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Primeira mulher a assumir Comando do 6° BPM de Corumbá diz estar preparada para novo desafio

Leonardo Cabral em 08 de Março de 2022

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Tenente-coronel Letícia assume, oficialmente, o comando do 6º BPM na sexta-feira

“Chegou a vez de as mulheres comandarem, de serem gestoras”. É com essa frase que a tenente-coronel Letícia Raquel Lopes Ramos, primeira mulher a comandar o 6° Batalhão da Polícia Militar de Corumbá, comentou o novo desafio. Neste Dia Internacional da Mulher, 08 de março, o Diário Corumbaense conversou com a nova comandante, que assume o cargo na sexta-feira, 11, às 10h, na sede do quartel da corporação.

Neste primeiro momento, o principal passo é: “colocar os talentos no lugar certo”. Ou seja, adequar o efetivo que atualmente é composto por 97% de homens e 3% apenas de mulheres.

“Um desafio muito grande na minha carreira, por ser nomeada e ter a oportunidade de ser a primeira mulher a comandar Batalhão de Fronteira. É uma honra muito grande em ter essa confiança do meu comandante geral de ter estendido esse convite e, um aprendizado, que vou levar para a vida. Corumbá tem grande demanda, mas estamos mudando a dinâmica de policiamento, colocando os talentos no lugar certo. Policial com talento na Força Tática, lá ele vai permanecer. Talento com polícia comunitária, lá ele tem que estar. Nessa primeira semana estamos adequando o efetivo, colocando as pessoas certas nos lugares certos”, disse.

Formada em Direito, a nova comandante ingressou na Polícia Militar em 2003 e já exerceu cargos de comando na corporação, como nas cidades de Bataguassu, Chapadão do Sul, além de ter sido a primeira mulher a comandar a Força Tática de Dourados, bem como comandar ações de pente-fino no Presídio de Dourados.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Já trabalhando, nova comandante define a dinâmica de policiamento

Para Corumbá, ela se diz preparada, mas encara como aprendizado o trabalho que vem pela frente. “Temos a cultura que é diferente das outras cidades do nosso estado e também esse contato com a comunidade, que é bastante acolhedora, assim, como a minha tropa que é acolhedora. Para eles, é uma novidade serem comandados por uma mulher, aprendizado para mim e para meus policiais também. Vai nos exigir uma dinâmica grande nessas diferentes modalidades de policiamento. Cada comunidade, cada parte da região tem um aspecto de policiamento, por isso exige de nós maior estudo, para um resultado positivo”, falou a tenente-coronel Letícia.

Mulher no comando, cobrança maior

Pelo fato de ser a primeira mulher a comandar o 6° BPM, a comandante sabe que terá pela frente trabalho cobrado de forma dobrada.

“Como mulher sempre é prova dobrada. Nós somos motivadas a mostrar o melhor, fazemos essa cobrança dupla, de nós mesmas, além da sociedade nos olhar de forma desconfiada, na questão da produtividade, a gente se cobra muito no nosso meio. Mas, temos mostrado muitos resultados positivos. É uma cobrança maior, porém, a Polícia de Mato Grosso do Sul, já tem outras mulheres comandando. As mulheres que ingressaram na minha turma estão chegando ao posto de tenente-coronel. Temos a coronel Neide, primeiro coronel feminina, chegou a nossa vez de vir a ser gestoras. Temos mulheres se destacando muito”, se orgulha a tenente-coronel Letícia.

Com seu comando, ela espera servir como inspiração não só para as companheiras da Polícia Militar, mas também para as mulheres da sociedade.

“Hoje temos cinco mulheres no Batalhão. Espero que mais mulheres ingressem. O fato de as mulheres estarem alcançando o comando, as moças se sentem motivadas a ingressar na carreira. Se eu cheguei, as colegas chegaram, qualquer uma pode chegar ao posto de comando, mas com dedicação e disciplina”, incentiva a comandante. 

Região de fronteira

Com o quarto mais importante Batalhão da PM no Estado e quarta maior população também, Corumbá é dotada de uma dinâmica diferenciada, pois além da área urbana, área rural, Pantanal, há a fronteira  com  a Bolívia, onde existem os crimes transfronteiriços como tráfico de drogas, de pessoas, contrabando, descaminho entre outros.

"Temos que preparar o policial militar para saber lidar com os aspectos que a fronteira traz para a segurança pública que são justamente esses tipos de crime, mas principalmente o tráfico de entorpecentes, pois traz malefício para a comunidade. Não é somente a rota. Enquanto é rota passa e vai embora, mas aqui temos tráfico interno, o qual afeta a população, a segurança pública, o social, a saúde. O tráfico traz aumento de furtos, roubos, violência doméstica, então, é uma questão que vamos combater sim e muito", explicou.

E para fortalecer ainda mais essa segurança na fronteira, a tenente-coronel falou sobre o serviço de inteligência. “Estamos mudando a forma da Força Tática trabalhar, justamente para trazer essa segurança para a população. A minha sala estará aberta para a população, aos representantes de bairros para conversar, mostrando indicadores do policiamento otimizado, justamente combater aquele anseio da população, o que ela está necessitando”, finalizou.

Currículo

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Comandante Letícia ingressou na Polícia Militar em 2003

A tenente-coronel Letícia é natural de Tacuru/MS, é formada em Direito e ingressou na Polícia Militar em 2003. Foi a primeira mulher a comandar a Força Tática do 3º Batalhão de Dourados, com atuação em Patrulhamento Tático Urbano, Canil, Choque e Gerenciamento de Crise com atuação na região de fronteira com Paraguai, sendo também a primeira mulher a comandar tropa especializada em operações dentro da Penitenciaria Estadual de Dourados, comandou o pelotão de trânsito do 7º Batalhão de Aquidauana.

Trabalhou no Departamento de Operações de Fronteira – DOF, foi nomeada como Ouvidora da PMMS, atuou como Juíza Militar da Auditoria Militar Estadual, Comandou o Corpo de Alunos do Centro de Formação de Praças, com atuação na formação de Soldados, Cabos, Sargentos e Oficiais da PMMS, comandou a 7ª CIPM com sede em Bataguassu e a 4ª Companhia da PM de Chapadão do Sul.