Leonardo Cabral em 16 de Julho de 2024
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Ministros e o governador do Estado durante coletiva de imprensa
A comitiva interministerial sobrevoou área atingida pelas queimadas. Em território sul-mato-grossense, o fogo já afetou mais de 500 mil hectares. Além do novo sobrevoo, os ministros também visitaram a base do Prevfogo/Ibama, instalada no Parque Marina Gattass.
Boletim semanal de combate aos incêndios florestais no Pantanal, elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, aponta que até o dia 14 de julho, dos 55 incêndios observados, 31 foram extintos e 24 ainda estão ativos, dos quais 22 estão controlados e apenas 2 permanecem em trabalho para controlar.
"Isso é resultado de um trabalho conjunto e de uma compreensão republicana de como se deve tratar o problemas e as soluções em benefício da sociedade e do meio ambiente e de uma política que faça um correto enfrentamento da mudança climática", disse a ministra Marina da Silva.
Waldez Góes também reforçou a importância do planejamento integrado e da força tarefa conjunta dos três níveis de governo nos bons resultados obtidos na região. “Esse é um caminho a ser seguido”, disse.
Ministra do Planejamento, Simone Tebet, ressaltou a união entre governos para garantir o combate aos focos de incêndio no Pantanal. "O que estamos vendo aqui é o que queremos para ao Brasil. O Brasil vai sucumbir diante de polarização e só tem futuro com a união. Eu vi hoje aqui o governo federal, governo estadual e o governo municipal de Corumbá e Ladário trabalhando conjuntamente. O presidente não quer saber de que partido é o governador de Mato Grosso do Sul, ele quer resolver os problemas", pontuou.
A ministra Marina Silva, além do extremo climático que agravou a situação, disse que são cerca de 20 pontos identificados como início de propagação dos incêndios florestais que estão sendo investigados.
“Tem todo processo de perícia técnica para saber a natureza dos incêndios, se foi criminoso, acidental, se tinha intenção de fazer, enfim, todas essas nuances que devem ser consideradas para que se possa fazer uma punição justa, parte de uma investigação competente e não que seja uma investigação assolada ou política. O processo de investigação tem a sua autonomia e não é feito sob encomenda, de qualquer jeito, para dar uma resposta. Isso não é justiça. Num governo republicano, a investigação acontece e está sendo rigorosa e devidamente investigada”, disse a ministra.
O governador Eduardo Riedel, agradeceu todo o empenho e esforço do governo federal, ressaltando o plano de ação do governo do Estado, no combate aos incêndios. Ele também falou sobre as investigações. “Tem 11 inquéritos civis públicos abertos das investigações da PF (Polícia Federal), com a Polícia Civil, e como disse a ministra Marina, essas ações vão continuar e vão ser desvendadas, e, eventualmente, os responsáveis serão punidos se for constatado o crime”, alertou.
R$ 137 milhões adicionais
O Governo federal publicou na sexta-feira, 12 de julho, Medida Provisória (MP) autorizando crédito extraordinário de R$ 137,6 milhões para os ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, da Justiça e Segurança Pública e da Defesa reforçarem ações de prevenção e combate aos incêndios no Pantanal. O recurso se soma a outros R$ 100 milhões liberados em junho para o bioma, que enfrenta a pior estiagem em 70 anos, intensificada pela mudança do clima.
Assinada pelo presidente Lula, a MP nº 1.241/2024 destina R$ 72,3 milhões para o MMA, recurso que será direcionado para o Ibama (R$ 38,1 milhões) e o ICMBio (R$ 34,1 milhões). O crédito será usado para contratação de brigadistas, aquisição de equipamentos de proteção individual e combate, pagamento de despesas de diárias e passagens e locação de meios de transporte. Também prevê apoio a Unidades de Conservação na região, entre elas, o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense e a Estação Ecológica do Taiamã, afetados pelos incêndios.
O Ministério de Justiça e Segurança Pública receberá R$ 5,7 milhões, que cobrirão despesas de mobilização da Polícia Federal (R$ 3,7 milhões) e do Fundo Nacional de Segurança Pública (R$ 2 milhões), como manutenção e abastecimento de viaturas, helicópteros, aviões e deslocamento de pessoal, entre outras.
Já R$ 59,7 milhões serão alocados na Defesa para apoio às atividades das Forças Armadas. O recurso custeará aquisições de bens de consumo e de investimento, além da contratação de serviços e outras necessidades logísticas e operacionais na região.
Cerca de 830 funcionários do governo federal atuam em campo no Pantanal, apoiados por 15 aeronaves. Entre elas, quatro aviões air tractors lançadores de água do Ibama e ICMBio e um KC-390 das Forças Armadas, com capacidade para carregar 12 mil litros de água.
Alerta
Os incêndios florestais no Pantanal que, apesar de terem sido reduzidos nos últimos dias, graças à ação conjunta em campo, aliada à queda da temperatura e ao aumento da umidade, devem voltar nas próximas semanas com o retorno do forte calor e do tempo seco na região pantaneira.
Historicamente o período de seca no Pantanal ocorre no segundo semestre, mas a mudança do clima e os efeitos do El Niño anteciparam e agravaram a estiagem. Em maio, a Agência Nacional de Águas declarou pela primeira vez situação crítica de escassez hídrica na região hidrográfica do Paraguai, a principal do bioma.
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