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Ambulância deixa pacientes no pronto-socorro sem contato prévio

Caline Galvão em 27 de Fevereiro de 2016

Divulgação

Ambulância da Bolívia deixando paciente no pronto-socorro de Corumbá

Mesmo sofrendo acidentes ou traumatismos no país vizinho, bolivianos são colocados na ambulância da Bolívia e trazidos para o pronto-socorro de Corumbá. A ambulância muitas vezes entra no Brasil apenas com um estudante de Medicina, deixa o paciente no pronto-socorro, não faz contato com o médico de plantão e vai embora.

“Eu acho isso um verdadeiro absurdo porque, vamos supor, a gente não tem especialista em neurocirurgia no município, então os pacientes que chegam com traumatismo craniano grave, que precisam de intervenção cirúrgica, a gente precisa estabilizar o paciente no CTI, entrar em contato em Campo Grande, ver se tem a vaga, tudo documentado por fax, e se tiver, aí sim vamos dar sequência à transferência. A gente entra em contato com a empresa aérea, a empresa confirma se tem a vaga, para depois ocorrer a transferência. Se eu transferir esse paciente sem solicitação por escrito, eu corro o risco de tomar um processo no CRM (Conselho Regional de Medicina)”, salientou Cristiano Xavier.

“São várias as vezes que chegam pacientes na ambulância da Bolívia no pronto-socorro, às vezes acompanhado por acadêmicos de Medicina na Bolívia. Não tem nenhum contato prévio, eles não perguntam ao médico plantonista se ele tem condições de atender, se tem vaga, se tem o medicamento, se tem o especialista, não tem esse contato. Simplesmente eles chegam e deixam o paciente. A gente se sensibiliza porque o Sistema Único de Saúde é um direito de todos, no caso de urgência e emergência. Também ficamos sensibilizados de não atender, porque se a gente não atender, vai complicar o quadro do paciente, mas acho que deveria haver um contato prévio”, reclamou o diretor-presidente da Santa Casa.

Ele explicou que mesmo o paciente estrangeiro necessitando de neurocirurgia em Campo Grande, o Sistema só aceita o paciente que tem nacionalidade brasileira, CPF e endereço fixo no Brasil. “A gente não está querendo discriminar o boliviano, mas se a gente dá atendimento a essa população, por que o Governo Federal não aumenta as verbas para as cidades de fronteira? Ou o Governo Federal conversa com o Governo da Bolívia e vê se tem incentivo para os hospitais de fronteira?”, sugeriu o médico.

Uma enfermeira que atua na Santa Casa, mas não quis ser identificada, afirmou que hoje o hospital recebe um número muito alto de pacientes bolivianos que chegam em estado grave ou gravíssimo. “Eles chegam em estado gravíssimo, a ambulância deixa aqui e vai embora. Quando eles vêm para Corumbá, não é um caso simples, de internação de cinco ou dois dias. Com exceção da maternidade, eles vêm em casos muito graves que requer atendimento melhor e número maior de gastos. Consequentemente, muitos pacientes de Corumbá ficam aguardando vaga”, relatou a enfermeira ao Diário Corumbaense.

“Claro que não vamos deixar de atender, mas, se eles estão vindo com muita facilidade, é porque a porta está aberta demais. Se tivéssemos um número grande de leitos no hospital, um número grande de materiais e medicamentos para atender Corumbá, Ladário e a cidade de fronteira da Bolívia, ótimo, mas onde hoje se gasta com pessoas da Bolívia, poderia ser gasto com corumbaenses, essa é a questão”, afirmou a enfermeira.

“Semana passada eu presenciei uma ambulância da Bolívia aguardando perto da esquina do CTI. Demorou um pouquinho e uma boliviana saiu de uma clínica particular localizada ao redor da Santa Casa, ela veio com a ambulância boliviana, entrou no consultório particular e depois atravessou a rua com uma ordem para se internar no hospital da Santa Casa. E quem está ali no pronto-socorro aguardando?”, alertou a enfermeira.

“Não é que estamos negando atendimento, mas não temos condições de atender à demanda da Bolívia que hoje é enorme”, concluiu a enfermeira. Ela lembrou também que não são poucos os bolivianos que morrem no hospital e seus corpos ficam no necrotério aguardando as famílias realizarem a tramitação legal do translado do corpo.

 

Comentários:

Paulo César Lacerda de Novais: Sempre foi assim . Gerenciei este pronto socorro e hospital entre 2001 e 2007 , nunca fizeram nada !!! Não existe surpresa .

GENIVAL DA CUNHA: Infelizmente, temos nossos problemas, que não são poucos, principalmente corte de cursos de repasses federais, como ocorreu agora em fevereiro, no orçamento, e assim não prefeito que aguente. Não temos culpa se o país vizinho não tem planejamento com seu próprio povo, onde dito pelo próprio diretor, os pacientes são trazidos sem aviso, colocando em risco o próprio registro de médico do diretor. Acho o seguinte, que haja um planejamento urgente do governo boliviano, abrimos sim as portas para os pacientes bolivianos, mas não de forma desorganizada como está. Creio que o momento para essa sobrecarga não é bom para o Brasil, pois os recursos estão escassos.