José Câmara, do G1 MS em 29 de Setembro de 2021
Ricardo Martins
O bioma também perdeu para a agricultura e pecuária quase 5 milhões de hectares de mata nativa, conforme os dados do MapBiomas.
Em razão das grandes variações de inundações no bioma, o problema pode ser muito mais grave, segundo diz o coordenador dos estudos do MapBiomas no Pantanal, Eduardo Reis Rosa.
"No final da série desses 36 anos, vemos esse ciclo de cheia mudando, e agora a gente passa por um período de seca que é a crise do extremo, extrema seca. Nos primeiros 10 anos de análise, o Rio Paraguai registrou um ciclo de inundação em mais meses do ano. A inundação no começo da série começava em novembro e ia parar em maio. Agora, na última grande cheia que ele teve, em 2018, praticamente só alagou de dezembro a janeiro", disse.
Planalto e planície
Rosa explica que os dados sobre a água no Pantanal levam em consideração os afluentes do bioma e a Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BHAP), que engloba parte do Cerrado e da Amazônia, onde estão as nascentes dos rios da maior planície alagável do mundo.
"A gente identificou nesses 36 anos de análise: o Pantanal ainda tem 84% do bioma preservado, com sua vegetação nativa com áreas de campestre, formação florestal, formação savânica. Já na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai, apenas 43% do planalto é de área natural, com área de vegetação natural, o restante é de pastagem e agricultura", detalha o pesquisador.
O pesquisador destaca que a perda significativa na área de planalto, na BHAP, para a agricultura e pecuária faz com que os rios no Pantanal recebam sedimentos gerados pela pastagem.
"Quando você tira a vegetação natural, você deixa o solo mais exposto e suscetível a erosão. É extremamente necessário a adoção de técnicas de conservação e de manejo de solo. Essas áreas que têm o uso mais intenso, é uma área que gera esse sedimento quando vem chuva. A chuva leva esse sedimento para rio, o rio acaba assoreando", aponta Rosa.
Ricardo Martins
Pantanal, 1 ano depois: fotógrafo retrata resiliência após queimada histórica e impacto da seca
Conservar as nascentes e os rios pantaneiros, de forma única, é a saída viável, diz Rosa. "Precisamos ficar atentos aos ciclos de inundação", finaliza o pesquisador.
Em nota, o governo federal disse estar "cumprindo o compromisso internacional anunciado na Cúpula de Líderes sobre Clima". No comunicado, detalham que fortaleceram "as ações de fiscalizações e controle, e dobrou os recursos para os órgãos de fiscalização ambiental, Ibama e ICMBio. Foram acrescentados R$ 270 milhões aos R$ 228,1 milhões do orçamento anual do Ministério do Meio Ambiente".
Sobre os incêndios, o governo disse: "em relação a incêndios, o Governo Federal suspendeu o uso do fogo para práticas agropastoris em todo o território nacional por 120 dias (julho-outubro) quando se acentua a ocorrência de incêndios florestais. Além disso, autorizou ação conjunta do Ministério da Justiça, Ministério do Desenvolvimento Regional e Ministério do Meio Ambiente com cooperação dos órgãos estaduais, chamada “Guardiões do Bioma”. São quase 6.000 homens trabalhando na prevenção e combate a incêndios na Amazônia, Cerrado e Pantanal através desse plano estratégico de atuação integrada".
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