PUBLICIDADE

Rio Paraguai supera pico da cheia do ano passado; altura não era alcançada desde 2019

Rosana Nunes em 20 de Abril de 2023

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Cheia do rio Paraguai se dá ao longo de vários meses do ano, caracterizando o lento escoamento das águas no Pantanal

O rio  Paraguai atingiu uma marca emblemática nesta quinta-feira, 20 de abril. A régua de medição do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, do 6° Distrito Naval da Marinha, mostra que a altura do rio chegou aos 3 metros na estação de Ladário. Nível que havia sido alcançado pela última vez em setembro de 2019, mais precisamente nos dias 12 e 13 daquele mês.

A marca é emblemática porque, além de superar o pico da cheia de 2022, pode indicar que a bacia está iniciando um novo ciclo após período de forte seca, quando chegou – em 2021 – à segunda maior vazante da história, com o rio medindo 60 centímetros negativos (-60 cm) nos dias 16 e 17 de outubro.

Boletim do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) mostra que o rio Paraguai apresenta tendência de “elevação gradual em Ladário”. O prognóstico aponta que a previsão de 2,90 metros estimada para este dia 20, foi superada em 10 centímetros. Com o viés de subida, a altura do rio na régua de Ladário deve alcançar 3,28 metros ainda na primeira quinzena de maio (em 11 de maio). 

Em 2019, última vez que a marca dos 3 metros foi atingida em Ladário, o pico da cheia foi de 3,92 metros em 17 e 18 de julho. De lá para cá, a altura máxima do rio Paraguai foi em 30 de junho do ano passado, com 2,64 metros. Em 2021, alcançou 1,88 m em 12 de junho e em 2020 chegou aos 2,10 m no dia 08 de junho.

A estação de Ladário, onde está instalado o Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste do 6° Distrito Naval, é considerada um termômetro para medir o grau de cheia e seca no bioma Pantanal.

A maior cheia do século passado ocorreu em abril de 1988, quando o rio Paraguai atingiu a marca de 6,64 metros na régua de Ladário. Cheia normal compreende de 5 a 5,99 metros. Cheia igual ou superior a 6 metros é considerada como uma cheia grande ou "super cheia".

Vários meses

A cheia do rio Paraguai se dá ao longo de vários meses do ano, caracterizando o lento escoamento das águas no Pantanal. Isso se deve à complexa combinação das contribuições de cada planície cujas lagoas e baías funcionam como reguladores de vazão, acumulam água e amortecem a elevação do nível, durante o crescimento da cheia, e cede água durante a recessão.

Ocorrem enchentes locais em diversas regiões, ao longo do ano, dependendo do regime de chuvas. Na região entre Cáceres e Cuiabá, o trimestre mais chuvoso estende-se de janeiro a março, com ocorrência de níveis d'água elevados em março.

Na sub-bacia do rio Miranda, o trimestre mais chuvoso estende-se de dezembro a fevereiro, com ocorrência de níveis elevados em fevereiro. Em Cáceres, as cheias ocorrem entre fevereiro e março, recebendo contribuições intermediárias a jusante, alcançam Corumbá, entre maio e junho, e Porto Murtinho, entre julho e agosto.

PUBLICIDADE