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Tradição em Corumbá, A Pesada faz festa de Cosme e Damião e se credencia para disputa do título

Leonardo Cabral em 21 de Fevereiro de 2023

Luciane de Moraes/Diário Corumbaense

Decano Nei Colombo, fundador da A Pesada, e sua esposa Julieta, no carro abre-alas

Trazendo para a Avenida, uma das tradições mais fortes em Corumbá, “São Cosme e São Damião”, a escola de samba A Pesada, apresentou um desfile empolgante, mostrando que também está na disputa pelo título em 2023. A agremiação revelou em sua apresentação, a resposta da pergunta para o público: Cosme e Damião cadê Doum? - que tanto fez durante a preparação para o desfile.

Com o enredo: “São Cosme e São Damião, que a doçura e a inocência da criança invada os nossos corações”, A Pesada mostrou os devotos, os festeiros que fazem distribuição de doces, contando como eles são cultuados na religião católica, umbandista e candomblé, que são religiões fortíssimas em Corumbá.

Na Comissão de Frente, "Guardiões da intolerância”, que são os centuriões do império de Diocleciano, vieram os 10 soldados centuriões e um General Centurião. Os centuriões, eram oficiais que comandavam uma centúria, uma unidade composta de 100 soldados romanos, que cumpriam à risca, sem nenhuma contestação as ordens do imperador Deocleciano. A ordem era: prender, torturar e matar, todo aquele que professasse a fé cristã, sofrendo castigos diante do símbolo sagrado cristão que é a “Cruz”.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Robson e Francielly Ramalho, veio representando “Martires” (Sacrificados nos tempos de Cosme e Damião). Robson usou a  fantasia de o "Centurião Jorge da Capadócia”, que foi condenado à morte por Diocleciano por se converter ao Cristianismo. Cinco meses após sua execução, os gêmeos Cosme e Damião foram também decapitados, em 27 de setembro de 303 depois de Cristo.

Já Francielly Ramalho, estava de “Alexandra”, esposa do imperador Diocleciano, era uma cristã em segredo. Quando ele ordenou que o seu centurião maior, São Jorge fosse torturado, ela teria ido até a arena e se curvado perante o santo, professando abertamente sua fé.

Um novidade chamou a atenção, foram os “Guardiões da fé cristã”, que fizeram a proteção do casal de mestre-sala e porta-bandeira. Duramente perseguidos, os cristãos tiveram de criar uma estrutura bastante sólida de organização como forma de sobreviver. 

O Abre-Alas, veio composto por personagens que representam os guardiões da luz que ilumina os caminhos daqueles que acreditam em Cristo. Representou “O Império de Diocleciano e a revelação dos médicos Cosme e Damião”, nas cores vermelho e dourado, trazendo o nome da escola, as esculturas de São Cosme e São Damião, por Diocleciano martirizados, representando a santificação dos irmãos gêmeos, o carro veio ornamentado em suas bordas com as esculturas de algumas pombas representando a paz que é transmitida pela santificação.

Nele também estava o patrono da A Pesada, Nei Colombo e sua esposa, Julieta que representaram os pais biológicos de Cosme e Damião e foram criados para a devoção ao cristianismo por sua mãe, Teodata.

Luciane de Moraes/Diário Corumbaense

Ala das baianas representaram Nossa Senhora Aparecida

As baianas, “Mulheres Mártires Santificadas”, representaram as mulheres que como São Cosme e Damião, São Jorge, São Sebastião, São Vitor, Santa Valéria e Santa Alessandra e muitos outros mortos e torturados por Deocleciano, foram canonizados e se tornaram Santos, por não negarem sua fé em Cristo, homenageados e representados por Nossa Senhora Aparecida, por ser uma santa brasileira, e por ser o carnaval genuinamente brasileiro.

A Pesada também mostrou “A cura e a fé”, representando a Senhora da Cura e outra, a fé.  Uma homenagem a todos que acreditam como Cosme e Damião, que a medicina cura, mas a fé ajuda a concretizar essa cura. A medicina e farmácia, por terem sido médicos, São Cosme e São Damião são considerados padroeiros dos cirurgiões, médicos e farmacêuticos. Profissionais da beleza (barbeiros e cabeleireiros), também foram retratados, já que os santos também são considerados padroeiros dos cabeleireiros e barbeiros.

