Coluna Ampla Visão, com Manoel Afonso em 06 de Novembro de 2020
EVIDENTE! Ninguém decide entrar numa campanha eleitoral por espírito altruísta. A vaidade
e o sonho de poder afloram dentre os incontáveis interesses submersos das
candidaturas, independentemente das dimensões do cenário da disputa. No frigir
dos ovos as ‘boas intenções’ de doação à favor da comunidade ou Pátria, são apenas
retóricas de pretenso encantamento.
EXCEÇÃO? Dr. Enéas revelou: a entrada na política
deveu-se as reclamações de sua esposa, saturada de suas queixas do país/políticos.
Fundou o Prona em 1989 e disputou por 3
vezes ( 1989/1984/98) a Presidência da República ( 12º, 3º e 4º lugar) e em
2002 à Câmara; recorde; 1.570 mil votos em S. Paulo e reeleito em 2006 ( 4º
maior votação).
CREDIBILIDADE:
Enéas conseguiu passar isso aos eleitores já
decepcionados com tantas tragédias eleitorais e administrativas do país. Pelos
temas abordados e suas ideias a respeito, embora ignorado pelas velhas raposas
de outras siglas, encontraram eco nas
diferentes camadas sociais. Intelectual e patriota, exemplo raro de altruísta na política.
REJEIÇÃO: Ela decide o potencial dos candidatos no decorrer da disputa. Ela é a foto imutável
que o eleitor tem do candidato e que acaba definindo o seu potencial de sua
aceitação ao longo da campanha. Aí, não basta se ater aos números da parte
positiva das pesquisas. Contam também os índices de rejeição. Rejeitado não
cresce.
TRÊS
LAGOAS:
422 km de ruas asfaltadas, 218
km de terra e só 36 km de drenagem. Ângelo Guerreiro assumiu com 54% de esgoto e até o final de 2020 chegará
aos 87%. Pronto o projeto para o asfalto de 75 km, drenagem e galerias. O
prefeito investe num setor ignorado pelas gestões anteriores. Daí as pesquisas indicam
sua reeleição tranquila.
NO
RETROVISOR: Comerciante, com passagem pela Câmara
Municipal e A. Legislativa, Guerreiro defende a gestão pública técnica. Mas além
de sua formatação política, o carisma e sensibilidade na relação com a
comunidade pesam na avaliação das reivindicações e prioridades. Temos duas Três
Lagoas: antes e com Guerreiro prefeito.
BEM
ATUAL: Max Weber, guru
do ex-presidente Fernando H. Cardoso (PSDB) já pregava: “aqueles que buscam a salvação das almas, a
sua e a do próximo, não devem buscá-la nas avenidas da política”. Na contramão
do alerta, os políticos estão atrelados cada vez mais a religião. Aliás, a ‘Marcha para Jesús’ também tem esse
viés político.
FAVORITO:
Nem PT, nem MDB tem conseguido a ressurreição nas
pesquisas. O prefeito Marquinhos Trad
(PSD) mantém a musculatura e o
favoritismo na capital. Por conta do episódio conhecido Pedro Kemp (PT) acabou
no prejuízo . Quanto a Marcio Fernandes (MDB) - não encanta e nem deslancha. E
agora Puccinelli?
EM
BAIXA: O PT se
recupera dos desgastes? Em 2016 perdeu 374 cidades (60%) das 630 que administrava. Hoje sem
chances em São Paulo, Rio e Salvador ( as 3 maiores capitais). O PT perdeu o
monopólio da esquerda e a própria unidade. Pior: a direção nacional quer usar o
palanque eleitoral para fazer a defesa de Lula. Aqui em Campo Grande o
candidato petista ignora essa orientação.
CONCORRÊNCIA:
Outras vertentes da esquerda – com brilho
próprio, se colocam como representantes do anti-Bolsonarismo. A candidatura de Boulos (PSOL) em São Paulo é
fruto da dissidência; Manuela d’Avila (PCdo B) em Porto Alegre é outro exemplo
de que Lula, pelos seus erros, não dita mais a ordem unida da esquerda.
