Leonardo Cabral em 22 de Março de 2019
Anderson Gallo/Arquivo Diário Corumbaense
Investigações do Gaeco e do Ministério Público revelaram que esquema era realizado na Assistência Social de Ladário
O advogado de defesa de Eiza, Maarouf Fahd Maarouf, informou ao Diário Corumbaense que o pedido de habeas corpus foi concedido pelo desembargador Ruy Celso, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
“A defesa entrou com o pedido, que foi deferido pelo desembargador, uma vez que ela preenchia os requisitos, como ter residência fixa, bons antecedentes, ser ré primária e ter o ensino superior completo. Ela teria que ser mantida em cela especial, mas em Mato Grosso do Sul não temos nenhum presídio com cela especial para mulheres. O desembargador determinou medidas cautelares e ela terá que ir uma vez ao mês no Fórum, comprovar sua residência e continuar respondendo o processo em liberdade, podendo também exercer normalmente a profissão, que é de psicóloga”, explicou o advogado.
Eiza Nadila Bassoli, dos quatro detidos, era a única servidora efetiva e antes de Ruso ser preso, era titular da Assistência Social. Junto com ela, foram presos Marilene Ribeiro de Souza, Walter Júnior Landiva Nunes e a ex-secretária de Assistência Social e de Administração de Ladário, Andressa Paraquett, presa no Rio de Janeiro.
Conforme denúncia do Ministério Público, Andressa Paraquett, que era considerada "super secretária" do governo Ruso, era a chefe do esquema, "notadamente em razão de sua superioridade hierárquica aos demais". Mesmo quando deixou a secretaria de Assistência Social para assumir a secretaria de Administração, continuou a fazer parte de esquema de desvio de dinheiro público, "já que Eiza assumiu a Secretaria de Assistência Social, como sua subordinada e sabedora de que continuaria com os desvios de recursos do erário". Ainda de acordo com as investigações, Paraquett foi a responsável por contratações ilegais de servidores e para essas pessoas, arquitetou o esquema de desvio de recursos do erário público, que foi revelado em reunião com os demais integrantes do grupo.
"Eiza, quando assumiu a pasta, anuiu ao esquema e permitiu que ele continuasse, assinando juntamente com o responsável pela UGAF os procedimentos de compra direta/dispensa de licitação fraudados. Para a concretização da fraude, eram utilizadas pessoas sem vínculo com o Município, que forneciam dados pessoais e contas bancárias para trânsito dos recursos desviados, bem como eram falsificados documentos públicos, com inserção de informações falsas, notadamente os orçamentos apresentados e as informações e certidões de que os serviços tinham sido prestados", informa a denúncia do MPE.
A operação
A operação do Gaeco, realizada em conjunto com a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público de Corumbá, visou desarticular organização criminosa que atuou na Secretaria de Assistência Social de Ladário no período de janeiro de 2017 a outubro de 2018. Os crimes praticados foram de organização criminosa, peculato, prevaricação, falsidade ideológica e fraude em licitação através do desvio de dinheiro público mediante a contratação fraudulenta de empresas e prestadores de serviços, via dispensa ilegal de processo licitatório, com superfaturamento dos preços e ausência da entrega do bem ou serviço contratado.
Ainda conforme a Gaeco, a fraude também ocorria via contratação direta de servidores, por processo seletivo também fraudado. A investigação apontou que os valores dos cofres públicos recebidos pelas empresas ou servidores contratados ilegalmente eram repassados aos agentes públicos participantes do esquema.
Foram alvos de busca e apreensão, a Secretaria de Assistência Social, o setor de Recursos Humanos localizado na Prefeitura Municipal, a residência dos investigados, além de quatro empresas com sede em Corumbá e que, segundo o Gaeco, mantiveram contratos fraudulentos com o Município de Ladário. Ainda não há cálculo dos prejuízos aos cofres do município.
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