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Lista que circula em Corumbá incentiva boicote a empresas consideradas "petistas"

Rosana Nunes e Leonardo Cabral em 03 de Novembro de 2022

Reprodução

Partes de conversa de integrantes de grupo

O boicote a empresas de cidades de Mato Grosso do Sul após o segundo turno da eleição para presidente, no domingo (30), também ocorre em Corumbá. Vários estabelecimentos - entre restaurantes, pet shop, lojas de roupas, lanchonetes, espeterias, livrarias, farmácias, lojas de peças de veículos, hotéis, gráficas - foram incluídos e classificados como “petistas”. 

A tal lista, que se intitula Informe Publicitário, se espalhou pelo aplicativo de conversa WhatsApp, por grupos de bolsonaristas, que nominaram os lugares onde não comprar e convocaram "antipetistas" a participarem do boicote. Uma participante de grupo, escreveu: "Meu Deus muita gente dessa lista eu comprava agora já era kkkkk não vai mais ter meu dinheirinho (sic)".

Outra pessoa postou que "quem não concorda é só continuar comprando de petista simples assim! Eu não vou dar meu dinheiro mais pra petista e estou respaldada pela Constituição, pois tenho livre arbítrio (sic)".

A lista pegou comerciantes de surpresa, como Valéria Almeida, dona de pet shop na cidade. “É errado o que estão fazendo, vivemos numa democracia e somos livres para votar em quem quisermos. Não tenho ódio e nem raiva de quem votou em Bolsonaro, eu respeito. Votei em Lula, mas não sou petista. Fiz minha opção e agora sou alvo desse tipo de coisa? Estamos num período de pós-covid, buscando nos equilibrar novamente e só quero trabalhar e viver a minha vida”, disse Valéria ao Diário Corumbaense ao ressaltar que vai registrar boletim de ocorrência na Polícia Civil. 

Outro comerciante, Rodrigo Arruda, que também vai registrar BO e procurar o Ministério Público por ter a lanchonete incluída na lista, considerou a atitude revoltante. "Todos os dias acordamos de madrugada para trabalhar, para ter nosso sustento e agora vem um grupo tentar nos desmoralizar por conta de posição política? Aqui atendemos todos, somos apartidários quando abro meu estabelecimento. Agora, o Rodrigo sim, tomou uma posição, a lanchonete não, aqui atendemos todos. Fazemos nossas ações sociais, damos água para quem tem sede, geramos empregos, renda, pagamos nossos impostos, não é justo que todos nós sejamos tachados dessa forma. Isso não pode acontecer, vivemos num país democrático e livre", afirmou.

Pode ter consequências jurídicas?

Diário Corumbaense perguntou a algumas pessoas da área jurídica sobre a situação. Uma delas disse que "na área criminal não se enquadra como crime, mas pode ser enquadrada como ilícito civil", a lista de grupos bolsonaristas. Outra fonte, considera que se trata de "crime contra a ordem econômica e injúria".  

"Deve-se entrar com uma ação pedindo que a divulgação dessas listas seja cessada nas redes sociais ou entrar individualmente contra quem fez a divulgação por WhatsApp, desde que se achem formas de fazer essa comprovação", destacou outro jurídico consultado.

No Estado, o Ministério Público Eleitoral já recebeu ofícios enviados por alguns municípios comunicando a circulação das listas e informou que vai analisar caso a caso para adotar providências e medidas necessárias. 

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