Campo Grande News em 02 de Dezembro de 2015
O chefe de gabinete de Delcídio do Amaral (PT), Diogo Ferreira, teria confirmado em depoimento à Polícia Federal, na última semana, que o senador teve acesso a duas delações premiadas, a do lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano; e à minuta da delação de ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, aceita pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na semana passada.
Conforme Diogo Ferreira disse à PF, essas delações teriam sido repassadas a Delcídio pelo ex-advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, que também está preso no Rio de Janeiro, segundo informações da TV Globo e portal G1. O Campo Grande News tentou contato com a assessoria do senador Delcídio em Brasília para confirmar as informações sobre o depoimento de Diogo Ferreira, mas não foi atendido.
Delcídio do Amaral foi preso no dia 25 de novembro, após uma gravação entregue por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, à Procuradoria-Geral da República, na qual o senador aparece oferecendo propina de R$ 50 mil por mês à família e um plano de fuga para que o ex-diretor não firmasse acordo de delação premiada com o Ministério Público.
Desfiliação
O senador Delcídio do Amaral (PT) estaria pensando em pedir desfiliação do Partido dos Trabalhadores. A informação é do presidente estadual da sigla de Mato Grosso do Sul, o ex-deputado Antonio Carlos Biffi, que visitou o parlamentar na terça-feira, na sede da Polícia Federal, em Brasília.
Com a desfiliação do Partido dos Trabalhadores, Delcídio evitaria o processo de expulsão no Diretório Nacional da legenda, que deve se reunir nesta sexta-feira, 04, em São Paulo para debater o assunto. O presidente nacional Rui Falcão já anunciou que vai encaminhar pelo pedido de expulsão do senador, considerando que Delcídio teria traído o partido e o governo.
No entanto, o PT de Mato Grosso do Sul segue unido no apoio ao senador Delcídio do Amaral, preso, como foi evidenciado na terça-feira quando Biffi e os deputados federais Zeca do PT, Vander Loubet e Dagoberto Nogueira PDT) foram visitar o senador na Polícia Federal.
O presidente estadual do PT/MS disse que o partido não pode esquecer a trajetória do senador nos 12 anos de mandato e o trabalho realizado para Mato Grosso do Sul, em que todos os municípios foram beneficiados. “Continuamos solidários a Delcídio e ele vai se defender na justiça e trabalhar pela sua absolvição”, comentou Biffi. Caso Delcídio decida mesmo pela desfiliação do PT, Biffi deve apresentar a carta do senador na reunião do Diretório Nacional nesta sexta-feira em São Paulo.
Cassação
Durante entrevista ao Jornal das Sete, na rádio FM Educativa UCDB, Biffi revelou também que Delcídio teria manifestado estar ciente que dificilmente escapa da cassação no Senado. Ontem mesmo, líderes dos partidos de oposição protocolaram, no Conselho de Ética da Casa, representação contra o senador Delcídio do Amaral por quebra de decoro parlamentar. O documento foi assinado apenas pela Rede Sustentabilidade e o PPS, mas é acompanhado de um ofício em que PSDB e DEM manifestam apoio à representação.
Segundo o líder do Rede, senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP), a opção de PSDB e DEM não subscreverem diretamente a representação foi estratégica. “Se todos os partidos de oposição assinassem, obviamente não sobraria nenhum com possibilidade de relatar o processo”, explicou ele à Agência Brasil.
A partir de agora, o presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto (PMDB-MA), terá até cinco dias úteis para decidir se arquiva o pedido ou dá seguimento. Se ele optar pelo arquivamento – como tem feito em todas as últimas representações no conselho –, os senadores podem recorrer ao plenário do colegiado para decidir pela continuidade do processo.
Se a opção for o prosseguimento da representação, será aberto prazo de dez dias úteis para Delcídio apresentar defesa prévia. Em seguida, mais três dias de prazo para que o relator seja escolhido por sorteio. Uma vez conhecido o relator, ele terá cinco dias úteis para apresentar um relatório preliminar, que será votado pelo plenário do conselho em até mais cinco dias úteis. Só então será decidido o início ou a rejeição do processo de cassação no Conselho de Ética.
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