Marquês de Sapucaí retrata batalhas, herança e legado deixado pelos Guaicurus

A primeira noite de desfile das escolas de samba de Corumbá, na passarela do samba, foi aberta pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente Marquês de Sapucaí, neste domingo (11). A agremiação trouxe em seu desfile exaltação a história dos Guaicurus. 

Buscando uma boa colocação no Carnaval de Corumbá, já que foi a última no ano passado, a escola apostou no enredo: “Sou Guerreiro Valente Guaicuru - A Minha Resistência foi para sua Existência”. A Marquês se apresentou com 700 componentes, distribuídos em 15 alas e quatro carros alegóricos.

Mostrou em seu desfile quatro setores. No primeiro, foi mostrada a criação dos Guaicurus, etnias rivais, e como era seu território antes da chegada dos invasores. No segundo, contou a chegada dos colonizadores em busca das riquezas no território Guaicurus, onde foram travadas as batalhas sangrentas e diversas tentavas de evangelização.

O terceiro setor mostrou o que foi deixado como herança pelos Guaicurus, e o que se está fazendo com esse território conquistado com garra e coragem. O quarto, foi uma homenagem aos indígenas guerreiros e toda a gratidão por tudo que fizeram para que hoje, esta região fosse habitada.

A presidente da Marquês, Odeti Brincker de Oliveira, veio à frente pedindo passagem, para a escola, seguida da comissão de frente, demonstrando “A Criação”, que apresentou o surgimento do povo Guaicurus, com o espírito da ave carcará, que se tornava corpo indígena, e, através de seu canto, implorava ao criador pela criação dos Guaicurus, povo guerreiro que recebe a lança como instrumento de suas batalhas, como foi mostrado. A coreografia foi baseada em batalhas de guerra indígenas, utilizando-se das lanças como adereço de mão, representado por um vazo indígena.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, veio como os Paiaguás. A porta-bandeira, Julia Soares representou Maria Dominga Miranda, a última indígena Paiaguá, falecida em 1943. O mestre-sala, Victor Hugo, também fez homenagem ao último indígena Paiaguá, sendo todos mortos em meados de 1940 por soldados paraguaios e em decorrência de epidemias.

Em todo o desfile, a agremiação se preocupou em recontar os caminhos e também batalhas enfrentadas pelos Guaicurus, que ficaram conhecidos como índios cavaleiros que, além de cavalgar se aperfeiçoaram na caça, saqueavam outras aldeias, principalmente as dos guaranis e tribos dos territórios dos espanhóis, que se dedicavam à agricultura. Tinham também o ato de escravizar quem não era ao seu favor.

A Sapucaí chamou a atenção para as queimadas que tanto agridem o Pantanal, causada por ação humana. Território esse, onde os Guaicurus lutaram bravamente para defender. O rio Paraguai também foi fonte de energia, para que a agremiação passasse pela passarela do samba.

A bateria, com 60 ritmistas, comandada pelo mestre Mario Luciano, fez uso do recuo.

Eles vieram como “herança guaicuru”, hoje os kadwéus, prestam homenagem aos guaicurus, pois são considerados os herdeiros dos hábitos e costumes. À frente, a rainha de bateria, Kevelyn Aragão, com a fantasia Soberania Guaicuru, representando a resistência através do tempo dos guaicurus. Ela esbanjou simpatia ao público.

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