É
NATURAL!
Falso ‘mocinho’ na Casa Branca. Democrata ou republicano ele vai
priorizar os interesses ‘deles’. Portanto, sem razões os delírios críticos da
oposição contra Bolsonaro. O Brasil ainda é referência na questão ambiental,
produz o que o mundo precisa e consome - temos a China como outro grande
parceiro comercial.
OUTRO
POVO: Olhando as
eleições percebe-se o diferencial americano.
Outra cultura patriótica, história (a autonomia dos Estados) e as
influencias diferentes da nossa. Não chegaram ao topo por acaso. Após a
decisiva participação na 2ª. Guerra a liderança mundial foi alcançada. ‘A
América para os americanos’ enquanto nós da América Latina somos vistos como
‘cucarachas’. É assim que funciona.
DESENCANTO:
O torcedor que não sabe a escalação da seleção de futebol é igual ao eleitor desmotivado como mostram as pesquisas. Ele
deve colaborar com a abstenção através do voto nulo e branco. Lembrando
Platão: “Não há nada errado com aqueles que não gostam da política. Simplesmente
serão governados por quem gosta” (e aproveita).
MARQUETEIROS:
Alguns resolvem ser os donos da verdade,
produzindo planos de governo e pensando pelos próprios candidatos ao invés de
apenas trabalhar a linguagem dessas ideias.
Acham que tem a exclusividade de formulas mágicas de ilusionismo. Aí o
eleitor começa a desconfiar da sinceridade ou viabilidade de suas propostas. E
tchau!.
VEJA! A cada eleição uma lição. Apresentar um candidato não é com vender sabonete
onde a embalagem/perfume contam. Nas eleições nem sempre a propaganda é a alma
do negócio. Um exemplo: Enéas (Prona)
foi o 3º colocado na disputa presidencial (1984) com apenas 1 minuto e 17 segundos no
horário eleitoral sob os acordes da
Sinfonia nº 5 de Beethoven. Quercia (MDB) e Brizolla (PDT) ficaram atrás
dele.
PLANOS
& PROMESSAS: Candidato a cargo majoritário é obrigado,
desde 2010, a apresentar junto à Justiça Eleitoral o plano de governo.
Mas na pratica o ‘plano’ acaba sendo um
conjunto de promessas vagas sobre problemas
genéricos, sem comprovar os mecanismos de gerenciamento. O candidato vende uma
coisa e entrega outro produto.
UTOPIAS:
Pelas propostas de candidatos a prefeito da
nossa capital, são visíveis as ‘coincidências’ . Lembra o episódio
protagonizado pelas Câmaras Municipais - que ao invés de fato elaborar a Lei
Orgânica - terceirizaram à empresas que
negociaram o mesmo trabalho também para
outras cidades. Resultaram em Leis Orgânicas ‘siamesas’.
PROCEDE?
Circula nas redes sociais um questionamento
sobre a obrigatoriedade do exercício gratuito da função de mesário nas eleições
devido os riscos de contaminação do Covid 19. A pergunta é: se a função fosse
remunerada haveria vaga para aqueles que não são apadrinhados das autoridades
do Judiciário? Correr riscos de graça é
ruim.
‘MAR
VERMELHO’:
Nesta época de eleições abre-se o divisor de águas nas cidades
interioranas. A população faz suas escolhas e às vezes excede na defesa de seu
grupo e ideias. Período de turbulência, de posturas que podem comprometer
antigos laços de relacionamentos sociais.
A cicatrização das feridas só vem com o tempo ou sabedoria.
CIRO & LULA: A reconciliação entre o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o ex-presidente Lula (PT) capotará na primeira curva. O ego deles se equivalem. O primeiro tem protagonizado cenas hilárias nas redes sociais pelos excessos etílicos e palavrões. O segundo em grave crise existencial pelas derrotas na justiça. E ele continua pregando sua honestidade em pleno deserto.