvoso e temos os vírus circulando da dengue e da chikungunya, então, nós temos uma grande possibilidade de epidemia, se a população não colaborar conosco”, pontuou Grace.

Sem generalizar o problema, ela acredita que grande parte da população ainda precisa entender que tem que fazer a sua parte. Para ela, a população sabe das consequências das doenças provocadas pelo mosquito, mas grande parte dela não está sensível ao problema.

“A partir do momento que choveu, o morador tem que fazer a vistoria na casa dele e retirar tudo o que possa acumular água e que esteja exposto à chuva, porém, a gente tem observado que isso não está acontecendo”, disse Grace, que reiterou que a parte educativa por parte do Poder Público também deve ser constante.

 

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