Leonardo Cabral em 22 de Junho de 2022
Anderson Gallo/ Diário Corumbaense
Nilza diz que a fé em São João é que a ajudou a enfrentar problemas na vida
Outro ponto da festa são as celebrações religiosas na casa de devotos até o grande momento, quando os andores são levados até a prainha do Porto Geral, para a imagem de São João ser banhada nas águas do rio Paraguai. Uma tradição centenária, repetida a cada ano pelos festeiros, que remete ao batismo de Jesus Cristo por João Batista nas águas do rio Jordão.
Entre os devotos, está Nilza Hellensberger, de 60 anos. Há aproximadamente 16 anos, ela vem mantendo a tradição de celebrar São João Batista. Uma herança da mãe, que também era devota do santo.
Ao Diário Corumbaense, Nilza contou que a devoção começou ainda quando era jovem, pois a mãe sempre foi devota e uma das primeiras festeiras da rua Monte Castelo, entre os bairros Popular Velha e Aeroporto. Porém, foi num momento de bastante desespero, que ela se agarrou a São João.
“Meu filho nasceu sem falar e andar. Me vi desesperada e então pedi para que São João intercedesse por ele. Comecei o tratamento, mas ao mesmo tempo, pedia com muita fé. Foi então que, depois de algum tempo, ele andou e falou e vi a graça alcançada”, lembrou Nilza.
Desde então, Nilza se agarrou ainda mais a São João e a imagem do santo, que está em sua família há muito anos, mantém com muito carinho. “Meu pai, que era austríaco foi quem ganhou essa imagem que veio do Rio de Janeiro, passou pela Bolívia e veio parar em Corumbá. Ele ganhou de presente de um mestre de obras, mas como não sabia o significado da imagem e do santo, foi a minha mãe, que é boliviana, que começou a realizar as festas e levava a imagem para ser banhada no rio Paraguai. Desde pequena acompanhava junto com meus irmãos todo esse ritual”, menciona.
Crescendo e vendo a tradição na família, Nilza, depois de anos, teve mais uma prova de que São João não a abandona. Ela se agarrou à fé para pedir pelo filho, que havia quebrado um dos pés e corria o risco de amputar.
“Ele se acidentou com um prego e o pé quebrou. O médico tinha dito que teria que amputar, porém, eu, com minha fé e devoção mais uma vez recorri a São João. Por graça dele, meu filho hoje está no Exército e é pai de um lindo menino”, contou orgulhosa, mas sempre com sentimento de agradecimento.
O câncer
Alguns anos depois, Nilza foi pega de surpresa. Após a morte da mãe, ela foi diagnosticada com câncer de útero, aos 54 anos. Um momento da vida em que sentiu medo, mas a fé em São João foi maior, o que a fez vencer a doença.
Anderson Gallo/ Diário Corumbaense Emocionada, devota lembrou dos momentos em que São João não a abandonou
Em outro momento difícil, a filha, Kaesling Hellensberger, sofreu um acidente. “Eu nem sabia que ela tinha se acidentado, mas pressentia e na mesma hora pedi para que São João trouxesse a minha filha de volta. Foi aí que me avisaram do acidente. São João estava comigo e não me abandonou. A força da fé é gigante, ficou tudo bem com ela”, afirma Nilza.
Além desses fatos marcantes na família, Nilza menciona que a filha Kaesling, junto com os irmãos também se agarraram à fé em São João. Kaesling é a madrinha do andor da mãe. “ Assumiu quando a minha irmã partiu devido a pandemia, período em que mais dois irmãos se foram também. Foi um momento difícil”, afirmou emocionada ao relembrar.
Anderson Gallo/ Diário Corumbaense
Nilza deseja que tradição seja mantida na família com a imagem que pai austríaco ganhou de presente
Se a promessa é por sete anos, Nilza faz questão de lembrar que desde que começou, o desejo é não parar, pois além de reforçar a tradição, renova a fé.
“Ele cuidou de mim sempre e vai continuar. E, enquanto tiver força e saúde, estarei aqui celebrando meu protetor, o protetor da minha família. Espero que meus filhos sigam quando não estiver mais aqui”, desejou Nilza.
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