PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Vila Mamona faz festa de Carnaval com obras de Aziss Tajher Iunes

Leonardo Cabral em 21 de Fevereiro de 2023

Luciene de Moraes/Diário Corumbaense

Carri abre-alas da Vila e seu símbolo, a águia

Já na madrugada de terça-feira (21), a Unidos de Vila Mamona encerrou o desfile das escolas de samba em 2023, e mostrou que veio para se manter entre as campeãs do Carnaval de Corumbá. A aposta da agremiação foi no enredo: "Os mais doces versos que escrevi revelam a minha carta de amor pela cidade em que nasci”.

Detentora de 14 títulos consecutivos, a Vila Mamona retratou três das quatro obras de Aziss Tajher Iunes, que foi dentista, professor, escritor e historiador, falecido em 13 de julho de 2013. Ele é pai do prefeito Marcelo Iunes e revelou através de seu legado, que possuía uma extrema vocação para a cultura literária, por meio de suas crônicas, deixando os seus mais puros e emocionantes desejos, amores e sonhos para Corumbá.

A comissão de Frente trouxe a “Alegria em noite de carnaval”, onde em uma passagem de seus livros, o homenageado deixa evidenciado o seu amor pelo carnaval. Em suas crônicas, ele conta que nos anos 60 sentia-se forte a magia do carnaval dos velhos tempos. Os integrantes vieram com uma fantasia na cor prata, com arranjo de cabeça com estrelas e a máscara simbolizando assim, respectivamente, a noite e a alegria do carnaval.

Luciane de Moraes/Diário Corumbaense

Primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Paulo Erick e Laís Lúcia

O Abre-Alas, “Carnaval dos velhos tempos”, mostrou o rei Momo dando a passagem a gigantesca festa de carnaval. A alegoria trouxe a alegria dos festejos momescos, a magia do carnaval, baseado nos escritos do homenageado que relata com nostalgia as noites de carnaval, os desfiles das escolas de samba dos velhos tempos, com um carro alegórico com o carnaval antigo. Nele também vem a escultura da Águia, o símbolo da agremiação junto com “Pierrot, Colombina e Arlequim”, bem como uma fantasia de luxo representando as belas noites dos bailes de máscaras.

As baianas, vieram de  “Danúbio azul”, entregando-se às referências literárias de Azzis Tajher Iunes, no livro “Histórias e Crônicas da Cidade Branca”, com a referida valsa (Danúbio Azul), mencionada em uma passagem no qual ele relembrava uma noite de “Domingo gordo de carnaval”, no auge dos anos 60, onde passava em noite de carnaval, por uma conhecida rua da cidade, em um badalado bar da época em que ouvia e se encantava com a sintonia da música e pelo encanto das notas musicais usadas no piano, com pessoas elegantemente vestidas que dançavam e confraternizavam.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Paulo Erick e Laís Lúcia, que vieram da cidade do Rio de Janeiro, representou a Flor e o Beija-Flor, inspirado em um dos mais antigos e importantes blocos da cidade, com mais de 50 anos de tradição: “Bloco Flor de Abacate”. Azzis Iunes relembrou no livro as noites de desfile de carnaval, sendo ele também já homenageado pelo Flor.

Logo em seguida, a escola retratou o “Domingo Gordo”, onde o livro, “História e Crônica da Cidade Branca”, traz uma importante passagem que conta como foi o carnaval, mencionando a saudosa “guerra de confetes” que acontecia com o confrontamento sadio na rua Frei Mariano, na descida de um Cordão e subida de outro, com as luxuosas roupas das rainhas e porta estandartes, onde a “guerra” se baseava na vitória do cordão que se apresentava mais elegante e alegre.

Os “Marinheiros”, figuras que fazem parte da tradição do carnaval, também foi trazida pela Vila Mamona, quando, Azzis conta em seu livro “Crônicas da Cidade em que Nasci”, que o carnaval de Corumbá deu início com a chegada dos marinheiros que foram transferidos do Rio de Janeiro para o 6° Distrito Naval da cidade vizinha, Ladário

No segundo carro alegórico, “Deus te Salve João”, fazendo referência a uma das festas mais tradicionais quanto o Carnaval, em Corumbá, a festa de São João, duas simbologias dos festejos juninos, foram mostradas, no qual é lembrado no livro como uma grande noite alegre e estrelada, através da descida dos andores, do tradicional banho de São João.

