Leonardo Cabral em 14 de Agosto de 2022
Joaquim diz que Piettro foi diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA), grau leve, ainda nos primeiros anos de vida. Considerado um “paizão”, sempre teve o sonho da paternidade, diz que faz de tudo para ver Piettro feliz, crescendo com boa qualidade de vida.
Após o diagnóstico de autismo, ele conta que um turbilhão de pensamentos passou pela sua cabeça. Um deles, que o filho ficaria a vida toda dependente de seus cuidados. Mas, como um bom pai, Joaquim, despertou o lado curioso e foi em busca de respostas. Passou a se informar sobre o autismo e desde então, enfrentar os obstáculos, com um só objetivo: ver o Piettro crescendo bem.
“Tive o diagnóstico quando ele tinha um ano e oito meses de vida. Eu já percebia que o meu filho era um pouco diferente das outras crianças, mas como nunca tinha ouvido falar sobre autismo, levava a vida normalmente. Quando um amigo meu me alertou sobre essa possibilidade após comentar sobre o comportamento do Piettro é que eu comecei a me informar e procurar médicos”, lembrou Joaquim.
Depois que recebeu o diagnóstico, começou a se informar melhor para que o filho pudesse ter uma boa convivência com as outras crianças. “Muita coisa se passa pela cabeça da gente, mas pelas informações que fui adquirindo, fui me adequando para que Piettro cresça sem nenhum obstáculo. Lembro que logo de início comprei um pula-pula e instalei aqui em casa. Eu ia chamar as crianças para brincar com ele, eles vinham, brincavam e o Piettro ia se socializando cada vez mais e cada dia era uma evolução”, disse ao Diário Corumbaense.
Uma das características de quem tem autismo é a aversão a sons muito altos, por isso, Joaquim usou música para trabalhar as reações do filho, o que acabou dando certo.
“Uma vez diagnosticado, eu ia trabalhando essas ações com ele. Uma delas foi à musica. Quando ia para Corumbá nas consultas, colocava música clássica no carro, ele ia escutando e até dormia. Com o tempo fui trocando os ritmos e aumentando gradativamente o volume, colocando pagode, sertanejo e até mesmo funk. Para a minha surpresa, ele escutava funk e até dançava, sabe? Hoje, ele mesmo pega o celular, coloca músicas, entre elas flashback e começa a dançar, até me puxa para dançar também. Vejo que ele está muito bem”, destacou.Joaquim conta com o apoio de muitas pessoas, entre elas, outro amigo, que é proprietário de uma fábrica de brinquedos e fornecedor desses produtos para estabelecimentos de Corumbá.
“Assim que soube que meu filho era autista, esse amigo me doou quase R$ 7 mil em brinquedos, entre eles brinquedos pedagógicos. Isso nos ajudou muito. Sou muito grato”, revelou Joaquim. “Antes eu ia buscar as crianças para brincar com meu filho e hoje é ele quem vai lá na casa dos coleguinhas chamar para brincar. Pra mim é uma satisfação que não consigo descrever”, comentou.
Na escola
Na escola, Joaquim conta que o filho foi se adaptando. “Eu levo a comida às 11h. Ele só come o que eu faço, mas algumas vezes consegue comer na escola mesmo. Mas sempre procuro levar a comida para ele, até mesmo para que se sinta melhor”, pontuou o pai.
Arquivo pessoal
Piettro se sente bem com a música e aprende com instrumentos musicais
Segunda casa
Mas é na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) que Joaquim afirma que é a sua segunda casa dele e do filho. Para ele, o local é de extrema importância não só para Piettro, como para muitas outras famílias e crianças.
“Estar ali é como se tivesse de fato na minha segunda casa. Meu filho recebe toda a assistência e desde que começou a frequentar, me doei também. Ali fiz e faço muitos amigos, receber abraços daquelas crianças é de uma sinceridade sem tamanho. Ver meu filho sendo apoiado e desenvolvendo, é a maior felicidade e satisfação. Desde que ficamos vivendo eu e ele, é um pelo outro. Vê-lo caminhando, conquistando a sua independência é a maior alegria da minha vida. Sou grato por esse presente que Deus me deu, por ele estar aqui comigo. Vivo pelo meu filho”, concluiu Joaquim.
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