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Na disputa pelo título, Mocidade da Nova Corumbá trouxe a bênção e cura de “Ossain” para a avenida

Leonardo Cabral em 22 de Abril de 2022

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Comissão de frente, trouxe os Babalossains e a figura de Ossain, pai das ervas medicinais

Forte candidata ao título de 2022, a escola de samba Mocidade Independente da Nova Corumbá fez uma grande reverência e metaforicamente dobrou os joelhos para o Orixá Ossain. A agremiação transformou a passarela do samba, num grito forte de “liberdade e esperança”, por tempos melhores, irradiados por amor ao carnaval.

Segunda escola de samba a se apresentar na noite desta sexta-feira, 22 de abril, a aposta foi em Ossain, orixá das plantas sagradas e milagrosas, orixá originário dos Iorubás que defende as curas naturais, a utilização da natureza para uma vida mais saudável.

A escola da Zona Sul, como também é conhecida, teve em seu desfile a alegria, o sorriso, a descontração, a animação, a cantoria, o som harmonioso dos pandeiros e tamborins, retratados, com a intenção de mostrar a paz, que durante todo esse período turbulento, como o enfrentamento à pandemia, ficaram para trás em meio a tantos caos, crise, perdas, dificuldades, doenças, guerra, desrespeito e desamor no mundo.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Edelton Amorim e Valessa Rocha, com a fantasia Orum (em Iorubá Orun) e Aiê (em Ioruba Aye)

A agremiação, como porta de entrada, na comissão de frente, trouxe os Babalossains e a figura de Ossain, pai das ervas medicinais, coletores de ervas para os rituais, acompanhados do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Edelton Amorim e Valessa Rocha, com a fantasia Orum (em Iorubá Orun) e Aiê (em Ioruba Aye), trouxeram uma representação com muito estilo o céu dos orixás ou o mundo espiritual, paralelo ao Aiê Terra dos homens ou mundo físico.

Na alegoria de abertura, o público pôde acompanhar o “Reino de Ossain”, senhor da magia e da medicina, defensor da força do axé, indispensável para as divindades. Logo, o carro abre-alas, com “Reino de Ossain”, senhor da magia e da medicina, como Bará que é companheiro indispensável de Orunmiláia. É o senhor absoluto das vegetações que possui os segredos e fundamentos das folhas e de suas aplicações litúrgicas e toda composição mágica do candomblé.

A ala das Baianas, coreografadas e esbanjando muita alegria, veio com a fantasia Florescer – Ciclo da Vida, mostrando o carinho e cuidado afetuoso, consideradas símbolo de extrema sabedoria, representando o “Florescer” nos corações como o ciclo da vida, o início de um novo tempo, de uma nova história, dando continuidade a gerações que estão por vir.

Algumas alas fizeram referência aos demais orixás, como Ogun e Oxóssi, além de alas coreografadas, onde todos os integrantes interagiam com a o samba em passos ritmados, sem contar com o canto sincronizado.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Bateria do mestre Marcigley deu show junto com a rainha Carol Castelo

Dando um show à parte, a bateria “Explosão da Zona Sul”, comandada pelo mestre Marcigley Santana, fez o uso do recuo, com coreografia no ritmo do samba-enredo. Ele ousou inserir o som dos atabaques, instrumento ritualístico da religião das matrizes africanas, dando uma “pitada” a mais de emoção junto ao público.

A bateria representou o pássaro, que segundo a lenda é o poder de Ossain, mensageiro que vai a toda parte, volta e se empoleira sobre a cabeça desse orixá para lhe fazer o relato.

À frente dos ritmistas, veio Carol Castelo, que mais uma vez, encantou o público na Avenida, com muito samba no pé e simpatia. Ela retratou a Feiticeira Eleyé, trazendo a crendice popular, que atribui às mulheres sábias o poder das Yamins.

O desfile ainda contou com a ala de enfermeiros e médicos, uma grande homenagem da Nova Corumbá aos profissionais da saúde, que em meio à maior crise econômica e de saúde pública causada pela pandemia de Covid-19, a sociedade manifestou seu reconhecimento à dedicação desses profissionais de saúde, que seguem atuando na linha de frente no combate ao coronavírus e têm sido fundamentais nesse momento crítico e delicado no mundo.

Além disso, a agremiação quis ressaltar essas profissões, que possuem um papel essencial e de extrema importância no processo de organização do sistema de saúde dentro de uma sociedade: pesquisadores, enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem que dedicam a sua vida em favor do próximo e fazem da busca pela cura a sua profissão. 50 componentes fizeram parte da ala, sendo 30 enfermeiras e 20 médicos.

Ao todo, a escola de samba da Zona Sul, trouxe para a Avenida General Rondon, 550 componentes, divididos em 16 alas e quatro carros alegóricos, enfatizando que a partir de agora, tempos bons virão em um novo recomeço.

Além do título oficial, a Mocidade da Nova Corumbá é uma das dez escolas de samba de Corumbá que  concorrem à 12ª edição do Esplendor do Samba, premiação paralela realizada pelo jornal Diário Corumbaense para valorizar aqueles que fazem o show no carnaval do município pantaneiro. 

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