Campo Grande News em 03 de Março de 2025
Juliano Almeida/CG News
Rosto de Vanessa Ricarte exibido durante seu velório em Campo Grande; jornalista é uma das vítimas de feminicídio no Estado
Com 35 vítimas no ano, o Estado registrou taxa de 1,27 assassinatos de mulheres por 100 mil habitantes, ficando atrás apenas de Mato Grosso, que lidera o ranking com taxa de 1,28 e 47 vítimas.
Os números analisados pela reportagem evidenciam a vulnerabilidade das mulheres na região Centro-Oeste, onde se concentram os dois estados com as maiores taxas de feminicídio.
O Piauí aparece em terceiro lugar, com taxa de 1,22 e 40 vítimas, seguido por Roraima (1,10 e 7 vítimas) e Maranhão e Espírito Santo, ambos com taxa de 1,02 e 69 e 39 vítimas, respectivamente.
Outros estados com números preocupantes são Paraná, com taxa de 0,95 e 109 feminicídios, além de Pernambuco, que registrou 77 casos e taxa de 0,85. No Distrito Federal, foram 23 vítimas (taxa de 0,82), enquanto em Goiás, com 57 mortes, a taxa foi de 0,81.
Já os estados com menores índices incluem Amapá, que registrou apenas dois feminicídios e apresenta a menor taxa do Brasil (0,27), seguido por Sergipe (0,45 e 10 vítimas) e Ceará (0,47 e 41 vítimas). São Paulo, estado mais populoso do país, teve 253 feminicídios, mas a taxa é relativamente baixa, de 0,57.
Secretaria da Cidadania
Por meio de nota, a Secretaria da Cidadania disse que Mato Grosso do Sul é um dos estados brasileiros que, desde a promulgação da Lei nº 13.104 (que inclui o feminicídio no rol dos crimes hediondos), tem tipificado e notificado de forma correta os crimes de feminicídio e violência contra as mulheres.
Isso significa, conforme o texto, que com maior número de registros e qualificadoras corretas, os índices colocam o Estado nas primeiras posições. Quanto à concentração com maiores índices de feminicídio na região Centro-Oeste, isso indica fatores estruturais e culturais que precisam ser analisados e enfrentados.
"Diante disso, temos implementado políticas públicas voltadas ao enfrentamento da violência contra a mulher, reforçando ações de prevenção e com uma análise minuciosa da rede de atendimento às mulheres vítimas de violência. Ampliando a rede de proteção, melhorando a interação entre os poderes e modernizando as estruturas existentes".
A secretaria cita, como exemplo, o Ceamca (Centro Especializado de Atendimento à Mulher, à Criança e ao Adolescente em Situação de Violência), que ampliou os serviços de enfrentamento à violência de gênero em diversas dimensões, atuando com as crianças e adolescentes que também são impactados cognitiva e emocionalmente por presenciarem situações de violência doméstica em seus lares.
Caso Vanessa
O feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte chocou o país e teve repercussão nacional. A jornalista foi assassinada pelo ex-noivo, Caio César Nascimento Pereira, em 12 de fevereiro de 2025, em Campo Grande, após solicitar medida protetiva contra ele.
O crime ocorreu enquanto Vanessa tentava retirar seus pertences da casa onde moravam. Ela foi esfaqueada três vezes no coração e morreu no local.
Testemunhas relataram que os gritos da vítima eram desesperadores. Um vizinho, que ajudou a polícia a arrombar o portão da casa no momento do crime, descreveu a cena como "assustadora" e lamentou não ter conseguido salvá-la.
Caio Nascimento foi preso em flagrante e permaneceu em silêncio na delegacia. Ele já tinha histórico de violência doméstica. No dia anterior ao crime, Vanessa havia denunciado ameaças de morte e solicitado proteção policial.
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