Camila Cavalcante em 07 de Outubro de 2010
Anderson Gallo
Movimento nas lotéricas foi intensificado; clientes buscam serviços bancários
Nesta quinta-feira, 07 de outubro, a greve nacional dos bancários completa 08 dias. Em Corumbá, os dois bancos estatais, Caixa e Banco do Brasil, aderiram à paralisação que prejudica aqueles que necessitam realizar transações específicas. Quem precisa de atendimentos preferenciais está à espera de uma solução.
É o caso do aposentado Jairo Teixeira Pires, 53 anos, que teve seus planejamentos interrompidos devido a greve.“Preciso receber meu Fundo de Garantia. Sou aposentado, mas trabalho em uma pequena firma. Desde junho planejei para receber o dinheiro neste mês, negociei a transação com o banco, formalizei os documentos e na hora 'H' aconteceu a greve. Planejei tirar minhas férias em meados de setembro e começo de outubro para poder receber esse benefício e realizar uma reforma em minha casa, mas pelo jeito, meus planos falharam. Volto a trabalhar na próxima segunda-feira, dia 11, e minha reforma não irá ocorrer. Sei que meu assunto é até irrelevante em relação aos diversos casos que vi, mas é uma situação frustrante pela qual ninguém necessitava passar”, avaliou Jairo.
Segundo a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), 33% dos postos existentes no Brasil entraram em greve. A estimativa é que 29 mil bancários participam da paralisação, aproximadamente 22% dos 130 mil cadastrados na base regional do sindicato.
A reivindicação da categoria é o aumento de 11% no salário dos bancários, além da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), vale-refeição, vale-alimentação, auxílio-creche e pisos maiores, além de auxílio-educação para todos e melhores condições de saúde.
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) informou no início da semana que aguarda a volta dos bancários à mesa de negociações e disse que a proposta de reajuste salarial - que previa apenas a reposição da inflação (4,29%) - era somente o início. A Federação adiantou, no entanto, que ainda considera o reajuste de 11% "exagerado". A entidade afirma que com a aplicação da convenção, seriam corrigidos com o novo acordo os direitos a jornada de trabalho reduzida, de seis horas diárias, participação nos lucros, piso salarial de R$ 1.501,49 para a função de caixa, vale-refeição mensal de R$ 371,36, vale-alimentação de R$ 289,36 e auxílio-creche de R$ 207,95 (por filho).
Solução
Uma das medidas tomadas pela maioria dos usuários é recorrer às redes lotéricas. O problema é que mesmo a maior parte das contas podendo ser paga nas lotéricas, o limite para cada documento é de R$ 1 mil. Outra opção é quitar os débitos nas páginas dos bancos pela Internet, o que causa desconfiança em alguns clientes.
Na Caixa e no Banco do Brasil, apenas os caixas eletrônicos estão em funcionamento. Já as lotéricas estão operando saques, recebimentos de benefícios sociais, consulta de saldos e depósitos em conta corrente e poupança.
A proprietária de uma lotérica da cidade, Dalva Rodrigues Ferreira, revelou ao Diário que os atendimentos passaram a ser intensos. “Minha lotérica tem funcionários capacitados e em número suficiente para atender a grande demanda desses serviços, mas a greve pegou muita gente de surpresa e quem sofre com isso é a população”, ressaltou Dalva.
Benevides Ribeiro Dias, 55 anos, estava descontente na fila, pois queria realizar um depósito com valor acima do permitido. “Vou depositar a quantia que posso e depois terei de pagar uma multa. Quem entra em greve são os bancários, mas quem paga as multas somos nós clientes”, desabafou. A acadêmica Juliana Rodrigues, que trabalha em um projeto social educacional e recebe seu benefício em cheque do Banco do Brasil afirma que a solução foi guardar o recebimento, pois realizar um depósito está impossível. “Fui informada que só poderei descontar meu cheque no Banco do Brasil e isso atrasa minhas atividades, pois no banco a informação é que não tem data para funcionamento normal. O que me salva é que ainda tenho outro rendimento, porém, trabalhar e receber um papel sem valor não é nem um pouco agradável. É como se você trabalhasse de graça, pois eu tinha compromissos com esse valor que infelizmente tiveram que ser adiados.”
Em Corumbá, os bancos privados não aderiram à greve e funcionam em horário normal.