Coluna English Corner, com Regina Baruki (*) e Naudir Carvalho (*) em 13 de Novembro de 2020
A tragédia teatral Romeu e Julieta é tida como um dos textos mais influentes, não apenas da literatura inglesa, como também da expressão cultural humana – chegando ao ponto de Romeu, em diversas línguas, ter se tornado sinônimo de rapaz apaixonado. A tragédia dos dois adolescentes de famílias rivais foi readaptada e referenciada pelas mais diversas mídias.
Na música, temos a banda inglesa Dire Straits, com a faixa Romeo and Juliet, que aborda a história através de uma trova modernizada (que foi, inclusive, regravada pela banda The Killers, no início dos anos 2000); Daniela Mercury, com Rapunzel (o amor de Julieta e Romeu), que faz referência à peça em uma marchinha de Carnaval; a banda inglesa Hurts, com Rolling Stone, em que Julieta é apresentada como uma figura trágica em uma densa faixa de dark pop; a cantora Taylor Swift, com Love Story, que reconta a história aos moldes de um romance adolescente, com um final feliz.
Muitas crianças tiveram contato com a peça, também, por meio da adaptação para os quadrinhos de Maurício de Sousa, em que os personagens são interpretados por Mônica e Cebolinha. No âmbito infantil, o filme Gnomeu e Julieta: O Mistério do Jardim revisita a história, utilizando gnomos de jardim e músicas do Elton John. Em uma abordagem similar, temos O Rei Leão 2 – O Reino de Simba, sequência do filme da Disney que continua a história, com um casal formado por jovens leões de bandos distintos.
Os adolescentes de várias gerações tiveram suas respectivas versões: os dos anos 1960 tiveram o musical Amor, Sublime Amor (West Side Story), vencedor de dez prêmios da Academia. Na mesma época, foi lançada aquela que é considerada, por muitos, a versão definitiva da tragédia no cinema, por Franco Zeffirelli, em 1968. Posteriormente, em 1996, no auge da geração MTV, Baz Luhrmann adaptou a peça para o filme Romeu + Julieta, com todos os exageros estilísticos comuns à época, com Leonardo DiCaprio e Claire Danes nos papéis principais. Em 1998, tivemos Shakespeare Apaixonado, obra que mescla ficção com realidade e conta o surgimento da peça. Em 2014, foi a vez da cantora e atriz Hailee Steinfeld e o ator Douglas Booth interpretarem os amantes, em uma adaptação de Carlo Carlei, que empresta muitos elementos da versão de 1968. Uma nova versão de Amor, Sublime Amor, dirigida por Steven Spielberg, está prevista para 2021.
Uma história, com qualquer outro nome, não teria tanta longevidade e influência.
(*) Regina Baruki-Fonseca é professora do Curso de Letras do CPAN. Tem Mestrado em Língua Inglesa pela UFRJ e Doutorado em Educação pela UFMS.