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Tecnologia ajuda a dar resposta mais rápida no combate aos incêndios no Pantanal

Leonardo Cabral em 09 de Junho de 2022

Anderson Gallo/ Diário Corumbaense

Resposta rápida de atuação acontece por meio do entrosamento entre as diferentes expertises e tecnologias, diz Osmar Bambini

Para tentar amenizar dando uma resposta mais rápida aos impactos causados pelos incêndios florestais, antes mesmo que eles consigam se espalhar de forma intensa, o Pantanal passa a ser “vigiado”. É o uso da tecnologia que ajudará a conter os estragos das chamas na maior área alagada do planeta e que foram de grande proporção nos últimos dois anos, quando grandes áreas foram devastadas pelo fogo e animais mortos. E foi pensando nisso que o projeto “Abrace o Pantanal”, foi criado.

O lançamento do projeto ocorre estrategicamente na pré-temporada de incêndios no Pantanal, que começa a partir de junho e vai até outubro, período considerado crítico para a região. A ação - um dos maiores projetos do mundo de preservação ambiental -, articulada entre umgrauemeio, Brigada Aliança, Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e Polo Socioambiental Sesc Pantanal, com apoio financeiro da JBS, tem como objetivo proteger 2,5 milhões de hectares de área do bioma por meio da detecção precoce do incêndio.

“Estamos trazendo a tecnologia. O sistema que a gente implantou aqui se chama ‘Pantera’, uma plataforma que traduz os fundamentos dos enfrentamentos dos incêndios florestais que são tecnologia para prevenção, para mapas de risco, as câmeras de alta resolução que detectam um foco de incêndio num raio de 15 km, raio de 70 mil hectares, porém tem um alcance muito maior que pode chegar a 40 km. Essa plataforma tem módulos para apoio das brigadas, saberemos qual das brigadas está mais próximo ao foco, que equipamentos ela tem, o telefone de contato e recursos que estão em campo, os vizinhos e que equipamentos eles tem”, explicou Osmar Bambini, diretor de inovação e sustentabilidade da umgrauemeio.

Osmar diz que o lançamento e implantação das câmeras na Serra do Amolar e outras áreas do Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, é a primeira fase do projeto. “Aqui temos cinco câmeras, que cobre a rede do Amolar, área de proteção de 1 milhão de hectares, tem a área do Sesc Pantanal e as áreas de Aquidauana e Miranda, com a Brigada Aliança. Juntando todas essa áreas, o projeto cobre 2 milhões de hectares, porém, tem áreas que estão fora e que precisam ser contempladas. Nosso maior desafio é cobrir toda a dorsal pantaneira que foi afetada em 2020 e também as áreas que ficaram de fora”, mencionou.

Revolução tecnológica na Serra do Amolar

Para a instalação das câmaras na Serra do Amolar, o IHP conseguiu o apoio do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). O órgão cedeu uma aeronave para transportar equipamentos. Foi uma verdadeira operação para garantir o transporte e a instalação das torres. A aeronave cedida pelo ICMBio transportou 3 toneladas de equipamentos e 16 pessoas foram envolvidas na instalação das câmeras.

Anderson Gallo/ Diário Corumbaense

A tecnologia chega para se somar à mão humana, afirmou Ângelo Rabelo

“Temos aqui a tecnologia chegando para se somar a mão humana, dando resposta rápida a esses impactos. É uma grande revolução tecnológica, que traz o aumento da nossa capacidade operacional, a eficiência, mas, que, só vai funcionar se tivermos nas diferentes intuições a capacidade de trabalhar de forma integrada, ou seja, passamos a ter informação privilegiada do início do fogo, precisamos agora ter a capacidade de mobilidade e equipamentos para que a gente consiga dar resposta ao fogo, logo em seu início, principalmente da Serra do Amolar, que, junto com Parque Nacional, compõe o sítio do Patrimônio Mundial Natural pela Unesco”, falou o presidente do IHP,  Ângelo Rabelo.

Nesta primeira fase, são mais de 2,5 milhões de hectares monitorados pela solução, começando pelo território da Serra do Amolar, região central do Pantanal sob governança do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que teve mais de 90% de sua rede de proteção afetada pelos mega incêndios de 2020. Para efeito de comparação, os 2,5 milhões de hectares de área monitorada quase equivale à extensão territorial da Bélgica.

As câmeras

A detecção precoce de focos pelo software Pantera®, desenvolvido pela umgrauemeio, ocorre através de um algoritmo de inteligência artificial que, a partir do envio de imagens por câmeras de alta resolução instaladas no topo de torres de comunicação, identifica focos de incêndio de forma automática e notifica os operadores do sistema.

