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Cidade histórica não precisa de “new look”. Parabéns, Corumbá!

Da Redação em 21 de Setembro de 2018

As portas da Catedral estão fechadas, mas o manto espiritual de Nossa Senhora da Candelária, a padroeira da nossa cidade, está presente para cobrir de amor e proteção todos os corumbaenses neste 21 de setembro, aniversário de Corumbá. A igreja Matriz hoje passa por um processo de restauração com recursos do PAC Cidades Históricas, o mesmo que já requalificou as praças da República e da Independência.

 

Com a intervenção do poder público, Corumbá foi a única cidade sul-mato-grossense inserida em 2013 no PAC Cidades Históricas, que contemplou dez projetos de restauração e requalificação de prédios e espaços públicos históricos que fazem parte do rico patrimônio da cidade.

 

Se tudo der certo e nada de absurdo ocorrer no governo federal, os recursos do PAC – um total de R$ 20 milhões – continuarão chegando para concretizar os projetos de restauração dos prédios da antiga Prefeitura, do Hotel Internacional (Royal), do Instituto Luiz Albuquerque (ILA), da Comissão Mista, da Casa do Artesão (antigo presídio), do antigo Mercadão, além da requalificação urbanística da ligação da parte alta e baixa da cidade, com implantação de passarela, e da Praça Uruguai (ao lado do transbordo).


Corumbá conhece seu potencial histórico e cultural. Só ainda não descobriu a chave para transformar todo este rico patrimônio em dividendos para o turismo e o comércio, com um volume maior de ações para aquecer a economia.

 

É verdade que as crises políticas e econômicas, em forma de cascata, do nível federal até o município, têm sido um enorme obstáculo para nossas aspirações. Mas nada disso será insuperável se pudermos contar com um município forte em ideias, novos conceitos e atitudes. Um município criativo, capaz de ouvir o clamor da comunidade.  

Mentes poluídas da Capital costumam tecer comentários desabonadores contra a cidade, às vezes definindo-a como velha, nostálgica e conservadora. Nesta semana, um dos críticos chegou a sugerir um “new look” para nossa cidade, mantendo “apenas o essencial” do nosso patrimônio histórico e cultural para que pudéssemos progredir. Na sua lógica economista, prédios históricos preservados atravancam o crescimento.


É superficial e leviano pensar dessa forma. O momento é de preservar e agregar valores ao nosso patrimônio cultural. O que a cidade tanto espera é uma equação entre a riqueza patrimonial e o desenvolvimento econômico, com a geração de postos de trabalho, circulação de dinheiro, abertura de novas empresas. Necessita de roteiros turísticos planejados e envolventes para manter o visitante cada vez por mais tempo no perímetro urbano depois de voltar do passeio ao Pantanal.

 

Corumbá é imbatível na questão do patrimônio histórico e cultural em Mato Grosso do Sul e precisa urgentemente explorar suas potencialidades. Quanto mais estivermos preparados para receber o turista e o imigrante, mais rápidos serão os efeitos para o desenvolvimento econômico.


É preciso cada vez mais nos situarmos como cidade de fronteira, administrando os pontos favoráveis,inclusive para a captação de mais recursos federais. Uma cidade pujante e feliz também se faz com a integração de povos e culturas, e não podemos nos limitar ao Festival América do Sul para expressar nossa identidade latino-americana.

Se fomos palco da Guerra do Paraguai temos de estar preparados para receber visitantes ansiosos por descobrir este outro lado da nossa história.

 

“New look” serve para cidades de passado curto e vazio que ainda buscam identidade e precisam escrever uma história. Aos 240 anos, Corumbá deve ser inserida no roteiro das cidades imperiais, hoje com museus e edificações seculares que testemunham o passado do Brasil. Além do Muhpan, do Museu Regional do Pantanal, da Casa do Dr. Gabi, o quarto museu corumbaense seria o de Forte Coimbra,que deve se tornar Patrimônio Cultural da Humanidade por decisão da Unesco(União das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). 


O Forte Coimbra, de 1775, faz parte do conjunto de 19 fortificações do Brasil e representa um marco histórico em Mato Grosso do Sul. Um museu a céu aberto, que já foi ocupado por forças paraguaias durante a Guerra da Tríplice Aliança e está tombado desde 1975. Soma 243 anos.  Quem tem história viva não precisa de “new look”. Parabéns, Corumbá!