Lívia Gaertner em 07 de Novembro de 2017
Se há uma característica que se aplica ao povo corumbaense é a de “ser bairrista”, ou seja, aquele que defende com paixão e entusiasmo sua terra, o lugar de onde veio. Corumbaense é tão bairrista mesmo, que não se contenta em apenas se ver representado pela cidade e vai além: denomina regiões e porções habitadas de “bairro”. Um novo conjunto que surge ou uma área reconhecida por características comuns quase que, imediatamente, ganha nome e status de bairro, apesar da divisão geográfica oficial da cidade afirmar que existem, legalmente, apenas 23 bairros na cidade.
O número se multiplica quando tentamos catalogar os conjuntos habitacionais. Muitos de tão antigos e tradicionais estão na “boca do povo” como bairro. Um exemplo é o que acontece com o Cravo Vermelho que se expandiu e, hoje, tem três subdivisões, além do Vitória Régia. Todos esses são casos de conjuntos habitacionais que pertencem ao bairro Cristo Redentor.
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No bairro Universitário, a região conhecida como Vila Mamona, ao longo dos anos, de tão propalada como bairro foi parar até em contas de energia elétrica. E para reforçar esse sentimento de pertencimento uma das mais tradicionais escolas de samba de Corumbá foi batizada com o nome da região. A “Unidos de Vila Mamona” tem 37 anos de fundação e 19 títulos do carnaval corumbaense. Apesar de tudo isso, Vila Mamona não é oficialmente um bairro de Corumbá.
Fotos: Anderson Gallo/ Arquivo Diário Corumbaense
Área urbana de Corumbá conta, atualmente, com 23 bairros, sendo o mais recente, Padre Ernesto Sassida
A relação entre conjuntos habitacionais e bairros na cidade é bastante profunda, já que, muitos bairros surgem a partir desses aglomerados de residências. O exemplo mais recente é o do bairro Padre Ernesto Sassida. A Lei 2333/2013, promulgada pelo então presidente da Câmara Municipal de Corumbá, Marcelo Aguilar Iunes, atualmente prefeito da cidade, elevou ao status de bairro as construções que integravam o Programa MS Cidadão – Casa da Gente – dos residenciais Guató e Ipê Amarelo.
Do passado também vem exemplo dessa prática. Na década de 1950, o conjunto habitacional Barão de Vila Maria, transformou-se no bairro Popular Velha. No final dos anos 70, a Vila João de Deus originou o bairro Guarani.
Enquanto muitos cidadãos identificam-se com conjuntos e regiões e defendem até o fim se tratar de bairro, há aqueles que moram em bairro e nem se dão conta. É o que acontece com o bairro Pantanal que existe desde 2003 por meio da lei municipal 1781/2003, assinada pelo então prefeito Éder Moreira Brambilla. O texto esclarece que o bairro Pantanal está localizado no quadrante entre as ruas 21 de Setembro, José Maciel de Barros, Agostinho Mônaco e BR-262 (Anel Viário), nos limites do bairro Guatós.
A tabela a seguir foi retirada da tese de doutorado “O Patrimônio Ambiental Urbano de Corumbá-MS: Identidade e Planejamento”, de Joelson Gonçalves Pereira em sua tese de doutorado defendida na USP – Universidade de São Paulo, no ano de 2007. Nela, percebem-se a evolução da ocupação do território urbano de Corumbá com base no surgimento de conjuntos habitacionais e bairros.
Fábio Provenzano, coordenador de Geoprocessamento da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, afirma que delimitar os bairros vai além de uma questão de sentimento de pertença da população. “Os limites servem para que demais ações estruturais e políticas públicas do município sejam elaboradas e atendam a população de forma mais satisfatória. Investimentos em equipamentos públicos, como escolas, postos de saúde, por exemplo, são implantados levando em consideração as regiões e seus limites. O grande projeto de infraestrutura urbana do Fonplata é um exemplo”, destacou Provenzano ao Diário Corumbaense.
Fábio Provenzano, coordenador de Geoprocessamento, esclarece que as delimitações de bairros são importantes para planejamentos estratégicos do Município
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