Campo Grande News em 04 de Dezembro de 2024
Ana Beatriz Rodrigues/Campo Grande News
Juiz Aluizio Pereira dos Santos conversa com a imprensa durante intervalo do júri
“Até agora ouvimos três testemunhas apenas. Temos ainda uma grande jornada na parte da tarde. Acredito que até umas 20 horas encerramos o dia de hoje com o depoimento dos réus. Então, os debates devem ficar para a quinta-feira”, explicou o titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri.
Segundo ele, a pausa é necessária por conta do cansaço dos jurados que passarão o dia todo escutando os diversos depoimentos e recebendo muitas informações sobre o caso. “Com o avançar da noite acaba ficando tudo muito difícil, tem que ficar para amanhã mesmo”, pontuou Aluízio.
Sobre as perguntas técnicas feitas pela defesa o juiz afirmou que tudo o que é feito pelos advogados é baseado no direito de defender os réus, no entanto, ele precisa filtrar os questionamentos que são feitos para que o julgamento aconteça da melhor forma possível.
O magistrado ainda foi questionado sobre ser mais um júri de grande repercussão que acontece em pouco tempo e destacou que a Capital é uma cidade com quase um milhão de habitantes, então é natural que fatos assim aconteçam.
1ª parte
O julgamento começou pouco depois das 08h30 e o primeiro a ser ouvido foi Cybelle Amaral Pires, amiga de Stephanie. Na frente dos jurados, ela afirmou que a gravidez de Sophia foi planejada e que a ré ficou sem apoio após a separação.
Em seguida, o policial civil Babington Roberto Vieira da Costa relatou o cenário improvável diante da morte de uma criança de 2 anos. A mãe calma e o padrasto que até dormiu na viatura a caminho da delegacia.
O terceiro e último a ser ouvido nesta manhã foi o médico legista Fabrício Sampaio. O profissional afirmou não restar dúvidas que a menina chegou na unidade de saúde já morta e que ela foi estuprada pelo menos 21 dias antes do óbito, mas na ocasião do exame, a região íntima da criança estava inchada e avermelhada, sinal de “manipulação genital recente”.
Antes dos depoimentos serem iniciados os advogados dos réus dispensaram seis mulheres como juradas, sendo três por parte da defesa de Stephanie e mais três pela de Christian. Um dos defensores da mãe da menina chegou a apontar nulidade por excesso de linguagem na sentença, mas o julgamento foi mantido.
A acusação
Na tarde do dia 26 de janeiro de 2023, a menina deu entrada na UPA do Bairro Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, que foi até lá sozinha com Sophia nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes da chegada ao local.
O atestado de óbito apontou que a garotinha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que sofreu violência sexual.
Para a investigação policial e o MP, Sophia foi espancada até a morte pelo padrasto, depois de uma vida recebendo “castigos” físicos.
O padrasto será julgado por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e praticado contra menor de 14 anos, além de responder por estupro de vulnerável. Já a mãe será julgada por homicídio doloso por omissão.
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