Leonardo Cabral em 08 de Fevereiro de 2023
Cheia de brilho, cores e alegria. Quem vê a escola de samba passando pela avenida, não imagina o trabalho que dá para apresentar esse espetáculo. Dentro da agremiação, cada um tem a sua função, mas há muitas pessoas que trabalham por amor. Por isso, esse ano, o Diário Corumbaense abre as “cortinas”, para mostrar o trabalho de pessoas que ficam no anonimato, mas que são fundamentais para que as escolas de samba busquem a nota 10 em todos os quesitos. É o quadro “Eu amo a minha escola”.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
“Amor, garra e luta. Rodo a baiana literalmente pela minha Mocidade”, diz tia "Ro"
Há 23 anos, tia Ro, como também gosta de ser chamada, ajuda a colocar na avenida a escola de samba do coração. Ela diz que começou a ganhar gosto pelo Carnaval com a Mocidade.
“Não há explicação para tanto amor que sinto pela minha Mocidade. Me recordo desde o início, como trabalhamos (comunidade) para colocar a agremiação na avenida, que faz parte da minha história e trajetória no Carnaval. Antes cuidávamos de tudo, hoje, como a escola cresceu e é uma das grandes, cada qual tem sua função, mas sigo aqui sempre, cuidando da Nova Corumbá, seja no barracão ou de casa”, falou.
Ela é a responsável pela ala das baianas, há 10 anos vem à frente, como diretora, “organizando, fazendo as fantasias, os ajustes necessários, tudo é feito aqui, nada é de fora”, mencionou. Ainda segundo ela, quando necessário, “coloco a fantasia de baiana e saio também desfilando. Uma vez, para a escola não perder ponto, saí de baiana também, brigo pela minha Mocidade, rodo a baiana, brigo mesmo por ela”, completou.
Uma das grandes recompensas para Rosangela Figueiredo, é quando o cronômetro começa a valer para a Nova Corumbá. É um momento especial. “Inexplicável, vontade de chorar, muito emocionante, arrepio de cima a baixo. Não tem como definir essa sensação. É um momento o qual fazemos de tudo para que saia como planejamos e ver a escola passar sob aplausos do público que se contagia com a apresentação não tem nada que pague”, destacou.
Saúde
Com a voz um pouco trêmula, tia “Ro” revelou que vem enfrentando um problema de saúde, mas, mesmo assim, o amor que sente pela escola é maior e estará lá mais um ano acompanhando a Mocidade.
“Meu médico, durante a consulta, disse: 'se a senhora não estiver lá na Avenida à frente das baianas e com a Mocidade, não será a mesma coisa, então vai e desfila'. Ao escutar isso dele, chorei, pois ele sabe o quanto amo a minha escola e jamais a largaria. Enquanto tiver forças, lá estarei à frente da minha Nova Corumbá”, afirmou.
“Com as baianas, tenho seis Esplendores do Samba, tenho maior orgulho, mas sempre falo que isso não consigo sozinha e divido os prêmios com a escola. O que mais acho lindo é ter aquelas pessoas que desde o início somam e aos novos que chegam e trabalham para isso, humildade sempre dentro da escola”, afirmou.
Enredo para defender o título
A Mocidade Independente da Nova Corumbá traz para a passarela do samba o enredo: “No grito dos oprimidos a voz do povo ninguém vai calar e no toque do meu tambor a arara voa ensinando o amor para quem não sabe amar”, crítico, reflexivo sem desafiar o divino ou ousar retratar o humano e seus retalhos da alma, na forma de como o ser humano analisa e se posiciona diante de fatos sociais, onde Quem sou eu? Quem é você? Quem somos nós?
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Enredo da agremiação será crítico, reflexivo, diz carnavalesco Edilson
A Mocidade está 90% pronta. Ainda conforme o carnavalesco, a agremiação vem com 21 alas, 800 componentes e a bateria com 100 ritmistas. Ao todo, a escola se apresentará com quatro carros alegóricos e um tripé. “Iremos retratar a desigualdade em todos os gêneros e em todos os sentidos”, finalizou Edilson.
A Mocidade da Nova Corumbá é uma das dez escolas de samba que irão concorrer na 13ª edição do Esplendor do Samba, realizado pelo Diário Corumbaense.
Ficha Técnica
Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente da Nova Corumbá
Fundação: 22/06/1999
Presidente: Reinaldo (Bá)
Cores: Verde, Vermelho e Branco
Carnavalesco: Edilson Oliveira
Enredo: "No grito dos oprimidos a voz do povo ninguém vai calar e no toque do meu tambor a arara voa ensinando o amor para quem não sabe amar"
Samba-enredo: "No grito dos oprimidos a voz do povo ninguém vai calar e no toque do meu tambor a arara voa ensinando o amor para quem não sabe amar"
Compositores: Jorginho Moreira / Rodrigo Cavanha / Sidney De Pilares
Intérpretes: Braguinha,
Mestre de Bateria: Marcigley Santana
Número de componentes: 800
Número de alas: 20
Número de carros alegóricos: 4 + 1 tripé
Componentes da bateria: 100
Porta-bandeira: Lorrainny
Mestre-sala: Wellinton Mocidade
Rainha da bateria: Carol Castelo
Informações: (67) 99916-6883
Letra do samba-enredo
QUEM SOU EU?
UM QUALQUER ENTREGUE A SORTE
DE UM CRIADOR DESAFIANDO A MORTE
UM ANJO CAÍDO, SEM ALMA E CORAÇÃO
UMA CRIANÇA SEM DESTINO E DIREÇÃO
QUE EU SEJA O PORTA-VOZ DESSA DESIGUALDADE
QUERO LUTAR POR NÓS, SEM MEDO DA VERDADE
ABANDONADO NUNCA DEIXO DE SONHAR
HOJE MEU CLAMOR VAI ECOAR
ENSINAR O AMOR A QUEM NÃO SABE AMAR
DIVIDIR! QUEM NÃO PODE DIVIDIR?
APRENDER E SABER PERDOAR
REFLETIR
NÃO FECHE OS OLHOS PRA COVARDIA
ALIMENTANDO A AMBIÇÃO
SIGO CARREGANDO ESSA CRUZ
NA FÉ, A LUZ DA NOSSA SALVAÇÃO
CHEGA DE INTOLERÂNCIA
HÁ ESPERANÇA EM CADA OLHAR
OH! CORUMBÁ, ONDE O SAMBA FAZ MORADA
OUÇA NOSSA BATUCADA
TAMBÉM SOMOS FILHOS DE DEUS
SOU RESISTÊNCIA, FORÇA SOBERANA
O CANTO FORTE QUE MANTÉM ACESA A CHAMA
A VOZ DO POVO NINGUÉM VAI CALAR
NEM O TOQUE DO MEU TAMBOR
SOU MOCIDADE, TEM QUE RESPEITAR
A ZONA SUL É O MEU AMOR
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