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Dilma se compara a Getúlio e diz que impeachment é "pena de morte política"

Uol Notícias em 29 de Agosto de 2016

A presidente afastada, Dilma Rousseff, se comparou a ex-presidentes que deixaram o cargo ao discursar no Senado nesta segunda-feira (29) para se defender do julgamento do processo de impeachment. Ela citou três ex-presidentes: Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart. No discurso, Dilma também chamou o impeachment de "golpe" e "pena de morte política".

Evaristo Sá/AFP

Em discurso ao Senado, a presidente afastada voltou a dizer que o processo de impeachment é "golpe"

"O presidente Juscelino Kubitschek, que construiu essa cidade, foi vítima de constantes e fracassadas tentativas de golpe", afirmou. "O presidente João Goulart (...) superou o golpe do parlamentarismo, mas foi deposto e instaurou-se a ditadura militar em 1964. O presidente Getúlio Vargas, que nos legou a CLT e a defesa do patrimônio nacional, sofreu uma implacável perseguição, a hedionda trama orquestrada pela chamada República do Galeão, que o levou ao suicídio", declarou.

Ela discursou por quase 50 minutos e foi aplaudida ao final. Em alguns momentos do discurso, como ao relembrar o câncer, a presidente se emocionou e embargou a voz.

Golpe e "pena de morte"

Dilma voltou a criticar as elites, disse que não cometeu crime de responsabilidade, e que, caso seja aprovado, o impeachment será um "golpe" e chamou o governo de Michel Temer de "usurpador". "São pretextos para viabilizar um golpe na Constituição, um golpe que, se consumado, resultará na eleição indireta de um governo usurpador", afirmou.

"No passado da América Latina e do Brasil, sempre que interesses de setores da elite econômica e política foram feridos pelas urnas, e não existiam razões jurídicas para uma destituição, conspirações eram tramadas, resultando em golpes de Estado", disse a petista.

"Não pratiquei nenhum crime de responsabilidade. As acusações dirigias contra mim são injustas e descabidas. Cassar em definitivo meu mandato é como me submeter a uma pena de morte política"

A presidente afastada citou o fato de o procurador do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Júlio Marcelo de Oliveira, ter sido considerado suspeito pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, e ter sido ouvido como informante e não como testemunha.

Dilma também mencionou o auditor do TCU Antônio Carlos Costa D´Ávila Carvalho Júnior, chefe da equipe que elaborou o parecer do órgão sobre as chamadas pedaladas fiscais. Durante seu depoimento no julgamento do impeachment, Antônio Carlos admitiu que ajudou Júlio Marcelo na elaboração da representação que pediu a reprovação das contas de Dilma referentes a 2015.

"O autor da representação junto ao Tribunal de Contas da União que motivou as acusações discutidas foi reconhecido como suspeito pelo presidente do STF. Soube-se ainda pelo depoimento do auditor responsável pelo parecer técnico (Antônio Carlos) que ele havia ajudado a elaborar a própria representação. Fica claro a parcialidade, a trama, na construção das teses por eles defendidas. São pretextos, apenas pretextos, para derrubar por meio de um processo de impeachment sem crime de responsabilidade um governo legítimo", disse a presidente.

A presidente afastada disse ainda que nunca renunciaria ao mandato. "Nesses meses, me perguntaram inúmeras vezes porque eu não renunciava para encurtar esse capítulo tão difícil da minha vida. Jamais o faria. Porque tenho compromisso inarredável com a democracia."

Ao final, Dilma pediu que os senadores votem contra o impeachment. "Todos nós seremos julgados pela história. Faço um apelo final a todos os senadores: não aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a crise brasileira."

Dilma chegou ao Senado pela chapelaria e foi recebidas com rosas e gritos de apoiadores: "Olê olê olê olá, Dilma, Dilma". Ela chegou acompanhada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Alguns convidados pela presidente acompanham o depoimento nas galerias do Senado. Entre eles, o cantor Chico Buarque.

 

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