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Alice in Wonderland

Coluna English Corner, com Regina Baruki (*) e Naudir Carvalho (*) em 04 de Maio de 2021

O livro Alice in Wonderland (Alice no País das Maravilhas), clássico da literatura inglesa, foi escrito por Charles Lutwidge Dogson, sob o pseudônimo de Lewis Carroll, e publicado em 1865. Sob a perspectiva imaginativa de uma criança, a obra trouxe, para o imaginário literário, variados elementos, que instigaram as mais diversas releituras. Algumas adaptações foram feitas nos primórdios do cinema mudo. No entanto, uma das primeiras e mais populares foi realizada em forma de animação, pelos estúdios de Wat Disney, em 1951, tornando-se muito popular nos anos 1960, ao ser um dos primeiros filmes animados do cânone do estúdio a serem televisionados. Essa não seria a única vez que o estúdio faria uma adaptação da história. Em 2010, Tim Burton estreou a sua versão: uma aventura aos moldes tradicionais, com alguns elementos visuais da história. O filme fez tanto sucesso que gerou uma sequência em 2016, com elementos do segundo livro, Através do Espelho.

O diretor surrealista checo Jan Švankmajer lançou sua versão em 1988, chamada Alice, em que uma perspectiva mais realista e visceral do universo de Carroll é apresentada ao espectador através do stop motion.  Tal adaptação não foi exatamente idealizada com crianças em mente. O mesmo pode ser dito de American McGee’s Alice, um videogame que traz uma versão macabra da história, com a personagem-título vivenciando devaneios em um sanatório. O jogo teve uma sequência em 2010, Alice Madness Returns, que trouxe mais passagens, personagens e cenários que mesclam o macabro com o surreal, assim como mecânicas de jogo com referências diretas às passagens do livro, como a habilidade da personagem de se encolher.

A leitura de Alice no País das Maravilhas e sua sequência, Através do Espelho, insere alguns elementos literários que instigam a imaginação do leitor. A psicodelia da história serviu de inspiração para a música White Rabbit, da banda de rock progressivo Jefferson Airplane, composição que aborda os elementos da história como uma viagem advinda de drogas entorpecentes. Outros artistas beberam da mesma fonte: Taylor Swift, na faixa Wonderland, fala sobre uma paixão que leva à loucura, tal como a do chapeleiro; Melanie Martinez relaciona-se mais diretamente ao personagem, na faixa Mad Hatter; Lady Gaga, na faixa Alice, coloca-se no papel da personagem, que se vê perdida, tentando encontrar o país das maravilhas; Heads Will Roll, da banda de rock alternativo Yeah Yeah Yeahs, reporta-se à Rainha de Copas, conhecida por cortar a cabeça dos seus oponentes.

O livro também deu origem a diversas outras expressões culturais. A primeira peça de teatro foi de 1886. Em 1979, foi realizada uma ópera. Em 2011, um espetáculo de ballet. Em 2015, uma versão modernizada do musical chamada Wonder.land foi levada ao público em terras inglesas. Mais recentemente, produziu-se o musical Alice by Heart. Na televisão, o livro foi adaptado em animação japonesa, Fushigi no Kuni no Alice, em 1988. A minissérie Alice, com elementos de ficção científica, foi lançada em 2009. Já em 2013, surgiu Once Upon a Time in Wonderland, série irmã de Once Upon a Time, que teve apenas uma temporada.

Expressões como ‘mad as a hatter’ e ‘down the rabbit hole’ foram inseridas no cotidiano da língua inglesa. ‘Mad as a hatter’, em português ‘maluco como um chapeleiro’, faz uma menção óbvia ao personagem Chapeleiro Maluco. ‘Down the rabbit hole’, traduzida por ‘descendo o buraco do coelho’, faz alusão a uma situação bizarra, confusa, com dificuldades físicas e/ou mentais. 

A cidade de Oxford possui uma rota turística inspirada na obra, que inclui a Alice’s Shop, que vende souvenires, pôsteres, ilustrações, reedições do livro, jogos de chá, biscoitos temáticos... todos inspirados no universo do País das Maravilhas.

O fenômeno cultural que perdura nessa obra, que transcende a própria mídia em que teve origem, é algo notável e expressivo. As manifestações culturais que expusemos são apenas algumas das muitas adaptações, releituras e referências ao livro no imaginário popular mundial. É uma obra inspiradora, rica e maleável, reverenciada em várias épocas, histórias, abordagens e tipos de mídia.

(*) Regina Baruki-Fonseca é professora do Curso de Letras do CPAN. Tem Mestrado em Língua Inglesa pela UFRJ e Doutorado em Educação pela UFMS. 

(*) Naudir Ney Carvalho da Silva é graduado no Curso de Licenciatura em Letras Português/Inglês do Campus do Pantanal.