Segundo carro ‘O Cristianismo, a Luta do Bem contra c Mal, Todos os Santos, Promessas e Orações’ trouxe a escultura de um Dragão, representando a sombra que pairou sobre o cristianismo, os tempos de terror; traz a imagem de São Jorge sobre o seu cavalo, representando dentre vários outros aquele que morreu, mas não abandonou a fé no Senhor Jesus Cristo.

Na sexta Ala, os devotos e devotas de cristo em Cosme e Damião, representados por homens seguidores da fé Cristã, conduzindo em suas mãos o símbolo da fé. A ala trouxe também as devotas de São Cosme e Damião no Catolicismo, apesar de a tradição de distribuição de doces parte da Umbanda e do Candomblé, o catolicismo mantém a tradição de distribuir doces para as crianças nos seus tabuleiros no dia 26 de setembro véspera do dia de São Cosme e São Damião no sincretismo brasileiro.

O terceiro carro alegórico, mostra a chegada do colonizador e os escravos no Brasil. Mistura de raça e o sincretismo. Este carro trouxe uma escultura em dourado, representando “Afrodite” foi uma das principais deusas da religiosidade dos gregos antigos e representava o amor, a beleza, a fertilidade, o desejo.

Segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira veio na frente dos “Filhos de Oxum”, representaram a beleza e pureza, as qualidades de Oxum, reconhecidas na Umbanda e no Candomblé. O terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, representou o encerramento da verdadeira história dos jovens santos médicos: São Cosme e São Damião, com o título de brinquedos e brincadeiras, mostrando a alegria na face de cada criança, cada adulto ou cada idoso que no dia 27 de setembro recebe um doce ou um brinquedo de lembrança do dia do santo padroeiro. A grande festa, a alegria, a doçura do sorriso da criança.

O quarto carro alegórico, “Mãe África, tradições e costumes, caruru e doce para a criançada, se lambuzar nesta festa da A Pesada. “Cadê Doum?”, veio com a esculturas de sereias, as filhas de “Odoiá” Iemanjá, mãe do Ibeji “Doum (mãe do mundo). Trouxe também a representatividade de um negro escravo acorrentado, trazido da África para o Brasil, que representa o precursor, aquele que trouxe a religião da Mãe África para o Brasil.

Na 16ª Ala, a diversão e alegria das crianças, com diversos tipos de fantasias, uma verdadeira festa de carnaval da A Pesada, no dia de São Cosme e São Damião. Brinquedos e brincadeiras, doces e muita alegria. O público recebeu saquinhos de pipoca, além de guloseimas que fazem a alegria de muitas pessoas, principalmente das crianças com a distribuição de doces.

Luciane de Moraes/Diário Corumbaense

Rainha Isaura Colombo em sintonia com a bateria do mestre Diego Rojas

A bateria, com 100 ritmistas, comandada pelo mestre Diego Rojas, ditou o ritmo da agremiação, dando um show à parte, o que já é esperado pelo público. Ele fez uso do recuo com evolução e coreografia, também do atabaque, instrumento do ritual das religiões matrizes africana e veio representando “OGÁ – senhor dos Ogans”, “um Alabê” que na língua Yorubá, a palavra Ògá significa senhor, mestre, que se destaca no Egbé (na sociedade). Diego, junto com os ritmistas, fizeram a famosa “paradinha”, quando todos os componentes da agremiação cantavam o samba-enredo, junto com boa parte do público.

A rainha de bateria, Isaura Colombo, veio como Iansã, mãe de Ibejis. Ela demonstrou sincronia com a bateria, com muita alegria e carisma com o público. Veio acompanhada das guardiãs da rainha, compostas pelas personagens “As Guerreiras de Iansã”. Ela também tocou o atabaque, que veio em cima de uma estrutura móvel, acompanhando a bateria.  

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