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Polícia pede para que suspeito de matar garagista entre na lista da Interpol

Campo Grande News em 22 de Agosto de 2023

Reprodução

Thiaguinho do PCC sendo transferido para a capital Trinidad após prisão

A DHPP (Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios e Proteção à Pessoa) já entrou com pedido de extradição para Thiago Gabriel Martins da Silva, o “especialista” ou "Thiaguinho do PCC", preso durante uma operação policial na região de Santa Ana de Yacuma, na Bolívia, a 1.711 quilômetros de Mato Grosso do Sul. Ele é suspeito de matar o garagista Carlos Reis de Medeiros de Jesus, 52 anos, o "Alma", em Campo Grande. 

O delegado José Roberto de Oliveira, adjunto da DHPP, explicou que o trâmite é por meio judicial. O pedido para extradição envolve, inicialmente, a informação da prisão do acusado à Justiça, que posteriormente ordena que a Polícia Federal inclua o suspeito - no caso Thiago Gabriel - na lista da difusão vermelha da Interpol.

A difusão vermelha representa a possibilidade de prisão da pessoa que se encontra em país estrangeiro e contra a qual existe mandado de prisão expedido por autoridade brasileira. Como todo o trâmite também depende da justiça boliviana, ainda não há uma data prevista para a extradição de Thiaguinho do PCC.

No domingo, dia 20, ele foi encontrado por policiais da Felcn (Força Especial de Combate ao Narcotráfico) com outros dois bolivianos e um avião azul e branco com amostras de cocaína dentro. Thiago usava um colete no momento da prisão com várias granadas de guerra do tipo limão e uma munição M4, arma de grosso calibre para uso militar.

De acordo com o jornal El Deber, Thiaguinho e os dois bolivianos foram levados para a capital Trinidad, onde as investigações continuam. Durante a operação, um outro avião foi encontrado na região de Beni. A aeronave estava carregada com 406 kg de cocaína prontos para serem trazidos para o Brasil.

Histórico

Thiaguinho é filho de José Venceslau Alves da Silva, ou "Celau", homem com extensa ficha criminal e que tinha negócios com o garagista. Em um áudio obtido pela polícia, Alma teria revelado ter "despejado bastante dinheiro desse velho na praça", se referindo a Celau, que morreu em 2020. 

A partir de então, Thiago Gabriel - que estava preso por homicídio - progrediu para regime aberto e passou a cobrar Alma do valor que por "herança" teria direito. No entanto, não teve retorno. Foi então, conforme apurou a polícia, que Thiago apresentou Vitor Hugo de Oliveira Afonso, o "Primo", para o garagista.

O relacionamento entre eles ficou mais íntimo, tanto que Primo chegou a morar por aproximadamente dois meses na residência de Alma, no Tiradentes, entre setembro e novembro de 2021. Foi então que Primo começou a assessorá-lo nos negócios de compra e venda de veículos, também cobranças de agiotagem.

Para a investigação, a estratégia traçada por Thiago Gabriel visava monitorar a rotina de Alma, com ajuda de Primo, para ter acesso a todos os devedores do agiota e saber para quem o dinheiro de Celau foi emprestado.

Primo cobrava os devedores junto com o garagista. Um deles, Ademilson Cramolish Palombo, o "Alemão", devia alta quantia. Em novembro, durante uma das cobranças, o trio (Alma, Thiago e Vitor) teve uma discussão com Palombo, pois o devedor queria pagar R$ 160 mil, valor bem abaixo do devido. O garagista chegou a relatar nessa época para a esposa que sofreu ameaças de morte de Alemão.

Homicídio

Investigação da DHPP indica que Alma foi assassinado por Thiago Gabriel, que teve ajuda dos funcionários. Na data do desaparecimento, 30 de novembro de 2021, foi atraído para a oficina na Avenida Gunter Hans, na Capital, para tratar de negócios. Por ser comum o tipo de conversa entre eles, Alma não desconfiou. 

Ao chegar no comércio, o garagista estacionou a caminhonete S-10 na Avenida Gunter Hans e se dirigiu para o fundo da oficina, como era de costume. No local, estava Thiago, Primo, Rodrigo José Martins da Silva (irmão de Thiago) e outro funcionário.

Houve uma discussão, então Alma foi executado com aproximadamente três tiros em "pleno horário comercial", como discorre trecho da investigação. Depois, o corpo foi esquartejado, com apoio principalmente de Primo, que já teria cometido esse tipo de crime no Acre, sendo "fácil" para ele ocultar o corpo.

Depois, Thiaguinho do PCC chamou todos os funcionários, afirmando que "quem abrisse a boca teria o mesmo fim". O local foi lavado por um funcionário e depois o corpo foi levado para um lugar ainda desconhecido em uma caminhonete de cor prata. Até hoje, o corpo não foi encontrado.