Empresários e trabalhadores buscam soluções para evitar desemprego

Com o início da Piracema, época destinada à reprodução dos peixes, nesta sexta-feira, 05 de novembro, o turismo, o comércio pesqueiro e os trabalhadores que dependem diretamente do setor, recorrem a diversas alternativas de renda. A presidente da Associação Corumbaense das Empresas Regionais de Turismo (ACERT), Joice Carla Santana Marques, disse que para evitar maiores prejuízos durante os quatro meses de proibição da pesca, algumas empresas optam pelas férias aos funcionários e pelos serviços de manutenção e reformas das embarcações.

“O setor também passou a investir em outros atrativos, como o turismo ecológico, onde os turistas fazem um passeio pelo Pantanal, sem a prática da pesca. Outras empresas optam por manter os funcionários para a realização de manutenção nas embarcações. Todas essas medidas são tomadas para garantir a 'saúde' financeira da empresa e a subsistência dos funcionários”, informou Joice.

Os anos trabalhando no mercado da pesca fez com que alguns empresários se baseassem na experiência para que o problema do desemprego fosse superado. O empresário Sami Ziad Ybraim, que trabalha com produtos de pesca e náutica, encontrou uma solução: o planejamento do orçamento anual e de férias.

“Há 12 anos trabalho neste setor e durante todos esses anos aprendi a cuidar do orçamento para manter minha renda e de meus funcionários. No começo, a solução era fechar a loja durante três meses e dispensar os funcionários, o que era prejudicial para ambos os lados. Hoje, conseguimos planejar a venda ao longo do ano e nessa época de piracema, investimos em manutenção náutica. Aproveitamos também para dar férias a alguns funcionários. Com esse planejamento conseguimos passar por esse período de proibição da pesca”, explicou  Sami ao Diário.

Mas para outras empresas que possuem um grande número de funcionários é complicado manter todos os funcionários ativos neste período. É o que informa o responsável operacional de uma empresa turística, Linkoln Kohaiassi. “Nossa empresa tem grande número de funcionários, logo, manter todos eles trabalhando nessa época em que há uma queda de 90% nas atividades turísticas da região, é algo impossível. Como saída, parte dos funcionários cedemos para outras empresas vinculadas ao turismo, outros mantemos no mesmo setor, mas infelizmente, uma parcela acaba por ser dispensada e recontratada somente no começo do outro ano. Tentamos buscar soluções, mas como a pesca é a principal atividade turística da cidade, fica difícil", afirmou.

Soluções

Trabalhando há 10 anos como marinheiro fluvial, Adeilson de Moraes, 31 anos, encontrou em “bicos” a solução. “Com o tempo, aprendi a conviver com a época de piracema. Durante o ano, a família se planeja, economiza e guarda uma quantia em banco, e essa tarefa é difícil, mas ao longo dos anos, vamos aprendendo. Os 'bicos' que surgem, acabam se tornando certos nesse período, melhorando a vida de quem apenas sobrevive da época de pesca”, contou.

Adeilson destacou também que apesar de conviver com a incerteza de serviço na piracema, também já viveu essa fase de planejamento e alternativas de serviços, buscadas pelas empresas de turismo. “No ano passado, não fui dispensado pela empresa. É uma sensação muito boa, ter seus direitos garantidos, ter um serviço fixo nesta época. Neste ano estou aguardando a resposta da empresa para ver se irei permanecer no quadro de manutenções ou não. É uma situação que nos deixa tensos, mas que é a nossa real vivência, pois dependemos dos peixes para trabalhar e eles devem ter seu período de reprodução respeitado”, concluiu.

Começo da temporada

O término da Piracema está previsto para o dia 28 de fevereiro de 2011, mas as recontratações para o setor de pesca começam em janeiro, segundo a presidente da ACERT, Joice Santana. “As atividades pesqueiras começam efetivamente em fevereiro, mas em janeiro, iniciamos a organização do setor para que os serviços do ano sejam prósperos”, informou.