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Delcídio dispara contra PT e Dilma e diz que vê com preocupação novo governo

Campo Grande News em 17 de Maio de 2016

Em entrevista que durou 1 hora e meia, Delcídio do Amaral, senador cassado e ex-petista, falou sobre sua delação na Lava Jato, a perda do mandato, consequências da prisão e encerrou disparando contra o Partido dos Trabalhadores, a presidente afastada Dilma Rousseff, mas também avaliou o governo de Michel Temer (PMDB), vice que assumiu o País interinamente. O ex-senador concedeu entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Para o ex-congressista, Dilma não retorna mais ao governo. “Ela perdeu condição política, vai para a aposentadoria”, disse, ressaltando que a presidente teve “pensamento tosco”. “Eu e até mesmo o Lula alertamos muitas vezes, mas entrava por um ouvido e saía pelo outro”, disse, ponderando que os 55 votos contrários a Dilma “demonstram” a situação complicada. “A tendência é que o placar aumente”. Delcídio assumiu a liderança do governo no Senado meses antes de ser preso.

Reprodução/TV Cultura

Delcídio respondeu às perguntas e falou sobre Temer, Calheiros, Dilma, Lula e Bumlai

Sobre o PT, onde permaneceu por 15 anos, Delcídio disse que o partido “perdeu o brio” e precisa fazer uma “revisão dos conceitos”. Também disparou contra o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, a quem chamou de “bizarro”. “Não tem condição para comandar o PT”.

Renan Calheiros, presidente do Senado, também foi alvo das críticas. Chamou o parlamentar de "cangaceiro", lembrando que o parlamento é presidido por alguém que tem "12 processos nas costas". Também falou sobre a participação do PMDB no esquema da Lava Jato e nomes do partido serão revelados durante o desenrolar das investigações.

Governo Temer

Ponderando o tom em relação ao presidente em exercício, o ex-senador disse que o vice “tem um grande desafio pela frente”, mas criticou a escolha de alguns ministros, a exemplo de Minas e Energia. “Alguns ministros são fraquinhos. Tem de colocar gente que saiba”. Também falou que Temer não tem base social. “Temos que torcer que dê certo, mas os primeiros passos preocupam muito”.

Corrupção sempre existiu

Sobre o escândalo que explodiu no governo do PT, o ex-senador disse que a corrupção na estatal acontece há tempos, mas se tornou sistêmica nos últimos 12 anos. “o processo foi crescendo desde outros presidentes. A diferença é que aí começou haver uma atuação sistêmica e partidária, criou um nível mais amplo. Isso é inegável, vem numa evolução para um quadro sistêmico”.

Crise

O ex-senador sul-mato-grossense Delcídio do Amaral afirmou que a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) era mal assessorada e, por isso, acreditava que a crise política não a atingiria, assim como as investigações e denúncias em torno da Operação Lava Jato.

Culpa

O ex-senador admitiu ter culpa na tentativa de obstrução da Lava Jato, que investiga desvios na Petrobras, e que ainda tem mais informações que tornará públicas. Delcídio foi bastante questionado a respeito das ações que o levaram à sua prisão, em novembro passado. Ele foi pego por conta de uma gravação em que oferece ajuda financeira e plano de fuga para Nestor Cerveró, investigado e delator da Lava Jato, segundo ele, tratou de uma “conversa com uma família em situação precária”.

“Eu sou culpado disso, já admiti antes e falo agora, e vou ter de responder na Justiça por isso”, disse. Sobre mais conteúdo, cujo detalhes “são extremamente relevantes”, em suas palavras, o ex-congressista disse que o tornará público “tão logo” for possível. Ele se referiu a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios, que investigou ao escândalo que ficou conhecido como mensalão.

O ex-senador afirmou a questão quando questionado se seria verdade que teria enterrado documentos sobre o colegiado em sua fazenda em Mato Grosso do Sul. “Se está enterrado não posso falar, mas que vou tornar público, eu vou. E trazer com detalhes extremamente relevantes”.

Também respondeu a perguntas sobre José Carlos Bumlai, preso pela Lava Jato, e como o pecuarista teria conhecido o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Delcídio disse que os dois se conheceram na ocasião da gravação de um programa eleitoral, voltado para o agronegócio, sugestão, segundo o ex-senador, do ex-governador do Estado e deputado federal, Zeca do PT. “A gravação foi feita em uma das fazendas do Bumlai. A partir daí, a relação dele com Lula ficou muito mais próxima”. O pecurista é alvo de investigações sobre um supostas negociações fraudulentas.

Delcídio do Amaral ainda comentou uma postagem em rede social, da filha Maria Eduarda Amaral, que revelou seu ponto de vista sobre a vida do pai e como a política era uma paixão dele que a obrigou a se acostumar com a ausência. Disse também sobre momentos difíceis vividos pela família durante a prisão do pai.

Delcídio foi breve, se emocionou e disse que se sente culpado. “Me sinto culpado. O desabafo dela é um retrato do que vivemos. A responsabilidade foi minha. Ela tem razão”.  No relato, a filha também falou sobre como o pai padeceu fisicamente após a prisão e reclamou de violentos ataques que recebeu pelo celular, com injúrias e mesmo ameaça de agressão.