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Campo do Roseiral recebe jogos do Amador pela última vez este ano

Ricardo Albertoni em 28 de Junho de 2022

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Roseiral está sendo palco do Amador pela última vez

O Campeonato Amador  do Centro Esportivo do Bairro Dom Bosco, realizado há mais de 30 anos, terá o campo do Roseiral como palco pela última vez em 2022. A informação, que já circulava, foi confirmada pelo diretor-presidente da Fundação de Esportes de Corumbá, Luciano Silva de Oliveira e o idealizador da competição, Paulo Roberto Rodrigues, o professor Paulinho.

A Prefeitura, que é parceira do campeonato, por meio da Fundação de Esportes (Funec) fornecendo toda a estrutura necessária para a realização dos jogos, trabalhou para que a popular competição tivesse uma despedida do tradicional espaço, que pertence a uma família da região. 

“Não tínhamos conseguido a liberação para realizar este último ano no campo do Roseiral, então procurei um dos proprietários do terreno que me informou que o espaço estava em fase final de negociação. Pontuei que seria o último ano em que a competição seria disputada e falei sobre a importância para a região. Aí assinamos um termo de cedência para que o espaço fosse ainda utilizado este ano. O que me foi passado é que no final de 2022, o terreno será entregue e, muito provavelmente, será o último ano do campeonato Amador do Roseiral, que vai deixar saudade”, explicou Luciano. 

Arquivo pessoal

Organizador da tradicional competição de futebol amador, Paulo Roberto Rodrigues, o professor Paulinho

Ao Diário Corumbaense, com mais de três décadas dedicadas à organização do Amador no Roseiral, o professor Paulinho destacou a importância do campo na história do esporte e dos participantes da competição.

“Muitos me falam que preferem ser campeões no Centro Esportivo do Bairro Dom Bosco, no campo do Roseiral do que no Arthur Marinho (estádio). Eles dizem que lá a vibração é maior, que a torcida cerca no quadrilátero, sem falar na premiação excelente, que sempre fiz questão de passar ali na hora, no envelope”, lembrou o professor que por mais de 20 anos organizou o evento sem apoio do Poder Público.

“Durante 20 anos realizei sozinho. Eu ia até o responsável, já que é uma área que pertence a uma família e sempre tive o respaldo. No 21º o terreno se tornou herança e o representante me pediu para que pagasse pelo menos o IPTU da área. Na época, o prefeito era o Ruiter Cunha de Oliveira que se dispôs a me ajudar. Filiei-me à Funec, quando o então presidente Heliney Miranda me convenceu e aí que a Prefeitura, por meio da Fundação, começou a dar a estrutura para a competição”, explicou.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

A Prefeitura trabalha para continuidade do campeonato em outro local

A Prefeitura já trabalha visando a continuidade do Campeonato Amador tendo o bairro Dom Bosco como “casa da competição”, entretanto, o desafio é encontrar um local que seja consenso entre os participantes. 

“No momento não existe nenhuma área adequada e propícia do nível da competição aqui no bairro. Propuseram-me outros locais, mas não é a mesma coisa. Tenho uma história, um legado no esporte corumbaense e como eu disse ao prefeito (Marcelo Iunes), se não conseguir uma área no bairro vai ser difícil dar continuidade, porque não terei o mesmo prestígio que conquistei no bairro Dom Bosco durante 30 anos”, finalizou o professor.

Para quem fez parte dessa história, como atleta, membro da organização e torcedor, o representante comercial Lúcio de Freitas, de 65 anos, lamenta. “Fiz muitos amigos aqui, que faz parte da minha vida. Fui atleta jogando pela equipe 'Vila Velha' em 1985 e por mais de 30 anos atuo na organização e estou presente na torcida. Lamento que nosso bairro ficará sem uma aérea de lazer tão importante como essa”, contou Lúcio.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Thompson aproveita o público nos finais de semana para vender espetinhos

Outro que fez parte da história do local como atleta e que hoje aproveita os dias de jogos para fazer uma renda extra é Thompson Marques Almeida, 48 anos. Entre uma venda e outra de espetinho, aproveitando o grande público dos finais de semana, ao Diário ele  lembrou dos tempos de centroavante artilheiro nas décadas de 80 e 90, lamentou a despedida do local, mas comemorou uma possível criação de vagas de emprego que a eventual instalação de uma empresa no local pode gerar. 

“Eu venho aqui vender um espetinho, pra tirar uma renda extra e até que as vendas têm sido boas. Esse campo fez parte da minha história, como atleta joguei em vários lugares do Brasil, mas guardo com muito carinho a época em que joguei no Dom Bosco, onde fui revelação e artilheiro. Hoje, o joelho não deixa mais, porém, a gente sempre encontra uma desculpa para estar perto do esporte. É triste imaginar que não teremos mais o campo, porém, fico feliz em saber que se por um lado perde o lazer e o esporte, por outro lado, os corumbaenses podem ganhar em emprego”, considerou. 

Campo do Roseiral

Há versões sobre o nome dado ao campo localizado no bairro Dom Bosco. De acordo com o professor Paulo Roberto Rodrigues, Roseiral seria uma homenagem a dona Rosa, antiga moradora que tinha casa no lugar e  acabou saindo do terreno para dar lugar ao campo.

Em outra versão popular, Roseiral estaria ligado a uma música da década de 70 utilizada como jingle de campanha por um conhecido político na época que se utilizava do espaço para seus comícios. “Receba as flores que lhe dou...Rosas vermelhas com amor”, teriam dado origem ao nome.

Embora não se tenha certeza sobre quando e como exatamente essa história começou, os amantes do futebol já estão quase certos de que em setembro (término do Amador) ela terá um fim e mesmo sendo uma despedida, com muita comemoração.

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