Leonardo Cabral em 21 de Junho de 2025
Enviada por Thiago Ximenes ao Diário Corumbaense
Animal foi morto por atropelamento e cena foi flagrada pelo Dj Thiago Ximenes
O flagrante ocorreu por volta das 20h de sexta-feira (20), e foi feito pelo DJ Thiago Ximenes. Ele retornava de Campo Grande para Corumbá quando se deparou com o felino silvestre estendido no meio da estrada.
Em entrevista ao Diário Corumbaense, Thiago relatou que seguia pela região do Buraco das Piranhas quando avistou o animal logo à frente.
"Eu estava voltando de Campo Grande e, pouco depois de passar pelo Buraco das Piranhas, no sentido Corumbá, vi um animal na pista. Desviei rapidamente e percebi que era um bicho pintado, parecia uma onça. Parei o carro, retornei e fui verificar. Como sempre carrego uma lanterna no carro, desci com cuidado, observando se não havia veículos vindo ou outra onça nas proximidades, e filmei a cena. Não era um filhote, era um animal de porte médio, contou.
Ele acredita que o atropelamento havia ocorrido momentos antes.
"O sangue ainda estava fresco, então parecia algo recente. Foi uma cena muito triste, ver um animal tão bonito morto daquela forma. Confesso que fiquei com receio de descer do carro, pensei que poderia haver outro felino por perto, talvez a mãe. Mas se ainda estivesse vivo, eu tentaria ajudar", completou.
Trecho entre Miranda x Corumbá
Mato Grosso do Sul abriga uma fauna silvestre rica, com espécies raras e ameaçadas. No entanto, as colisões de veículos com animais nas rodovias têm gerado impactos significativos. Entre 2017 e 2020, mais de 10 mil atropelamentos foram registrados em apenas parte da malha viária estadual, atingindo espécies como a anta e o tamanduá-bandeira.
Além dos danos à biodiversidade, esses acidentes representam risco à vida humana. Desde 2013, pelo menos 53 pessoas morreram em colisões com antas nas estradas do Estado.
Entre maio de 2023 e abril de 2024, 2,3 mil animais silvestres foram atropelados na BR-262, entre Campo Grande e a ponte sobre o rio Paraguai, próximo a Corumbá, cerca de 192 mortes por mês. Os dados fazem parte do monitoramento realizado pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS).
Problema recorrente
De acordo com Tiago Toma, biólogo e Secretário Executivo do Observatório Rodovias Seguras para Todos, o atropelamento da jaguatirica na BR-262 infelizmente reflete um problema recorrente.
"Essa rodovia tem altos índices de colisões com fauna, resultado de projetos antigos, sem medidas para proteger os animais. É urgente que órgãos como o DNIT e ANTT adequem a via com passagens de fauna e sinalização adequada. Motoristas também devem redobrar a atenção e acionar a Polícia Militar Ambiental (PMA) em casos como esse, sem tocar no animal. Nosso trabalho é justamente buscar soluções para salvar vidas humanas e da fauna", explicou.
Está em andamento uma licitação no valor de R$ 32,2 milhões para contratação de empresa responsável por executar um plano de mitigação de impactos na BR-262. O projeto deve ser realizado ao longo de 278,3 quilômetros da rodovia, justamente no trecho onde ocorreram os 2,3 mil atropelamentos.
O edital prevê a instalação de passagens suspensas para animais, portões para pedestres, pintura de setas e zebrados, além do controle da vegetação com roçada e capina manual.
Com informações do Campo Grande News.
Receba as principais notícias de Corumbá, Ladário e MS pelo WhatsApp do Diário Corumbaense. Clique aqui para entrar em um de nossos grupos ou siga no Instagram acessando o link e clicando em seguir.