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Ex-técnico do Corumbaense, Cláudio Roberto é impedido de deixar os Emirados Árabes

Rodrigo Lois/Globo Esporte RJ em 06 de Janeiro de 2022

Arquivo pessoal

Claudio Roberto Silveira ao lado do proprietário do clube, Mahmoud Alkmash

O ex-técnico do Corumbaense Futebol Clube, Claudio Roberto Silveira completou na terça-feira, 46 anos de idade, mas não pôde comemorar o aniversário com a família. Ele está impedido de deixar os Emirados Árabes Unidos por causa de uma ação movida pelo egípcio Mahmoud Alkmash, presidente e proprietário do clube Sport Support Club, de Abu Dhabi. 

Claudio Roberto está há quatro meses nos Emirados Árabes. Ele foi convidado para trabalhar no clube da terceira divisão do país em agosto do ano passado, mês em que obteve a Licença A da CBF, com oferta de contrato até junho de 2023. O vínculo seria assinado em Abu Dhabi.

 

Após a chegada no início de setembro, Claudio diz ter sido informado por Mahmoud Alkmash que o seu visto de trabalho seria emitido não para exercer a profissão de treinador de futebol, mas sim de supervisor de vendas da agência de viagens Marengo Travel Agent.


O GE teve acesso ao documento e verificou que o visto foi emitido com essa informação diferente (veja mais abaixo). O brasileiro alega que o processo foi feito sem o seu consentimento ou assinatura.

 

“Ele queria que eu aceitasse uma permissão de trabalho como supervisor de vendas. Não aceitei e não dei sequência na aplicação. Tenho carreira como treinador. Não posso chegar aqui, na prática trabalhar como técnico e nos documentos estar como supervisor de vendas. Não é correto. Passar por isso, aceitar uma situação dessa contra a minha vontade, é horrível”, declarou Claudio Roberto, que já passou por diversos clubes no Brasil e no exterior e dirigiu a seleção do Sri Lanka.

 

Diante disso, o treinador afirma que não assinou com o Sport Support Club e trabalhou por dois meses e meio sem receber, em condições aquém das prometidas. A oferta garantia que o técnico teria salário, ajuda com passagem aérea e acomodação providenciadas pelo clube.

 

Outras promessas não foram cumpridas, como por exemplo a disputa da segunda divisão. Claudio Roberto e mais sete brasileiros (dois integrantes da comissão e cinco jogadores) resolveram então deixar o clube. Só que na hora de embarcar para o Brasil, no dia 22 de novembro, o técnico foi impedido no setor de imigração  os outros sete conseguiram viajar.

 

Arquivo/Diário Corumbaense

Cláudio, na época em que foi técnico do Corumbaense no Estadual de MS

Claudio foi notificado verbalmente no aeroporto de Dubai que Mahmoud Alkmash entrara com uma ação contra ele no Ministério do Trabalho e na Justiça do Trabalho dos Emirados Árabes, alegando que ele estaria fugindo do país sem a sua autorização. Essa denúncia teria sido movida com base no suposto vínculo de trabalho através da agência de viagens Marengo Travel Agent, que o brasileiro garante não ter assinado. 


O técnico afirma que Mahmoud exige mais de R$ 113,5 mil para liberá-lo. A cobrança teria como motivação a irritação do dirigente com a saída dos outros brasileiros do clube. O técnico foi informado pelos funcionários da Imigração que teria de chegar a um acordo com o antigo chefe para remover o bloqueio. Ele não recebeu documento formal sobre a ação.   


"Como eu poderia ter vínculo, sem assinar nada? Ele entende que eu como treinador deveria arcar com as consequências. Como ele conseguiu fazer o visto sem a minha assinatura em contrato ou sem meu consentimento, não sei dizer. O fato é que com a cópia do meu passaporte ele conseguiu emitir a permissão de trabalho e agora me bloqueou de viajar. Como posso ser acusado de dívida e denunciado através de uma agência de viagens como supervisor de venda? (Ele) Não me pagou, bloqueou minha saída e cancelou minha passagem. Tentei um acordo por diversas vezes, mas não consegui”, desabafou.   


No dia 28 de dezembro, Claudio perguntou para Mahmoud em conversa por aplicativo de mensagens como a situação poderia ser resolvida. O presidente do clube respondeu: “Simples, pague. Tudo, você sabe quanto. Em dinheiro”.     


A reportagem do GE entrou em contato com Mahmoud Alkmash, via aplicativo de mensagens. Na primeira vez, o dirigente não respondeu. Na segunda, afirmou que não permitiu "qualquer organização a publicar nada" com o nome do clube e avisou que tomaria medidas legais caso houvesse qualquer matéria sem autorização deles.   


A Associação de Futebol dos Emirados Árabes, o Sport Support Club e a Marengo Travel Agent também foram procurados, por telefone e e-mail, mas não responderam até a hora da publicação da matéria.