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Seca histórica do rio Paraguai pode se agravar ainda mais, diz boletim do SGB

Rosana Nunes em 17 de Outubro de 2024

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

De outubro de 2023 a setembro de 2024, foi registrado um déficit acumulado de 395 mm de chuvas

A cada dia o rio Paraguai segue registrando novas mínimas históricas na régua do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, órgão subordinado ao Comando do 6º Distrito Naval de Ladário. O cenário é de seca extrema na região pantaneira.

Nesta quinta-feira, 17 de outubro, o nível do rio chegou à marca negativa de 69 centímetros e se encontra a 2,71 metros abaixo do nível de redução – profundidade de referência que ainda garante segurança para quem navega utilizando as cartas náuticas.

Essa situação, segundo o último boletim do Serviço Geológico do Brasil (SGB), é resultado das chuvas abaixo do normal na região do Pantanal e pode se agravar ainda mais. “Com base no prognóstico e nas informações passadas, é provável que o nível do rio em Ladário continue baixo e, considerando os anos mais críticos, pode permanecer abaixo de 10 cm até a primeira quinzena de dezembro. Isso sugere que o rio pode descer ainda mais ou se manter nesse patamar crítico por algumas semanas”, indica o relatório.

Para as próximas duas semanas, há previsões de um total de 32 mm de chuva, aponta o SGB. Caso se concretize, pode sinalizar o início da recuperação dos níveis, principalmente nas regiões de Cáceres, Ladário, Forte Coimbra e Porto Murtinho.

O rio Paraguai, em Ladário, vive a maior seca desde 1900, quando os dados passaram a ser registrados pela Marinha do Brasil. O recorde histórico da vazante na região era 61 centímetros negativos alcançados em setembro de 1964. O maior ciclo de seca registrado no Pantanal foi de dez anos consecutivos (1964 a 1973).

Referência 

Monitorando o comportamento do rio Paraguai desde 1900, a estação da Marinha do Brasil no município vizinho de Corumbá, é considerada referência termômetro para medir o grau da estiagem no bioma Pantanal. São duas as razões para isso: a primeira, por ter a série de dados mais longa da bacia, o que é fundamental para analisar o comportamento do rio e embasar previsões. A outra é porque a estação serve como referência para a Marinha na análise das condições para navegação e definição de medidas de restrições.

Durante a estação chuvosa – outubro de 2023 a setembro de 2024 –, foi registrado um déficit acumulado de 395 mm de chuvas. O total estimado foi de 702 mm, enquanto a média esperada seria de 1.097 mm. De 2020 a 2024, o déficit acumulado foi de aproximadamente 1.020 mm, valor equivalente ao total de um ano hidrológico, ou seja, é como se, nos últimos 5 anos, tivesse faltado um ano inteiro de chuvas.

O valor da cota abaixo de zero não significa a ausência de água no leito do rio, explica o Serviço Geológico. Esses níveis são definidos com base em medições históricas e considerações locais, sendo que, mesmo quando o rio registra valores negativos, em alguns casos ainda há uma profundidade significativa. No caso de Ladário, por exemplo, abaixo da cota zero, o rio Paraguai ainda possui cerca de 5 metros de profundidade, conforme dados da Marinha.

Com informações do SGB.  

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