As noites estreladas e também o pôr do sol em Corumbá lembrados no livro “Crônicas da Cidade em que Nasci”, como o mais bonito do Centro-Oeste, o tom alaranjado e avermelhado que clareia as águas límpidas do rio Paraguai, é retratado no livro com grande orgulho de cidadão, sendo a imagem do pôr do sol, inspiração para muitos pintores de todo Brasil.

No terceiro carro alegórico, “Meu imenso Pantanal”, as belezas naturais da região pantaneira foram reafirmadas. Fica totalmente evidenciado nas linhas e entrelinhas do livro 2- de Azzis Tajher Iunes, o encanto que ele tinha pela beleza de sua cidade, referia-se ao céu azul e limpo, sons de pássaros e a metáfora “cheiro de água”, para se referir ao ar puro da região.

Sem sombra de dúvidas a fauna e a flora aqui encontrada faz-se encher os olhos de quem vê, encantando os nativos e trazendo cada vez mais grupos de turistas para conhecer nosso maior tesouro. Não há como falar de Corumbá sem lembrar da belíssima paisagem que se avista da orla do rio Paraguai, imensidão de cores que se multiplica com o encanto das aves e mamíferos que aqui habitam. Esta alegoria é colorida, com esculturas de uma onça-pintada, o rosto de uma índia, uma garça e um tamanduá.

O segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, Carlinhos Joia e Adry Simpatia, veio representando “O Casario do Porto”, a parte baixa em toda sua extensão, que já foi porta de entrada da cidade. No livro 2, Azzis Iunes deixa explícito toda a importância que das propriedades que fazem parte da orla do Rio Paraguai. Tombada no ano de 1995 no governo municipal de Fadah Gattass, o Muphan com intermédio nacional deliberou emendas para conservação da área que tem uma grande importância histórica e cultural para o país.

Além do lado escritor, a escola de samba, mostrou na ala 11, “Odontologia”, o cirurgião dentista Azzis Iunes, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, após concluir o curso, voltou para Corumbá, onde exerceu as profissões de professor e cirurgião dentista. Trabalhou, como dentista, por mais de 20 anos no Sesi local e também no município e diante de seu grande apoio ao bem-estar comunitário,  muitas vezes o homenageado prestou de forma gratuita e voluntária serviços para saúde odontológica corumbaense.

No quarto carro alegórico, “Um grande homem”, a agremiação falou sobre o grande legado de Azzis Iunes, suas obras, suas crônicas, seu interesse por ressaltar e decantar a história de seu povo, bem como a memória de uma cidade, que diante de seus versos faz viajar a tempos diversos, passado, presente e futuro. Este carro alegórico buscou avivar a memória deste grande homem e trouxe escultura do busto do Azzis Iunes.

E claro, a paixão pelo futebol, com o time América Futebol Clube, time carioca, onde desde jovem Azzis Tajher Iunes se encantou com a equipe. A educação também fez parte da vida do homenageado. Baseado nas passagens do livro “Corumbá dos meus sonhos”, ele menciona a importância da educação.

Azzis Iunes lecionou nos mais tradicionais estabelecimentos de ensino de nossa região: Colégio Salesiano de Santa Teresa, Ginásio Municipal Ramão Martinez (era pai do radialista e jornalista Jorcene Martinez), Escola Estadual Maria Leite e na Escola Estadual Júlia Gonçalves Passarinho (JGP).

Luciene de Moraes/Diário Corumbaense

À frente da bateria, Raiane veio como a “Soberana Rainha da Corte de Momo"

O desfile da Vila Mamona, foi encerrado, com a volta da bateria, que fez uso do recuo. Os 80 ritmistas, comandados pelo mestre Edinho, vieram como “Rei Momo, o Rei da folia”, fazendo uma referência a duas citações no livro “História e Crônica da Cidade Branca”. Denominada “Rei Momo, o Rei da Folia”, a bateria fez uma alusão ao dono da folia nas cores do conceituado Cordão Carnavalesco Cravo Vermelho que também é citado no livro.

À frente dos ritmistas, a Rainha da bateria, Raiane, veio como a “Soberana Rainha da Corte de Momo”, temática escolhida para a representação dela, fazendo uma simbologia à rainha da corte de momo do carnaval. Bastante aplaudida, ela se mostrou muito à vontade na Avenida, sendo ovacionada pelo público, sambando, mostrando o que o público espera de uma rainha de bateria. 

PUBLICIDADE