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Os políticos odeiam a ideia de voltar pra casa

Coluna Ampla Visão, com Manoel Afonso em 07 de Outubro de 2022

O TÍTULO da coluna retrata o drama de políticos derrotados nas urnas e que já vislumbram as agruras da condição de simples mortais. A agenda de compromissos vazia, sem motorista à disposição, a caixa de correios emagrecida, fim dos convites de eventos com lugares especiais e outras benesses que o poder proporciona.  Eles esqueceram?  O convívio familiar faz bem. 

O FURÃO: Ex-prefeito, Pedro Caravina (PSDB) obteve em Bataguassu 8.473 votos ( 63,35%) para deputado estadual. Também foi o mais votado em Anaurilândia, Brasilândia e Santa Rita do Pardo. Na capital obteve mais de 3 mil votos, totalizando 31.952 votos, O mérito foi formar liderança numa região de pequenas cidades, viabilizando sua vitória. 

A ESTRELA: Se em 2018 a deputada Mara Caseiro (PSDB) foi vítima do quociente eleitoral, agora é a campeã beirando 50 mil votos. Impressionou sua articulação, colocando-a em lugar de destaque no novo cenário político. Difícil chegar à Assembleia Legislativa com base eleitoral em cidades interioranas menores divididas politicamente. 

EXPLICAÇÃO: Impossível a unanimidade nestas cidades. O prefeito, o vice e vereadores – cada qual tem seu partido e relações fortes com parlamentares estaduais e federais.  Quando o vereador vai a capital ou a Brasília estabelece parceria com seu representante que o atende politicamente. Isso faz parte do jogo democrático.  

LEMBRANDO: Por uma conjunção de fatores, cidades poderosas economicamente ficaram desta vez sem representantes locais na Assembleia Legislativa e Câmara Federal. São os casos de Três Lagoas, Corumbá, Naviraí, Aquidauana e Ponta Porã.  Cada campanha eleitoral apresenta um quadro bem específico, mas que precisa ser questionado. 

‘AMOR SEM FIM’:  Em 2018 o candidato Lucas de Lima obteve 9.974 votos na capital e beneficiado pelo quociente eleitoral acabou eleito com 12.391 votos.  Aí o comunicador aproveitou a chance e agora chegou aos 16.566 votos só em Campo Grande totalizando 26.575 votos.  Os números mostram: ele mais que dobrou a votação total.  

NA LUTA: Tivemos 7 professores candidatos a deputado federal e 18 postulantes à deputado estadual. Cerca de 2 pastores tentaram a Câmara e 7 a Assembleia Legislativa. Os militares aumentaram a participação em relação a 2018. Desta vez, foram 11 tentando a Câmara Federal e nada menos que 16 postulando sem êxito a Assembleia Legislativa. 

ELEIÇÕES: Onde sonhos começam ou findam. O primeiro quesito exigido dos sonhadores é a coragem. Critica-los é mais fácil do que imitá-los.  Às vezes pagam alto pela ousadia. Mas o prazer de frequentar a ‘antessala’ do poder deve compensar. Uns são estreantes, outros indo embora. Quem participou, ganhando ou perdendo tem valor. 

BYE...BYE?  Personagens do processo democrático derrotados nas urnas. Waldemir Moka, Vanderley Cabeludo, dr. Antônio Cruz, dr. Augusto Cruz, Leo Matos, Athayde Nery, Humberto Amaducci, Delcídio do Amaral, Promotor Harfouche, Marcelo Miglioli, Vinicius Siqueira, Marcelo Bluma, Zé da  Viola, Flavio Renato, George Takimoto, Tio Trutis. 

É TARDE: Também o MDB local envelheceu refém de André Puccinelli. Já em 2018 teve dificuldades em lançar um candidato competitivo.  O ‘italiano’ foi bem nesta campanha, mas ignorou a memória do eleitor e o fator Bolsonaro. Lembra o ex-governador Roberto Requião do Paraná também derrotado. Tentaria a prefeitura da capital? E quem poderia sucedê-lo no MDB?   

