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Mocidade traz para a avenida o grito dos oprimidos e a arara ensinando o amor

Leonardo Cabral em 19 de Fevereiro de 2023

Luciane de Moraes/Diário Corumbaense

Casal de mestre-sala e porta-bandeira, Wellinton da Mocidade e Lorrainy Moura, com carro abre-alas e a arara símbolo da Mocidade

Forte candidata ao título em 2023, a escola de samba Mocidade Independente da Nova Corumbá, entrou na avenida, trazendo um enredo crítico-reflexivo. A agremiação foi ovacionada pelo público, que aguardava ansiosamente pelo desfile da escola na noite deste domingo (19), já que também vem em busca do bicampeonato.

O enredo: “No grito dos oprimidos a voz do povo ninguém vai calar e no toque do meu tambor a arara voa ensinando o amor para quem não sabe amar”, retratou o ser humano e seus retalhos da alma, na forma de como analisa e se posiciona diante de fatos sociais, onde Quem sou eu? Quem é você? Quem somos nós?

A comissão de frente veio representando Anjos Caídos e Anjo Iluminado, como destaque principal, já que os anjos recebem os pedidos, atendendo conforme as necessidades, caso sejam merecedores. Já os “Caídos”, diferentes, daí a representação em forma de trevas. Criaturas estranhas, excluídas, sozinhas, incompreendidas e entregues à própria sorte, decaem não por serem maus, mas, por não serem aceitos e não se enquadrarem dentro de uma sociedade que dita os padrões.

Primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Wellinton da Mocidade retratou a fantasia “Monstro entregue à sorte”, representando os monstros internos que carregamos dentro de nós e Lorrainy Moura, veio com fantasia “Nasce a Esperança”, que representou a arara vermelha, ave símbolo da agremiação, mostrando a resiliência vencendo o mal e trazendo esperança aos oprimidos.

No abre-alas, “O homem criador de si mesmo e do mundo”, duas versões para uma mesma situação, que, apesar de ser um objeto unitário, possui faces diferentes. Essa alegoria de abertura veio com o nome estampado da agremiação “Mocidade” nas cores verde, vermelho e dourado. Acompanhado do seu símbolo maior: a Arara Vermelha, anunciando “Amor para quem não sabe amar”.

As baianas, com a fantasia “Conspurcação da Fé”, retrataram o que se via em tempos remotos, as santinhas do pau oco, estas recheadas de joias em seu interior para poderem ser levadas para fora do País, tudo em nome da ambição e da ganância do ser humano. A fé profetizada de forma mascarada usando da religião para o bem próprio. 

O crime do colarinho branco, também foi mostrado pela agremiação, ou seja, crime não violento, mas que é financeiramente motivado, cometido por profissionais de negócios e de governo, bem como sendo aqueles crimes praticados por pessoas dotadas de respeitabilidade e grande status social. Ajudando assim, no aumento da desigualdade social.

Outro setor trazido pela Mocidade foi a Saúde, mostrando que é a “foice da morte”, representando o caos da saúde, personificando as dificuldades enfrentadas. O empoderamento feminino também foi mostrado, bem como a ala da fome, com dizeres: “Quem tem fome, tem pressa”, trazendo fatos que muitos já conhecem e menosprezam. A fome dói, adoece e mata. Muitos têm que escolher entre comer e morar. Triste e dolorida realidade.

A alegoria “Nossa Piscina Continua Cheia de Ratos e a Favela Chegou” retratou aqueles que só pensam em seu benefício próprio, que utilizam da política para sustentar suas ganâncias em detrimento ao sofrimento do próximo. Quanto mais se tem, mais se quer. Carro representou a divisão injusta das classes: Dominante e Dominado. Trouxe esculturas de um homem carregando o fardo em sua costa; ratos; lobo; urubus.

Luciane de Moraes/Diário Corumbaense

Ala retratando "Maria do Saco", personagem que vive há muitos anos nas ruas de Corumbá

Chamou atenção no desfile a ala “Maria do saco”, se referindo a uma figura conhecida em Corumbá, chamada também como “Maria Preta”, andarilha que vive livre nas ruas da cidade, que foi homenageada nesta ala, representando todas as “Marias” que perambulam pelas ruas da cidade. Maria Preta, é uma personagem ícone corumbaense, que sempre é vista empurrando vagarosamente seu carrinho de mercado carregado de trapos e sobretudo de muitas histórias sem nome que muitos desconhecem, divide com inúmeros personagens o domínio folclórico popular.

A ala “O Que Tiver Que Ser Será” com fantasias denominadas “LGBTQI+ Será que ele é? – Diversidade”, também foi retratada, representando as cores do arco-íris que simbolizou os preconceitos e discriminações que são produzidos social e historicamente e que perpassam os diferentes âmbitos da vida coletiva.

Dando um show à parte, a bateria “Explosão da Zona Sul”, comandada pelo mestre Marcigley Santana, fez o uso do recuo, com coreografia no ritmo do samba-enredo, com a fantasia “Rei da Malandragem,’ figura marginalizada que encontrava meios, nem sempre politicamente corretos para sobreviver.

Pedro Cleve

Mestre Marcigley, ritmistas e a rainha de Bateria, Carol Castelo, deram show na passarela

A bateria fez parada na sua passagem surpreendendo com coreografias e os ritmistas, parando de tocar e cantando em uma só voz o samba-enredo da agremiação.  

À frente deles, veio Carol Castelo, que mais uma vez, encantou o público na Avenida, com muito samba no pé, beleza e simpatia, mostrando sincronia com a bateria. Na parada da bateria, ela também fez a coreografia. Os ritmistas se ajoelharam e ela, no alto, cantou o samba junto, sendo ovacionada pelo público que acompanhou com muitos aplausos.

Carol estava fantasiada como “Dama da noite – Luxúria”, com tons de dourado, representando uma linda mulher que alegra e encanta os homens com a sua beleza única e marcante, exalando sensualidade. Senhora da noite, dona dos becos e das vielas.

“Comunhão do Amor” – Nasce a Esperança”, trouxe esculturas confeccionadas em isopor, papelão e fibra e um pombo representando a paz; duas cabeças representando o Criador. Anjos anunciando a “boa nova”; borboletas e flores.

O desfile da Mocidade da Nova Corumbá foi encerrado com a Velha Guarda, que destacou o amor pela vida, o amor pela Mocidade, simbolizando a sabedoria, a experiência e os guardiões da identidade da agremiação. Ala com predominância do branco.

Galeria: Mocidade I. da Nova Corumbá 2023

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