Rosana Nunes em 04 de Setembro de 2024
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Com -0,21 cm nesta quarta, rio Paraguai está 2,23 metros abaixo do nível de redução
A marca desta quarta-feira, na região, mostra que o rio está 2,23 metros abaixo do nível de redução, que é a profundidade de referência que garante segurança para quem navega utilizando as cartas náuticas. Ao longo de 2024, a régua de Ladário registrou altura máxima de 1 metro e 47 centímetros do rio Paraguai (nos dias 05 e 06 de maio). Passado esse pico, o nível só fez baixar.
Em Forte Coimbra, onde há outra estação de medição, o nível negativo é de 1,50 metro, o pior índice desde 2021 também. Naquela região, este ano, o rio começou a registrar nível negativo em 15 de junho.
Boletim do Serviço Geológico do Brasil (SGB) aponta que as cotas estão abaixo da faixa de normalidade e revela que cenário semelhante só foi observado nos anos mais secos da história.
"Historicamente, as mínimas mais baixas são observadas entre setembro e outubro. Contudo, devido à intensidade e à persistência da estiagem, o nível do rio deve continuar caindo, podendo atingir valores próximos às mínimas históricas (entre -32 cm e - 61 cm) no encerramento do período de vazante, que pode ocorrer ao final de setembro ou mais tarde, dependendo de quando começará a estação chuvosa na bacia”, explica o pesquisador em geociências Marcus Suassuna.
Abaixo de zero
O fato de a régua marcar altura abaixo do zero não significa que as pessoas podem "atravessar a pé" o rio Paraguai. A explicação para isso é que a régua foi instalada num local de fácil leitura (margem direita do rio), assim, o zero da régua não corresponde ao local mais profundo.
Mesmo com o nível do rio Paraguai, em Ladário, atingindo a marca de zero centímetro, nesse local teria uma largura de aproximadamente 250 metros e uma profundidade média de 4 metros. Daí a explicação para o fato dessa régua já ter registrado valores negativos, como ocorreu em 1964, quando o nível ficou 61 centímetros abaixo do zero da régua de medição.
O boletim do SGB, de 28 de agosto, traz prognóstico de chuva insignificante nas próximas duas semanas. Caso se confirme, essa projeção "combinado com a tendência observada nos últimos dias, indica continuidade do processo de vazante em Cáceres, Ladário, Forte Coimbra e Porto Murtinho, e redução dos níveis em todos os outros locais".
Impactos
Os impactos da seca severa são evidentes em vários setores. Para a navegação, o baixo nível do rio afeta diretamente a movimentação de embarcações de maior profundidade, que enfrentam dificuldades para navegar em trechos críticos. No setor de saneamento, os níveis baixos dificultam a captação de água e levam à necessidade de implantar bombas flutuantes para manter o abastecimento regular.
Além disso, o meio ambiente também sofre com essas condições, pois a redução do fluxo de água intensifica a degradação dos habitats aquáticos e aumenta a concentração de nutrientes, com risco de ocorrência do fenômeno da “decoada”, que implica em elevada mortandade de peixes nos rios do Pantanal.
Com informações do Serviço Geológico do Brasil.
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