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Devotos louvam e pedem proteção à Iemanjá na prainha do Porto de Corumbá

Leonardo Cabral em 31 de Dezembro de 2023

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Tradição secular é mantida em Corumbá às margens do rio Paraguai

Ao som dos atabaques, que ditavam o ritmo das homenagens à Iemanjá, na noite de sábado, 30 de dezembro, religiosos e simpatizantes de manifestações da cultura africana, se reuniram às margens do rio Paraguai, para pedir proteção à Rainha do Mar. A tradição secular, é mantida no município pantaneiro todo final de ano.

Pedindo bênçãos e agradecendo por graças alcançadas ao longo de 2023, os caboclos, pretos velhos e orixás de tendas de Umbanda e Candomblé de Corumbá, prestaram suas homenagens. Ao longo da orla, os religiosos entoavam os cânticos em idiomas africanos. Barquinhos de isopor com espumante, espelhos, batons e diversos presentes que realçam a vaidade feminina foram oferecidos pelos fiéis e lançados ao rio Paraguai.

Em cada ponto da Prainha, longas filas foram formadas pelos simpatizantes que aguardavam a vez para tomar passe. Um ritual que se caracteriza por ser a troca de energia entre aquele que o transmite e o que recebe, tendo como objetivo o reequilíbrio do corpo físico e espiritual, a limpeza das energias negativas que causam enfermidades às pessoas, harmonização dos chakras, canalização de energias espirituais, dentre outros, que irão variar segundo a necessidade de cada indivíduo, conta a tradição.

Acompanhada da mãe, a devota Thalita Costa, disse que desde pequena acompanha as tradições de louvação à Rainha das Águas, que teve início com a sua avó. Um momento, para ela e a mãe de honrar esse compromisso e também de pedir bênçãos para o novo ano.

“A minha avó vinha todos os anos e falava para a gente prestigiar, e é uma forma também de agradecer pelo encerramento do ano, ainda mais frente à imagem de Iemanjá. Então, agora eu e minha mãe sempre estamos aqui, para honrar a tradição que minha avó tinha. É um momento para se ter esperança, para começar o ano com muita saúde”, disse Thalita.

Na fila, junto com as filhas, Lenise Claro de Lara, contou ao Diário Corumbaense, que esse é o terceiro ano que marca presença no Porto Geral. Para ela, além da tradição, é um momento de purificação.

Anderson Gallo/ Diário Corumbaense

Lenise tomando "passe", momento é de purificação

“Ainda mais sendo junto com a família, com as minhas filhas. É um momento de purificação, é estar com Deus, com as bênçãos, com os orixás, é uma renovação tanto física como espiritual. Foi um ano difícil para todos, mas acredito que 2024 seja mais próspero, com muita saúde. Espero o melhor”, disse Lenise revelando que na virada do ano sempre se reúne com a família. “A gente sempre pede proteção divina, pra tirar as doenças, tudo de ruim, principalmente nesse momento de guerra que as pessoas estão enfrentando em outros países. Quando peço não é só para a minha família, mas para o mundo todo, não podemos ser egoístas”, completou.

Junto da família também, Hayesa Nayara Barbosa, pediu proteção à Iemanjá, falando que é um momento em que sente leveza para o ano que vem chegando.

"Todos os anos procuramos vir aqui, tomar o passe e entrar no ano novo mais leve mais rejuvenescidos, as forças que recebemos aqui é sempre boa, para termos um ano novo ótimo. Já virou tradição a reunião dos devotos de Iemanjá”, disse garantindo que na virada do ano também tem suas crenças. “A gente segue tradições que traz da família, vestir roupas brancas, comer uvas, tradições que vem de anos, mas o que pedimos mesmo é muita saúde para todos”, mencionou.

Taynã da Silva Ribeiro, que é a Mãe Pequena da Casa Tenda Caboclo Tupinambá, disse que a Casa Jackeliene de Oxum, no bairro Universitário participou pela primeira vez das homenagens à Rainha das Águas na prainha.

Anderson Gallo/ Diário Corumbaense

Barquinhos de isopor com espumante, espelhos, batons e diversos presentes oferecidos à Iemanjá

“Já conhecíamos, mas nunca viemos com o nosso terreiro e filhos, sempre ficávamos na casa mesmo. Mas esse ano resolvemos vir pela obrigação, gratidão, a casa aumentou com muitos filhos e estamos aqui, agradecendo à mãe Iemanjá, ela é a mãe de todos nós, de todos os filhos da casa. Toda essa demonstração é uma renovação a cada ano, gratidão ao ano que se passou e ao ano que se inicia, que a fé da gente nunca abale e nunca acabe”, disse Taynã.

Imagem

Confeccionada pelo artista corumbaense Deniart, a imagem de Iemanjá, está no Porto Geral, onde ganhou a companhia de oferendas e instrumentos que caracterizam a louvação. Confeccionada à base de isopor, a imagem de Iemanjá tem 5,30 metros, com o andor, atinge pouco mais de 7 metros.

Iemanjá

Na mitologia yorubá (ioruba), Iemanjá, cujo nome tem significado de mãe dos filhos-peixe, é filha de Olokun, soberano dos mares, que deu a ela, quando criança, uma poção que a ajudasse a fugir de todos os perigos.

A deusa cresceu e se casou com Oduduá, com quem teve 10 filhos orixás (por isso seu nome significa também mãe de todos os orixás). É considerada o orixá mais popular do Brasil. Em 02 de fevereiro é celebrado o dia de Iemanjá. Além desta data, devotos realizam celebrações também em 15 de agosto e 31 de dezembro (em Corumbá, a tradição é no dia 30), por conta da virada de ano e as simpatias das sete ondas.

A influência da Rainha do Mar no Brasil começou com a chegada dos africanos ao país. Iemanjá é um orixá da religião do povo Egba, nativos da cidade de Abeokuta, na Nigéria. Com informações do blog Astrocentro.

Galeria: Louvação a Iemanjá

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