Camila Cavalcante em 27 de Abril de 2015
Os trabalhos estão intensos no combate à raiva em Corumbá. A Secretaria Municipal de Saúde e seus parceiros (Secretaria de Saúde de Campo Grande, Secretaria Estadual de Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde), além das Forças Armadas brasileiras, estiveram nas ruas imunizando cães e gatos durante todo o fim de semana. A meta é de, até o final do mês, imunizar cerca de 25 mil animais.
“Até sexta-feira, contabilizamos cerca de 14 mil cães e 2 mil gatos vacinados. Nossa meta geral de imunização, entre cães e gatos, é de 25 mil, visto que a cada ano, o número populacional desses animais aumenta. Aproveitamos o reforço recebido da Capital e das Forças Armadas e trabalhamos, inclusive, no final de semana. É essencial aproveitarmos essa parceria, tanto que conseguimos, inclusive, organizar duas equipes e vacinarmos em áreas distintas, antecipando assim, regiões que só seriam abrangidas no início desta semana”, afirmou ao Diário Corumbaense, Viviane Ametlla, gerente de Vigilância em Saúde de Corumbá.
Além do reforço na mão da obra, o Centro de Controle de Zoonoses conta com mais um veículo de recolhimento de animais. “Enfatizamos que, apesar da vacinação, os proprietários precisam ter a posse responsável e manter seus animais em casa. As carrocinhas estarão atuando o dia todo na cidade. A situação é de alerta e os proprietários desses animais devem colaborar, mantendo-os em casa e com os cuidados necessários. Somente na manhã de segunda-feira, foram 18 animais recolhidos, isso demonstra o quanto há de animais soltos pelas ruas”, enfatizou.
O CCZ também coletou no fim de semana 16 materiais de cães e morcegos vai enviá-los para análise. Viviane Ametlla explicou que o número de morcegos mortos entregues no Centro de Zoonoses aumentou nos últimos dias. A gerente reiterou que a população deve agir com cautela ao encontrar um morcego em casa. “A orientação que damos é que a pessoa não mate o animal, nem toque nele para ver algo, conferir. O aconselhável é colocar um balde sobre o animal e acionar o CCZ, que iremos realizar a coleta”, orientou.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Marinha e Exército auxiliam as equipes de vacinação no trabalho casa a casa
O caso de raiva humana (um homem de 38 anos que está internado no Hospital Universitário de Campo Grande) deixou a população preocupada, tanto que muitos estão aproveitando o horário de almoço para imunizar seus animais. “O CCZ está atendendo sem interrupção, não paramos no final de semana, nem no horário de almoço. Estamos à disposição da população para vacinar os animais. Acreditamos que somente no CCZ estão sendo vacinados, em média, 100 animais por dia, o que demonstra a preocupação da população em conter o surto da doença”, contou a gerente.
O planejamento da Secretaria de Saúde é continuar a vacinação de casa em casa no feriado de Dia do Trabalhador, 1º de maio. “Assim que a vacinação encerrar, estaremos ainda em busca das residências onde os proprietários não foram encontrados, além de disponibilizarmos as vacinas aqui no CCZ. Estaremos também monitorando os animais que apresentarem algum sintoma da doença, a campanha contra a raiva não terá término com as vacinações, as ações vão continuar”, concluiu Viviane Ametlla.
População
A professora Sandra Regina Arruda, 56 anos, fez questão de colocar uma corrente em seu cachorro e ir atrás de uma equipe para garantir a imunização do cão. “Vi que estavam vacinando aqui no Guanã e, como mais tarde não estarei em casa, eu e meu filho trouxemos o cachorro para vacinar. Fiquei preocupada depois que soube do caso de raiva humana. É uma doença sem cura e temos que precaver. Outra preocupação que tenho é com as pessoas que deixam seus animais na rua. É preciso que cada seja responsável e ajude nesse trabalho de combate à doença”, alertou.
A cozinheira Fernanda da Silva, de 26 anos, também se mostrou preocupada e levou o filhote de 1 mês para receber a vacina, mas pela idade, o animal não pode receber a dose. “Temos dois cães em casa, um de nove meses que foi vacinado e outro de um mês que não pode ser, pois tem pouca idade. Não temos quintal e desde que foi confirmado o caso de raiva deixo meu cachorro preso. Faço o que posso, pois imagino o quanto a família do rapaz que está com raiva está sofrendo”, lamentou.
Na sexta-feira, 24, a Iagro informou que o caso de raiva bovino constatado na zona rural da cidade foi proveniente de contaminação de um morcego hematófago. Outra informação importante repassada pela Iagro foi de que o vírus da raiva que circula na cidade tem circulação na Bolívia, que faz fronteira com Corumbá.
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