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Quebra-Torto com Letras é tradição na programação do FAS

Karina Lima - Ascom FAS 2023 em 10 de Novembro de 2023

Bruno Rezende/Governo do Estado

Quebra-torto é momento de compartilhar conhecimentos

A programação desta sexta-feira (10) do Festival América do Sul 2023 manteve uma tradição: união da literatura com a gastronomia. O Quebra-Torto com Letras foi realizado na sede do Instituto Moinho Cultural.

O dia começou com música, mais especificamente com o jazz do El Trio, formado por Adriel Santos, na bateria, Gabriel Basso, no contrabaixo e Gabriel Andrade na guitarra. Adriel Santos, ao final da apresentação, avaliou como uma experiência muito positiva associar as artes literária e musical. “O jazz se comunica bem com a literatura”, resumiu.

Logo depois, a conselheira do Instituto Moinho Cultura Sul-Americano, Silvana Mancilha, disse que o Quebra-Torto é um momento de compartilhar conhecimentos: “O Moinho e a Fundação de Cultura são parceiros há muitos anos e é uma honra, uma alegria, uma satisfação muito grande este momento de compartilhar conhecimentos e receber as pessoas para falar sobre literatura, as diversas linguagens, falar sobre a vida. É sempre uma alegria, é muito importante a gente fazer esses encontros, essa é a importância da cultura compartilhada”.

A coordenadora do Núcleo de Literatura e gerente do Patrimônio Cultural da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Melly Sena, lembrou que o Quebra-Torto é a ação mais tradicional do Festival. “Agradeço a vocês por estarem aqui nesta sexta-feira de manhã para ouvir música, principalmente prestigiar a nossa área de literatura, e depois degustar o nosso quebra-torto tão tradicional. Este é um evento que tem desde o início do Festival, é a ação mais tradicional do Festival. Gostaria de agradecer ao Moinho, que depois que o Quebra-Torto, em sua terceira edição, nos acolheu, não tem mais como sair do Moinho. O Moinho já faz parte da essência do Quebra-Torto, assim como o trabalho da Lídia Leite, que está preparando carinhosamente a refeição, o almocinho, o café da manhã pantaneiro”.

Primeiro autor a se apresentar, Eduardo Mendes explicou sobre sua entrada no universo literário. “Eu me considero com um pouco de estrada já caminhada na literatura. Escrevo desde 2009, vim me profissionalizar em 2011, conseguindo ganhar meu primeiro dinheirinho em royalties na Amazon, e minha inspiração em escrever vem da minha aptidão pelo desenho. Comecei com a ideia de ser quadrinista. Como eu desenhava desde muito cedo, tinha a intenção de produzir HQs. (Isso) Fazia mais sentido para mim naquela época, por causa da geração na qual eu vivi, mas por conta das divergências que eu venho enfrentando, que é muito dificultoso produzir um quadrinho, ainda mais sendo sozinho, migrei para a literatura e, a partir disso, comecei a produzir pequenos textos e desde então nunca mais parei”.

Bruno Rezende/Governo Estado

Ao final da roda de conversa com os escritores participantes, o público pôde conferir o delicioso quebra-torto

A veterana Lenilde Ramos, musicista e escritora, contou um pouco de sua história na sua família, no mundo das artes. “A literatura, praticamente eu nasci dentro dela. Eu tenho o privilégio de ter nascido numa casa que cultivava arte e cultura. Sou filha de ferroviário, meu pai era músico autodidata, na minha casa tinha uma biblioteca, tinha violão, tinha sanfona, tinha interesse por poesia, tinha o incentivo, meu pai me botou para estudar música. Meu pai falava assim: ‘você já faz poesia?’.”

“E dentro da escola eu era rato de biblioteca e fui migrando para diversas bibliotecas ao longo da minha vida em Campo Grande e em outros lugares. Eu era aquela menina na escola que o pessoal falava assim: ‘troco um lanche por uma redação. Você escreve uma redação para mim?’. Então, eu virei a redatora oficial da hora do recreio. Não imaginava que a literatura estava germinando de uma maneira tão forte dentro de mim. E o caminho que eu tinha era o jornalismo. Vou escrever, então, vou para o jornalismo, e do jornalismo aos poucos eu fui amadurecendo e migrei para a literatura. Foi um caminho bem natural, não tinha como escapar dele. A minha literatura ela é muito factual, é muito real. Eu não sei inventar uma história, eu sei contar uma história. O meu trabalho é todo em cima de trazer registros, trazer personagens, compartilhar a vida, a minha como a das outras pessoas”, acrescentou.

Última convidada a se manifestar, Mirian Alves se identificou como uma escritora negra de literatura negra brasileira. “Aprendi a escrever, tive uma infância de uma criança negra, uma menina negra. ‘Ai meu Deus que desgraça, apanhou, passou fome’. Não foi nada disso. Esse é o retrato que se tem de uma criança negra, esse é o imaginário de toda vez que se fala de uma infância negra. Não é o meu caso e não é o caso de muitas crianças negras. O meu objetivo atual, quando escrevo é inventar um outro imaginário social para esta nação. Que toda vez que se fala criança negra, é tirar essa questão que veio com a colonização, e continua invadindo nossas mentes de brancos, negros indígenas, invadindo nosso imaginário até pra gente mesmo se autoimaginar, até pra gente mesmo se autoprojetar no futuro”.

Literatura que liberta

“Eu tive livros, muitos livros, minha família me presenteava com livros. Na minha casa se brigava demais por livros porque alguém pegava um que o outro estava lendo. Eu sou uma escritora negra de literatura negra brasileira. Já me perguntaram: ‘quando você fala isso, você não acha que você está aprisionando sua criatividade?’ Aí eu digo que quem me aprisionou foram mais de quinhentos anos foi a escravidão. A literatura liberta. E quando eu falo literatura negra eu quero marcar este espaço”.

Fome de livros e de boa comida

Ao final da roda de conversa com os escritores participantes, o público pôde conferir o delicioso quebra-torto preparado com tanto carinho sob a orientação da Lídia Leite. Lídia trabalha no Festival América do Sul há 17 anos e é responsável pelo quebra-torto. “Cada dia a gente faz um tipo de comida. Hoje vai ser carreteiro, paçoca, farofa de banana, bolinho de chuva, feijão gordo, abóbora caramelizada e mandioca cozida e o bolo de chocolate para tomar com mate queimado. Faz parte já desde o primeiro Festival, porque o Quebra-Torto literário você tem no final a comida, se chama quebra-torto para demonstrar a nossa cultura, a nossa gastronomia pantaneira. Amanhã (11) vai ser macarrão de comitiva, que todo mundo ama, e eu adoro porque eu estou aqui há 17 anos com a minha equipe maravilhosa. Esse é um trabalho que temos que divulgar”.

Veja mais: https://www.festivalamericadosul.ms.gov.br/

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