Leonardo Cabral em 15 de Agosto de 2023
Diário Corumbaense
A devota Sandra, nos preparativos para o encerramento da novena hoje à noite
A festa que já é tradição no município pantaneiro durante o mês de agosto, é feita por bolivianos que adotaram Corumbá como “casa”. Porém, por conta da proximidade entre as cidades fronteiriças, alguns moradores das cidades de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, cruzam a linha internacional, para fazer parte das celebrações.
Também há bolivianos ou descendentes que realizam a festa em casa. O casal Edson Martins e Sandra Aparecida Rodrigues, realizam a celebração na residência, localizada na Alameda Anita Garibaldi, bairro Cristo Redentor, parte alta de Corumbá.
Ao Diário Corumbaense, Sandra disse que a devoção começou após ela e o esposo se prenderem à fé na Virgem de Urukupiña, para que os ajudasse a conquistar a casa própria. De lá para cá, já são 16 anos realizando as homenagens em forma de agradecimento.
"Fazemos a novena e encerramos ela hoje, dia 15, que é o dia dela, com uma grande reza e um jantar, para amigos e familiares. Tudo como forma de agradecimento à ela, que tanto nos abençoou e segue nos abençoando”, falou Sandra.
A devoto conta também que é uma sensação de muita emoção. “Todos os anos me sinto grata pelas bênçãos. A festa acontece com todos se ajudando, desde família até amigos com decoração até o que é servido. É um momento de emoção, fé e agradecimento”, menciona frisando que depois da novena, no dia seguinte, todos da família se deslocam até o Morro, na Bolívia. “Subimos o morro no dia 16, como forma de agradecer ainda mais a tudo que a santa nos proporciona”, completa.
Calvário
Quando Sandra fala em “subir o morro”, ela se refere ao calvário, onde os devotos se unem para fazer os agradecimentos à Virgem de Urukupiña.
Na região de fronteira existem dois, um no distrito de Paradero, em Purto Suárez e outro, em Puerto Quijarro, às margens da rodovia Bioceânica. O ritual sempre é no dia 16 de agosto, com apresentações de danças típicas e também a parte religiosa, com momentos de manifestações católicas e tradições indígenas.
A santa
O dia dedicado a Nossa Senhora de Urkupiña é 15 de agosto. O nome Urkupiña é uma adaptação da língua indígena quéchua para a expressão “orqopiña”, que significa “já está na colina”, resposta que a jovem pastorinha que teria avistado Nossa Senhora disse aos pais quando perguntada sobre onde estaria a Virgem, na região de Quillacollo, em Cochabamba.
Contam que na época colonial, uma pequena menina ajudava a seus pais pastoreando ovelhas. Certo dia apareceu para a pastorinha uma formosa e deslumbrante senhora que carregava em seus braços um menino.
Para a criança conversar com a senhora, que lhe falava em seu idioma nativo, o quéchua, e brincar com o menino, converteu-se em algo natural. Ao chegar em casa, contou aos seus pais sobre a bela senhora e como apareceu.
Eles não lhe deram crédito, mas resolveram acompanhá-la. Próximo do local, a filha apontou para a colina, exclamando com alegria: “Urkupiña! Urkupiña!” — que no dialeto quéchua significa “já está no cerro!”
Os pais conseguiram ver a distância a Senhora e o Menino. Impressionados, foram imediatamente avisar o pároco e vizinhos em Quillacollo. Quando chegaram todos ao lugar, ainda conseguiram avistar a Virgem e o menino, que logo desapareceram da vista, enquanto subiam ao céu.
Reprodução/Internet A imagem de 70 cm de altura, encontra-se hoje no altar-mor da igreja de Santo Ildefonso de Quillacollo
Admirados, encontraram uma pequena e formosa imagem de Maria Santíssima com seu Divino Filho. A imagem foi transferida para a capela da vila de Quillacollo, onde passou a ser venerada pelas populações indígenas, e já há muito tempo passou a ser chamada de milagrosa, em razão das graças alcançadas por muita gente.
Restaurada por artista boliviano e revestida de trajes de seda, com coroa, joias e enfeites de acordo com gosto hispânico, a imagem, de cerca de 70 cm de altura, encontra-se hoje no altar-mor da igreja de Santo Ildefonso de Quillacollo.
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