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Contra nova disputa de Evo à presidência, bolivianos fecham fronteira com Corumbá

Leonardo Cabral em 09 de Julho de 2019

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Um caminhão e outros carros de passeio na ponte que une os dois países, impedem a passagem de veículos

A fronteira entre Corumbá e as cidades bolivianas de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, amanheceu fechada nesta terça-feira, 09 de julho. Desde à 00h, a ponte que liga os dois países foi interditada  por integrantes de movimentos que são contra a reeleição do presidente Evo Morales.

Ao Diário Corumbaense, o presidente do comitê cívico de Puerto Quijarro e presidente cívico da província de German Bush, Marcelito Moreira Silva, disse que o paro cívico é departamental e é por 24h, porém uma mobilização nacional não é descartada. 

“Estamos realizando esse paro cívico, contra o presidente Evo Morales concorrer mais uma vez nas eleições que acontecem este ano. Aqui na fronteira ganhamos apoio de inúmeros setores, mas não está descartado um paro cívico nacional. Os presidentes dos comitês cívicos irão se reunir em Tarija, nos próximo dias, para decidir essa manifestação em toda a Bolívia. Eles não estão respeitando o voto de mais de 2 milhões de bolivianos que decidiram pela não candidatura de Evo no pleito deste ano ”, destacou Marcelito.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Presidente do comitê cívico de Puerto Quijarro e da província German Bush, Marcelito Moreira Silva

O protesto também exige a renúncia dos membros do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), ou seja, juízes eleitorais, responsáveis em habilitar por mais uma vez, a candidatura de Evo Morales. “Eram sete, dois saíram e agora restam cinco membros do TSE, queremos a renúncia deles e da candidatura de Evo, pois isso fere a Constituição e o voto do povo, que não está sendo respeitado”, enfatizou Marcelito.

O paro na região de fronteira ganhou apoio do setor de transporte, transporte pesado, setor cívico e parte da população boliviana da fronteira. “Como é um paro departamental, todas as cidades que fazem parte do departamento de Santa Cruz estão aderindo ao movimento hoje. A estrada Bioceânica, responsável em ligar a Bolívia com o Brasil, também está fechada em diferentes pontos”, destacou Marcelito enfatizando que a Aduana está de portas fechadas na região de fronteira.

Com a interdição, apenas é permitida a passagem a pé. Carros de passeio, veículos de grande porte (caminhões que descarregam cargas seja dos dois lados da fronteira) estão proibidos de cruzar a linha de fronteira nesta terça-feira.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Servidores da Receita Federal alertam os motoristas com barreira de cones sobre o fechamento da fronteira

“Na verdade nem sabia o que estava acontecendo. Vim apenas fazer compras de roupas, mas encontrei a fronteira fechada. Agora é voltar e esperar abrir”, disse Suelayne Antônia da Silva Cruz que estava acompanhada do marido. Eles foram alertados por servidores da Receita Federal, que fica no Posto Esdras, sobre o fechamento da fronteira. Cones foram colocados no local, para impedir a passagem dos motoristas.

21-F

Na Bolívia, em fevereiro de 2016, a população rejeitou a possibilidade de reeleição indefinida durante um plebiscito, sendo que 51% dos que participaram da consulta popular rejeitaram alterar a Constituição boliviana, que estabelece limite de dois mandatos consecutivos para presidente, vice-presidente, governador e prefeito. Foram mais de 2,5 milhões de votos a favor da rejeição. 

Porém, mesmo diante da decisão popular, em 2017, a Justiça da Bolívia decidiu acabar com o número mínimo de mandatos consecutivos no país, favorecendo mais um mandato do presidente Evo Morales, o que acabou causando revolta aos que são contrários ao presidente e até mesmo de alguns favoráveis, já que uma nova candidatura do atual representante boliviano fere a Constituição, conforme os manifestantes. 

Mais uma vez Evo na disputa

Evo Morales vai em busca do seu quarto mandato e poderá se manter no poder do país vizinho por 19 anos. Em Mato Grosso do Sul, cerca de 8 mil bolivianos vivem em cidades do Estado e desse total, em Corumbá, aproximadamente 4 mil habitam a região pantaneira. As eleições presidenciais no país andino acontecem em outubro deste ano.

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