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Bioma pantaneiro perdeu 29% da superfície de água entre as cheias de 1988 e 2018

José Câmara, do G1 MS em 29 de Setembro de 2021

Ricardo Martins

O bioma também perdeu para a agricultura e pecuária quase 5 milhões de hectares de mata nativa, conforme os dados do MapBiomas.

Em divulgação oficial desta quarta-feira (29), o MapBiomas mostra através de dados o cenário de seca que o Pantanal vive. Em 1988, o total do campo alagado chegava a 5,8 milhões de hectares; já em 2018 a área alagada foi de 4,1 milhões de hectares, 29% menor, conforme as informações da rede brasileira de dados e mapas. Já em 2020, o valor foi de 1,5 milhões de hectares, o menor nos últimos 36 anos.

Em razão das grandes variações de inundações no bioma, o problema pode ser muito mais grave, segundo diz o coordenador dos estudos do MapBiomas no Pantanal, Eduardo Reis Rosa.


"No final da série desses 36 anos, vemos esse ciclo de cheia mudando, e agora a gente passa por um período de seca que é a crise do extremo, extrema seca. Nos primeiros 10 anos de análise, o Rio Paraguai registrou um ciclo de inundação em mais meses do ano. A inundação no começo da série começava em novembro e ia parar em maio. Agora, na última grande cheia que ele teve, em 2018, praticamente só alagou de dezembro a janeiro", disse.

 

Planalto e planície

 

Rosa explica que os dados sobre a água no Pantanal levam em consideração os afluentes do bioma e a Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BHAP), que engloba parte do Cerrado e da Amazônia, onde estão as nascentes dos rios da maior planície alagável do mundo.

 

"A gente identificou nesses 36 anos de análise: o Pantanal ainda tem 84% do bioma preservado, com sua vegetação nativa com áreas de campestre, formação florestal, formação savânica. Já na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai, apenas 43% do planalto é de área natural, com área de vegetação natural, o restante é de pastagem e agricultura", detalha o pesquisador.

 

O pesquisador destaca que a perda significativa na área de planalto, na BHAP, para a agricultura e pecuária faz com que os rios no Pantanal recebam sedimentos gerados pela pastagem.

 

"Quando você tira a vegetação natural, você deixa o solo mais exposto e suscetível a erosão. É extremamente necessário a adoção de técnicas de conservação e de manejo de solo. Essas áreas que têm o uso mais intenso, é uma área que gera esse sedimento quando vem chuva. A chuva leva esse sedimento para rio, o rio acaba assoreando", aponta Rosa.

 

Ricardo Martins

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A interligação entre planalto e planície é fundamental para a preservação do Pantanal, aponta o pesquisador. "A perda de água e área nativa são associadas ao aumento dessas áreas de agropecuária. A área agrícola se expandiu sobre áreas consolidadas de pastagens, então a gente tinha grandes áreas de pastagem no início da série e a agricultura se expandiu sobre elas".

 

Conservar as nascentes e os rios pantaneiros, de forma única, é a saída viável, diz Rosa. "Precisamos ficar atentos aos ciclos de inundação", finaliza o pesquisador.


Em nota, o governo federal disse estar "cumprindo o compromisso internacional anunciado na Cúpula de Líderes sobre Clima". No comunicado, detalham que fortaleceram "as ações de fiscalizações e controle, e dobrou os recursos para os órgãos de fiscalização ambiental, Ibama e ICMBio. Foram acrescentados R$ 270 milhões aos R$ 228,1 milhões do orçamento anual do Ministério do Meio Ambiente". 

Sobre os incêndios, o governo disse: "em relação a incêndios, o Governo Federal suspendeu o uso do fogo para práticas agropastoris em todo o território nacional por 120 dias (julho-outubro) quando se acentua a ocorrência de incêndios florestais. Além disso, autorizou ação conjunta do Ministério da Justiça, Ministério do Desenvolvimento Regional e Ministério do Meio Ambiente com cooperação dos órgãos estaduais, chamada “Guardiões do Bioma”. São quase 6.000 homens trabalhando na prevenção e combate a incêndios na Amazônia, Cerrado e Pantanal através desse plano estratégico de atuação integrada".

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