Portal de Notícias de MS em 18 de Julho de 2024
Saul Schramm/Governo do Estado
Em meio ao Ipê roxo, casal de tuiuiús, ave símbolo do Pantanal
A maior parte desse complexo fica em Mato Grosso do Sul, onde o olhar do repórter fotográfico Saul Schramm se deparou com vida abundante. Os flagrantes feitos em Corumbá revelam como estão animais como jacarés, veados, tuiuiús, tucanos e garças, parte deles em lugares onde o fogo não chegou.
Além da fauna e flora, o Pantanal tem os ribeirinhos, funcionários das fazendas e aqueles que vivem do turismo. De acordo com o vice-presidente da Acert (Associação Corumbaense das Empresas Regionais de Turismo), Ademilson Esquivel, o setor é responsável por 1.000 empregos diretos e R$ 45 milhões injetados por temporada só em folha de pagamento. São associados: 19 barcos hotéis, 2 barcos de passeio, 3 hotéis, 1 concessionária e 1 loja de equipamentos náuticos.
Saul Schramm/Governo do Estado
Bioma tem cerca de 150 mil km², com 90 mil deles no Pantanal de Mato Grosso do Sul.
Segundo o presidente da Fundtur-MS (Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul), Bruno Wendling, os incêndios chegaram a poucas áreas turísticas e o segmento não sentiu impacto. “Não há apontamento de prejuízo. Pode haver um ou outro cancelamento ou remanejamento localizado. O importante para nós é comunicar com clareza para o turismo como está a situação”, afirma. “Nas pousadas do Pantanal, especialmente nos municípios de Aquidauana e Miranda, onde são realizados os safáris, não há presença de fogo nem de fumaça”, acrescenta.
A recomendação é que operadores, agentes de viagens e turistas entrem em contato diretamente com as propriedades hoteleiras (pousadas, barcos hotéis e hotéis da região) antes de realizar qualquer mudança na programação das viagens. Corumbá é o 2º maior destino turístico de Mato Grosso do Sul, perdendo apenas para Bonito.
Incêndios
Saul Schramm/Governo do Estado
Bombeiros combatendo o fogo em junho, quando maior número de focos foi registrado
As imagens das chamas na planície rodaram o mundo em junho e vieram para assustar. Na ocasião, os focos estavam muito perto da área urbana de Corumbá. Quem passava pela BR-262, caminho obrigatório para quem vai por terra à cidade, encontrava incêndios logo ao lado da pista.
Pior ainda foi a cena do tradicional Arraial do Banho de São João, do contraste da festa popular com um incêndio ao fundo, do outro lado do rio Paraguai, o que gerou diversas críticas. Na ocasião, a fumaça invadiu a cidade e percorreu enormes distâncias.
Sedento de água e repleto de material combustível, a maior área úmida do planeta secou e se tornou suscetível aos incêndios, que tomaram uma dimensão preocupante dada a importância do bioma.
Mas a chegada de uma frente fria e a ação efetiva dos bombeiros militares de Mato Grosso do Sul, com auxílio da Força Nacional, além de agentes do Ibama, ICMBio, fuzileiros navais, policiais militares e brigadistas do Prevfogo, controlaram o avanço dos incêndios e trouxeram alívio.
Pelo céu, veio ajuda, mas a água que caiu foram de aeronaves: das cinco Air Tractor (1 do Corpo de Bombeiros Militar de MS e outras 4 do ICMBio), dois helicópteros da CGPA (Coordenadoria Geral de Policiamento Aéreo), 1 helicóptero do Ibama, dois helicópteros “Pantera” e 1 helicóptero “Cougar”, do Exército Brasileiro, além do cargueiro KC390, da Força Aérea Brasileira.
Por terra, estão sendo empregados 4 caminhões de combate a incêndio e 16 caminhonetes do Corpo de Bombeiros Militar, 10 caminhonetes da Força Nacional, todas equipadas com kit pick-up, mochilas costais, sopradores e equipamentos de proteção individual.
Heróis anônimos
Na linha de frente de combate aos incêndios estão homens e mulheres que anonimamente atravessam o dia e a noite arriscando a vida em defesa do Pantanal. São pessoas como o soldado Gabriel Lobo de Oliveira, que passou dois dias combatendo um incêndio na região do Abobral, no Porto da Manga.
“No primeiro dia, fizemos todo o planejamento e combate, mas na madrugada, infelizmente, o incêndio pulou o aceiro e fizemos um novo planejamento para esse combate. Mesmo cansado, a gente aprende a não desistir. A vontade é de fazer acontecer, realizar nosso serviço e não deixar que essas coisas acabem com nosso treinamento. O sentimento que a gente tem é de resiliência. Mesmo que algo ruim aconteça, a gente tem que continuar. No incêndio florestal não é sempre que a gente ganha, a gente perde muito, mas o que faz a gente ganhar é não desistir e aplicar sempre os nossos conhecimentos”, contou o soldado Lobo.
“Sempre quando se consegue debelar incêndio, mesmo que seja cansativo, o sentimento que vem depois é imensurável. Dá até vontade de chorar, depois que tudo dá certo”, finaliza.
Saul Schramm/Governo do Estado
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