‘FINALE’: André herdou o MDB de Wilson Martins. Centralizador perdeu aliados (os Trad) e companheiros. O ex-senador Valter Pereira foi um deles, injustiçado ao ser preterido (em favor de Moka) como candidato a reeleição ao senado em 2010. E outros líderes surgiram no cenário.  E os escândalos jogaram a pá de cal no projeto do ex-governador.   

CARTAS DE TARÔ: Não há necessidade de consultá-las para dizer que o ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) não cogita em abandonar a política. Hoje aos 58 anos de idade – após sair machucado deste recente ‘terremoto’ – já deve estar sonhando com uma candidatura a vereança da capital nas próximas eleições. Tentativa de recomeço. 

ROSE MODESTO:  Após anos na sombra do poder ficará no sereno. Futuro incerto. Elegeu só o irmão Rinaldo (12.800 votos) e Roberto Hashioka (13.66 votos). Aliás Hashioka não tem identidade política com ela. O desafio dela é manter a liderança para novo projeto. Mas para isso terá que tomar algumas posições que a política exige. Só paz e amor não ganha eleição.      

2º TURNO: O quadro estadual enseja questionamentos. Derrotadas no 1º turno as lideranças políticas precisam estar ‘motivadas’ por algum tipo de interesse, para voltar às ruas. Reagrupar equipes de campanha e líderes é complicado. É preciso também motivar alguns grupos especiais de eleitores ‘perdedores’ chateados a comparecer às urnas. 

PESQUISAS:  A exemplo do que ocorreu em nível nacional, aqui os números divulgados na semana anterior ao pleito deram o que falar. Mas de nada adianta discutir essa pauta. Novas pesquisas virão nestes dias. Precisamos aprender a conviver com elas.  Mas é preciso sim ter novos critérios para ler e absorver o diagnóstico apresentado. Entendeu? 

EXEMPLOS: A votação de Claudio Castro (RJ) no Rio foi 14 a mais do previsto. Hamilton Mourão ao Senado (RS), Tarcísio de Freitas ao Governo e Marcos Pontes ao Senado em São Paulo estavam 10 pontos atrás e terminaram 10 a frente. Isso lembra a virada de véspera de Trump em 2016. Como explicar os números pró candidatos da esquerda? 

RADAR: São aproximadamente 600 mil votos disponíveis (dos candidatos derrotados, nulos e brancos) em disputa entre Capitão Contar e Riedel. Uma nova eleição? Vai depender ou não das alianças incluindo talvez a sucessão na capital) com promessas de cargos na futura administração. Quem souber agregar mais pode começar em vantagem. 

DIFERENÇA: Em Três Lagoas Simone Tebet (MDB) obteve 3.590 votos, totalizando 79.719 votos no MS. Mas em 2014 - candidata ao senado - chegou a 640.336 votos.  A outra candidata ao Planalto Soraya Thronicke (União Brasil ), obteve aqui apenas 8.082 votos. Recorde-se - no pleito de 2014 ela se elegeu senadora ao obter 373.712 votos. 

PREVISÍVEL:  A prefeita Adriane Lopes, após cumprir o compromisso político com Marquinhos Trad, formaliza a reforma política-administrativa na prefeitura da capital. Situação que faz parte do universo político. Natural ela se cercar de colaboradores com os quais tem maior identificação. Prefeita gentil, mas com muita personalidade. 

DESABAFOS: Antes das eleições os candidatos demonstram muitos predicados. Mas após eleitos é que se conhece o ‘sujeito’. Tomara que vocês votem tão bem nas eleições como votaram no BBB. O político que muito promete logo se torna inadimplente. Eleitor no Brasil só se torna consciente após as eleições vendo a bobagem que fez. 

PONTO FINAL: 

Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada. (Otto von Bismarck)