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241 anos: “Mapa afetivo” propõe humanizar patrimônio histórico e cultural

Nelson Urt em 21 de Setembro de 2019

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Casario do Porto de Corumbá, tombado como patrimônio histórico

O Centro Histórico de Corumbá é um quadrilátero delimitado pela avenida General Rondon até a rua Cuiabá, e a rua Firmo de Matos até a rua Ladário. É uma área que está dentro do entorno de prédios históricos estabelecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas que a partir de 2020 terá uma regulamentação municipal própria.

A medida visa institucionalizar e preservar a arquitetura de prédios, casas, ruas e avenidas. Depois de uma audiência pública realizada em agosto na Câmara Municipal, agora integrantes da Fundação de Cultura e Patrimônio Histórico de Corumbá discutem as questões com comerciantes, donos da maioria desses imóveis.

Há quatro pedidos de demolições encaminhados à Prefeitura, e por isso a aprovação do projeto de lei que regulamenta as reformas e restaurações dos prédios requer certa emergência, até como forma de impedir que prédios centenários desapareçam do mapa da cidade.

Além da iniciativa do poder público, a comunidade acadêmica, por meio de projetos de pesquisas, busca oferecer sua contribuição. Integrante do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico Material e Imaterial de Corumbá, a socióloga e professora Wanessa Rodrigues prepara projeto de pesquisa dentro do Mestrado de Estudos Fronteiriços sobre a relação da comunidade com o patrimônio cultural da cidade. “Nossa proposta é a criação de um mapa afetivo, construído com apontamentos da própria comunidade sobre o que contém maior significado para ela no contexto do patrimônio”, afirma a socióloga.

Trata-se, segundo Wanessa, de um novo conceito antropológico de cultura, que inclui saberes, manifestações, uma vertente que tem como base ouvir e envolver as comunidades. Ver o patrimônio como algo “vivo” e propor uma troca de experiências com a população, proposta que já tem sendo aplicada em outras regiões do País.

Navepress

Socióloga Wanessa Rodrigues: a comunidade precisa ser ouvida e se identificar com o patrimônio

O ponto de partida, conforme a socióloga, é envolver o ser humano e sensibilizá-lo de seu papel dentro do patrimônio cultural da cidade. “Não são apenas a Prefeitura e o Iphan os únicos responsáveis, nós cidadãos fazemos parte e somos responsáveis por ele (o Centro Histórico)”, enfatiza. “Quem mora na área central tem afetividade e vivência nessa localidade. Muitas pessoas preservam sem nada que as obrigue. Tem gente que não tira um ladrilho hidráulico do lugar, vamos localizar essas pessoas, sair dessa visão apenas técnica e estética”, acrescenta ao Diário Corumbaense.

A pesquisa inclui o Centro Histórico, mais especificamente na área que envolve a Escolas Tilma Fernandes e Luiz Feitosa, e o Instituto Moinho Cultural, na Cervejaria e no Beira Rio, onde também existem três quilombolas regulamentadas. “O que os alunos reconhecem como vínculo afetivo no cotidiano deles? A Feira de Domingo? As comunidades quilombolas? A pescaria? Temos várias perguntas a fazer buscando resposta que representem essa ligação, esse vínculo da população com o patrimônio de Corumbá”, ressalta a socióloga. “Queremos destacar o ser humano na construção do Casario, evitando com isso analisar o patrimônio como algo isolado e apenas material”, afirma.

O objetivo é levar a pesquisa para as escolas CAIC e Eutrópia, onde estão os mais contingentes de alunos bolivianos matriculados em Corumbá. Como o estudante boliviano se relaciona com o patrimônio cultural corumbaense? Quais são seus vínculos e valores? Eles atravessam a fronteira ou são mantidos na Bolívia? O que se observa é que cada ano que passa a cultura boliviana está mais presente em manifestações em Corumbá. Todos esses dados serão importantes na pesquisa de mestrado. “Pode ser que surjam indicações de ervas medicinais, sementes para plantio, benzedeiras, isso tudo tem a ver com o patrimônio imaterial”, destaca Wanessa.

Um dos bons exemplos de intervenção sem prejuízo para a arquitetura original, citado pela socióloga, é o da Lojas Americanas, que restaurou a fachada e manteve a originalidade das linhas arquitetônicas, transformando um prédio deteriorado em um novo ponto de sustentabilidade, unindo o consumo ao patrimônio histórico.

Comentários:

Ruberth Adolfo : ESTAVA NA HORA DE PROTEGER O PATRIMONIO HISTORICO DE CORUMBÁ JÁ QUE OS ORGAOS QUE ESTÃO AÍ FAZEM VISTA GORDA COM O MESMO. NADA MELHOR QUE HAJA UM ORGÃO MUNICIPAL PARA CONTROLAR E PROTEGER COM JUSTIÇA E COM VERDADEIRA IMPARCIALIDADE O QUE REALMENTE É O NOSSO PATRIMONIO HISTORICO E ELIMINAR DE VEZ OS COMPADRES DOS PROPRIETARIOS QUE DESTROEM NOSSA HISTORIA. SEM MESMO INVESTIR EM SEU IMOVEL. TEM QUE HAVER MULTA PARA AQUELES QUE DESTRUIRAM O QUE TINHAMOS AQUELES QUE DERRUBARAM CORTARAM AS PORTAS E AS FACHADAS DOS MESMOS.

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