Anderson Gallo/ Diário Corumbaense

O sistema operacional das câmeras é ativo 24 horas nos 7 dias da semana

Cada câmera tem a capacidade de detectar focos de incêndio em questão de segundos, com identificação do local exato do foco, acelerando os protocolos de identificação e combate. Há, ainda, a detecção back-up de pontos de calor por satélites, que podem complementar a proteção de áreas que sofram menor pressão humana, assim como índice de risco de incêndios, que juntos contemplam a solução completa Pantera®.

Toda a infraestrutura da umgrauemeio para funcionamento das câmeras, rede de comunicação, energia, transmissão de dados com manutenção local e remota mantêm o sistema operacional ativo 24 horas nos 7 dias da semana. 

Na linha de frente junto com os brigadistas e também outros órgãos que compõem o trabalho de combate aos incêndios, para o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, essa tecnologia vem para somar ainda mais nas ações. O subcomandante geral dos Bombeiros no Estado, coronel Artemison Monteiro de Barros, ressaltou a importância do projeto.  

Anderson Gallo/ Diário Corumbaense

Subcomandante geral dos Bombeiros em MS, coronel Artemison Barros, destacou importância da tecnologia para o trabalho de campo

“O Pantanal vem sofrendo com os incêndios florestais há muito tempo. Nós, Corpo de Bombeiros, somos sensíveis a essas ações, damos respostas para esses combates de incêndios e precisamos de parceiros, que são todos, a sociedade, fazendeiros, homem do Pantanal, a Prefeitura, Ibama, entre outros setores que são parceiros. Esse projeto é inovador, traz uma nova realidade, visão mais sensível, apurada e rápida das respostas que a gente pode dar a nível dos incêndios florestais. Vamos ter sucesso com esse projeto inovador”, destacou o coronel Barros.

Já o comandante do 3º Grupamento de Bombeiros, em Corumbá, o major Flávio Elias Ribeiro, frisou o uso da tecnologia associada ao conhecimento dos bombeiros e dos brigadistas que atuam no combate direto ao foco de calor. Segundo ele, os impactos dos incêndios já podem ser sentidos desde agora no Pantanal.  

“Já estamos sentindo os impactos dos incêndios com a operação Pantanal, há 12 dias, onde temos focos de grande proporção no Passo do Lontra. Estamos no controle da operação e do incêndio. Esse sistema com as câmeras, será útil para os bombeiros, justamente para plotar o início do incêndio e essas informações serão repassadas para nós e vamos colocar nossa equipe onde começa o fogo para não se propagar. É o uso da tecnologia associada ao conhecimento dos bombeiros que é de suma importância para todos nós. Temos no Pantanal, brigadistas formados, com essa tecnologia conseguiremos enviar equipe para onde acontece o fogo, que combatido logo no início, não se propaga”, disse o comandante dos Bombeiros de Corumbá ao Diário Corumbaense.

Divulgação/IHP

Instituto Chico Mendes deu apoio à instalação das torres que abrigam as câmeras

Incêndios nos últimos dois anos

Os incêndios de 2020 no Pantanal foram os piores da história do bioma, resultando em mais de 26% de seu território consumidos pelo fogo, atingindo principalmente o Pantanal norte (Poconé, Barão de Melgaço e Cáceres), e a Serra do Amolar no Pantanal Sul. Já em 2021, apesar de proporções menores, 12,6% do bioma foram consumidos pelo fogo, desta vez, concentrados principalmente no Pantanal Sul, na região de Corumbá, Miranda e Aquidauana.

Em 2021, o Pantanal teve 1.945.150 hectares consumidos pelas chamas, índice 49,7% menor comparado a totalidade de área queimada em 2020, que teve o total de 3.909.075 hectares (26% do bioma) queimados. Os dados de 2021 são valores aproximados, informados pelo LASA/UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais), da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O Abrace o Pantanal é parte de uma iniciativa ainda maior chamada Abrace a Floresta, que traz a visão holística de monitoramento e gestão do combate a incêndios em tempo real, além da proteção da biodiversidade por meio da plataforma integrada para gestão do combate a incêndios florestais Pantera®.

Atualmente, cerca de 20% das emissões mundiais são provenientes dos incêndios florestais e os esforços da umgrauemeio após o lançamento desta primeira fase, estão em ampliar a área preservada no Pantanal e estender o projeto também a outros parques e reservas nacionais, como por exemplo a Chapada dos Veadeiros (Goiás) e Chapada dos Guimarães (MT), além de áreas da Amazônia.