Após greve, servidores do INSS retomam os atendimentos em Corumbá

Depois de 80 dias de greve no Mato Grosso do Sul, servidores administrativos do INSS voltaram às suas atividades em todo o Estado. A decisão foi tomada depois da assinatura do acordo entre o Comando Nacional de Greve e o Governo Federal. Os servidores de 20 Estados da Federação aceitaram proposta de aumento salarial de 10,8%, dividido em dois anos. Além disso, as gratificações foram incorporadas e fixadas, não há mais gratificações variáveis, que dependiam da produtividade.

Anita Borba, representante do Comando Estadual de Greve do INSS, afirmou ao Diário Corumbaense que a categoria termina a grave com a “ideia de que foram vitoriosos”. Além do reajuste, os servidores conseguiram outros benefícios. “As condições de trabalho melhoraram porque a gente tinha um tempo médio de atendimento que era meio que ‘escravidão’ para o servidor, conseguimos suspender isso por dois anos. Só não conseguimos o concurso que foi barrado pelas medidas econômicas do Governo. Para nós, o concurso público hoje é que iria melhorar o atendimento porque são mais funcionários para que aja mais atendimento e mais qualidade”, disse Anita.

A agência do INSS em Corumbá começou o dia tranquilo, mas funcionando com todos os atendimentos e agendamentos. Maria de Lourdes dos Santos havia ido à agência no mês de agosto para tentar iniciar processo de pensão por morte, em benefício de sua filha, de 5 anos. “Só agora mesmo é que pude ser atendida”, afirmou Maria de Lourdes. “A greve prejudicou porque a gente quer resolver as coisas logo”, completou.

Lucivane Magalhães estava aguardando atendimento que havia sido agendado para esta quarta-feira (30). O pai de sua filha faleceu e desde então a menina não recebia mais a pensão dele. Lucivane afirmou que o atendimento estava agendado para o dia 02 de agosto, mas teve que ser reagendado para 30 de setembro. “Esse dinheiro vai ajudar bastante porque ele pagava pensão, mas ele morreu em um acidente. Essa pensão vai ajudar bastante porque ele faleceu dia 25 de julho e eu só estou conseguindo agora”, contou.

Já Leunídea Domingos da Costa peregrinou bastante até que conseguiu ser atendida neste dia 30. Há dois meses ela deveria ter sido atendida. O caso dela, pensão por morte do marido, foi agendado para o dia 02 de agosto, remarcado para o dia 10 daquele mês, mas teve que ser reagendado para o dia 02 de setembro. No entanto, a greve continuava e houve mais um adiamento, ficando para o dia 30 de setembro. “Essa greve me prejudicou bastante porque estou com minhas contas todas atrasadas. Hoje, está fazendo três meses que ele faleceu”, afirmou dona Leunídea. Ela disse que durante esse período, sua filha a ajudou pagando as contas de água e luz.

Peritos trabalham em revezamento

Anita Borba, representante do Comando Estadual de Greve do INSS, garantiu que os servidores estão se organizando para colocar em dia os atendimentos. “À medida do possível estamos colocando o serviço em dia. Vamos fazer um esforço muito grande, de nível nacional, para que possamos colocar em dia, pelo menos no prazo de três meses”, assegurou. No entanto, ela informou que o comando de greve não responde pela greve dos médicos peritos do INSS.

Em Corumbá, os peritos estão trabalhando em revezamento. Um atende nas terças e quintas e o outro atende nas quartas e sextas, pois é resolução da greve da categoria a nível nacional. Damião Jesus Campos, operador de máquina, está afastado do emprego por motivo de doença. Ele disse que essa greve o prejudicou muito. “Eu tinha que vir aqui semana passada, mas por motivo da greve, não tinha atendimento, nem o telefone estavam atendendo”, afirmou Damião. Ele já estava de saída da agência e disse que conseguiu resolver seu problema hoje, que era marcar perícia médica.

“O complicado é que os médicos ainda estão em greve e foi marcado só para o dia 23 de outubro. Com o auxílio doença, eu estou afastado da empresa, aí a empresa pede o atestado da perícia e todo mês eu tenho que levar, mas atrasou. Vou ter que ir lá hoje para saber o que eles vão me dizer lá na empresa a respeito desse atraso, mas eles devem estar sabendo o motivo, mas mesmo assim tem que ir lá justificar”, explicou Damião.