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Greve entra na terceira semana sem que bancários e Fenaban discutam acordo

Caline Galvão em 20 de Outubro de 2015

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Bancos ainda não se pronunciaram sobre contraproposta de reajuste salarial

Com 15 dias de greve, os bancários continuam sem posicionamento por parte da Federação Nacional dos Bancos e as agências públicas e privadas do setor continuam com suas atividades paralisadas. A greve nacional unificada teve início no dia 06 de outubro, quando em Corumbá as agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica aderiram ao movimento. Dois dias depois, foi a vez de todos os bancários da rede privada cruzarem os braços.

Na segunda-feira (19), a dona Maria Aldama estava na frente do Banco do Brasil aguardando o marido. Ela afirmou ao Diário Corumbaense que não concorda com a greve. “Eu acho uma injustiça com o povo porque ficar de greve tanto tempo assim prejudica muita gente. São contas para pagar e acaba ficando com juros e eles não vão repor esse dinheiro para as pessoas. Eu já fui prejudicada por causa disso, meu marido mesmo tem coisas para resolver e não pode por causa da greve”, disse revoltada.

Já o marido de dona Maria, Cecílio Airton da Silva, acredita que mesmo prejudicando algumas pessoas, a greve é justa e faz parte da democracia. “Eu acho que quem se sente prejudicado tem que procurar os seus direitos, afinal de contas nós estamos em um país democrático. Eu já não tenho mais como fazer greve porque sou aposentado, mas é um direito deles. Que prejudica, prejudica, lógico, gente que mexe com comércio sai prejudicado, mas o que é que nós vamos fazer?”, comentou.

Segundo Agostinho Colombo, presidente do Sindicato dos Bancários de Corumbá, a categoria espera por uma contraproposta por parte dos bancos e luta por melhores condições de salário e de trabalho. “Essa greve não é só pelo aumento de salário, mas pela qualidade do banco hoje com os seus clientes porque o que sentimos hoje, principalmente, é a falta de servidores para o atendimento. Você vem nos bancos hoje, e vê quanto tempo fica numa fila. Acho que o principal é essa questão de atendimento aos clientes porque os bancos estão ganhando grandes fortunas, mas não estão oferecendo o atendimento necessário para os seus clientes”, afirmou.

Os bancários reivindicam 16% de aumento salarial, melhores condições de trabalho e mais segurança nas agências. Os trabalhadores afirmam que os bancos ofereceram reajuste salarial de apenas 5,5%, muito abaixo da inflação do período, de 9,88%, o que representaria perda de 4% aos bancários.

Clientes devem formalizar denúncias referentes a caixas eletrônicos desabastecidos

Lei municipal e Código do Consumidor exigem caixas eletrônicos abastecidos

Algumas pessoas têm reclamado desde o início da greve que caixas eletrônicos não estão sendo abastecidos nos bancos, em Corumbá. No entanto, há uma lei municipal que protege o consumidor nos finais de semana e feriados, quando essa situação fica crítica na cidade, estando os bancários em greve ou não.

Está em vigor, desde 05 de novembro de 2014, a lei municipal 2433, de 29 de outubro de 2014, que determina a disponibilização de dinheiro nas agências bancárias nos finais de semana e nos feriados em Corumbá. A lei, de autoria do vereador Yussef El Salla, aprovada pela Câmara e sancionada pelo prefeito Paulo Duarte, exige que os caixas eletrônicos na cidade estejam abastecidos nesses dias e o não cumprimento desta ordem resultará em multa de R$ 1.000,00 (mil reais) à instituição infratora. O cliente que se sentir lesado, deve entrar em contato com o Procon e, através do órgão, acionar o banco.

Ocorre que em Corumbá, a Fundação Procon já abriu outros procedimentos por este motivo. Além disso, o Ministério Público Estadual também está atento às ocorrências de desabastecimento dos caixas eletrônicos. “O Código de Defesa do Consumidor e a própria legislação bancária determinam que todos os bancos mantenham os caixas automáticos abastecidos em funcionamento contínuo, não é só uma lei municipal que assim determina”, afirmou a este Diário o promotor Luciano Conte, titular da 5ª Promotoria de Justiça da comarca de Corumbá.

O promotor lembrou que o Ministério Público já havia aberto inquérito civil na cidade, uma investigação direcionada ao Banco do Brasil, quando teve materialização de reclamações de diversos consumidores. Essa investigação foi realizada antes da greve, por causa de denúncias formalizadas junto aos órgãos competentes. Os cidadãos reclamavam da total falta de abastecimento dos caixas eletrônicos e no mesmo mês da investigação, foi comprovado que os caixas ficaram totalmente sem dinheiro nos feriados e nos finais de semana do pagamento dos servidores públicos. Foi instaurado inquérito civil, apuradas as provas e o Ministério Público entrou com uma ação civil.

“O juiz da comarca de Corumbá acatou nosso pedido, concedeu uma liminar que obrigava o Banco do Brasil a manter os caixas eletrônicos abastecidos com cédulas, para as pessoas poderem sacar inclusive nos finais de semana e nos feriados. Nesse caso, a liminar foi revogada pelo desembargador do Tribunal de Justiça porque o Banco recorreu e nós estamos aguardando agora a manifestação definitiva lá do Tribunal de Justiça em Campo Grande. Nós acionamos a Procuradoria Geral de Justiça para que eles se manifestassem, defendendo os direitos do consumidor, para tentar retomar essa decisão que favorecia os consumidores”, afirmou o promotor Luciano Conte.

“O motivo pelo qual nós entramos com a ação são essas disposições legais, tanto do Código de Defesa do Consumidor, que exige que os bancos prestem um serviço adequado e contínuo, quanto as normas do Banco Central, que exigem esse abastecimento constante dos caixas eletrônicos”, completou.

Com relação à situação dos demais bancos envolvidos na greve, o promotor afirmou que recebeu, na semana passada, um expediente do Procon, informando que o órgão constatou no Banco do Brasil que realmente os caixas eletrônicos não estavam abastecidos. O Procon afirmou ao Ministério Público que por conta da greve, está fiscalizando os demais bancos também. “Eu ainda não tenho a informação oficial do Procon do resultado dessas diligências, mas nós estamos acompanhando e aguardando a adoção de  providências”, assegurou Luciano Conte.

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